Conto 6 - Permafrost - parte 2

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Já era meia-noite e ele areava as panelas enquanto Naruto enxugava e guardava cada coisa nos armários. Sasuke preparara lanches para as crianças levarem para a escola no dia seguinte e adiantara o que será o almoço, já que Naruto está bem ocupado com novos designs para cozinhar desta vez. Sempre foi bem natural para eles revezarem nas tarefas domésticas já que ambos trabalham.

Conversavam sobre o que aconteceu pela manhã e riam bastante da forma como Naruto narrava o seu golpe e o soco de Sasuke. Havia anos que eles não defendiam o território. Desde que seus filhos decidiram construir casas por perto - alguns só pelo prazer de ter um cantinho perto do colo dos pais amados -, situações como aquelas se tornaram raras. E no começo era bem comum, pois na condição de espécie territorialista, não é estranho que grupos ou famílias decidam expandir suas fronteiras. Sasuke lembra que em algumas épocas ele dormia contra a porta de entrada munido de uma faca para evitar invasões.

Por sorte, esses dias pertencem ao passado e às boas memórias.

-Você lembra do maluco com a cueca na cabeça?

-Nossa sim! Bem excêntrico. "Vocês estão invadindo!" - Sasuke imitou a voz de um beta muito estranho que entrou na casa de ambos, há 20 anos, usando a cueca de máscara e mais nada no corpo além dos sapatos. - "Abaixem as calças, levantem as mãos".

Naruto ria tanto que tossia. Sasuke deu dois tapinhas nas costas alheias antes que ele se sufocasse. Ele buscou água e bebeu um bom gole antes de rir de novo. Era uma cena hilária.

-Lembra? Eu estava estudando cálculo e o cara praticamente pulou em cima de mim! Eu taquei o livro de cálculo nos bagos dele! - Sasuke ria muito de Naruto reproduzindo a cena, mal conseguia esfregar a panela. - "Ai meus ovinhos". - e fingiu desmaio.

Sasuke estava envergando de tanto rir, chorando e vermelho, tal como Naruto.

-As crianças...! - tentava falar. - Os trigêmeos...! - Naruto assentiu porque sabia do que ele falaria. O maluco da cueca era um caso muito bom de contar. - "Podemos enterrar ele?" bem sérios. - os dois explodiram em risos de novo até não suportarem mais e desistirem de recordar porque se matariam desse jeito. Sasuke enfim terminou a louça e já era uma da manhã. As crianças mais velhas e o segundo par de trigêmeos foram para o cinema e de lá visitariam os avós por parte de Naruto, então só chegam amanhã, bem cedo. Ao fim da limpeza, o casal checou o sono dos caçulinhas.

Eles têm quatro anos e ainda acreditam em Papai Noel.

Vão para os quartos.

-Bons tempos aqueles. Eu era feliz e não sabia. - Sasuke pensa em voz alta. Naruto concordou sem dizer nada, acompanhando o passo cansado do homem ao seu lado. - Boa noite. - disse mecanicamente.

-Boa noite. - respondeu da porta. Separaram-se. O silêncio reinou até as seis da manhã, quando Naruto não achou seus lápis de desenho e xingou Sasuke por ser um alfa incompetente na tarefa de controlar os filhos, que provavelmente deram sumiço neles. As crianças chegaram às sete, atrasadas para a aula, e foi a vez de Sasuke reclamá-los por serem irresponsáveis igual a Naruto. Os ânimos só se acalmaram perto do almoço.

Os gêmeos caçulas estavam na escolinha e os outros avisaram entre si que não era bom visitarem os pais antes das três porque eles "estão naqueles dias".

Sasuke varria a casa. Geralmente usa o aspirador de pó, mas como Naruto tentava criar alguma coisa para o alfa construir - e ele fora suficientemente exemplar em terminar todas as encomendas até quinta de manhã para desfrutar de um fim de semana sem trabalho na carpintaria -, a vassoura era mais silenciosa.

Naruto ficou na sala para ver se a mudança de ambiente ajudava a sua cabeça, mas sem seus lápis, parece que tudo no papel era de péssima qualidade.

-Oh seu corno! Vem cá! - era Sasuke. O ômega estava pronto esganá-lo quando chegou ao seu escritório. O alfa segurava a vassoura numa mão e o estojo azul com uma cara sapinho na outra, é nele que Naruto guarda seus melhores lápis. Sasuke arqueou as sobrancelhas. - Embaixo da porra do seu rabo.

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