Perspectivas

Conto 7 - Romeu e Julieta - parte 1

Uma fic para comemorar o dia dos namorosos

A história deste mundo foi escrita com sangue dos dragões e dos homens.

Impérios se ergueram pelo seu poder e por este mesmo poder, caíram.

Mentes se perderam para a ganância e perderam quem estava com elas.

Este mundo, muito tempo depois que grandes dinastias chegaram ao fim e os governos perderam suas fronteiras para mega corporações econômicas, foi tomado pelo inacreditável.

Gangues dominam grandes porções de terra, de oceano e de céu. Criadas por amigos, por inimigos, por familiares e por estranhos, este grupos se espalham pelo planeta dominando-o nesta nova ordem. A Ordem dos Dragões. Quem possui dragões controla seu próprio reino. Esta raça primordial e de natureza criptozoomágica desafia a compreensão humana ao ressurgir ninguém sabe como e ninguém sabe de onde. Apenas está neste planeta e aqui permanecerá, pois é soberana.

E os homens e mulheres que conseguiram criar laços profundos com tais bestas recebem as coroas dos antigos reis depostos e degolados, as faixas de presidentes assassinados, controlam os povos que se curvam ao poder das bestas, como ditadores ou bons senhores.

A degradação pelo dinheiro, pondo um abismo imensurável entre ricos e pobres, fez o velho jeito retornar entre a sociedade: a honra humana pela palavra é o que há de maior valor a oferecer. Se a sua palavra for a última coisa que lhe restar no fim, você ainda terá o mundo inteiro. Os dragões, embora não falem em linguagem humana, sabem que aqueles cuja honra continua inabalável mesmo nas horas mais sombrias e desgraçadas são os mais dignos do poder.

Constroem laços de profunda amizade, confiança e lealdade, que se enroscam na alma até a morte e mais além. Os dragões dividem seus corações, suas mentes e suas existências com aqueles que escolheram para cavaleiros e rejeitá-los implica num preço mais alto do que a morte. Como os homens, os dragões estabelecem suas próprias hierarquias de grandeza e poder e dominam uns aos outros, mas não matam e nem humilham por motivos mesquinhos. Estão para além destas questões fúteis e fugazes, pois sabem que mesmo os mais poderosos precisam dos seus parentes menores.

Um dragão conhece a gratidão, o amor e o anseio, sentimentos quase perdidos neste mundo estranho, sem tantas cores naturais e tomado por luzes artificiais e máquinas consumidas pela sujeira e pela podridão de séculos de hipermodernização. Eles sabem e sentem, assim reconhecem quem daquela hoste torpe de seres caçando meios de sobreviver entre canos de esgoto e arranha-céus iluminados ainda são humanos. Humanos como os dragões precisam e querem que eles sejam. Um dragão também conhece o egoísmo, a ganância e a prodigalidade, posto que também buscam os corações que lhe saciem suas vontades, pois um dragão amará o ouro com paixão e doença.

O ouro do dragão é aquilo que ele mais quer e jamais cederá até que obtenha.

Algumas pessoas são assim: anseiam pelo seu ouro de dragão e farão tudo por ele.

Sasuke Uchiha é assim.

Naruto Uzumaki é assim.

Ambos procuraram e, ao encontrar, defenderam seu ouro com paixão e obsessão, pois num mundo onde eles nasceram com nada além da própria palavra, não aceitarão que tirem deles o que conquistaram com tanto ardor e tanta dificuldade.

Eles moram em distritos opostos da cidade porque são senhores de dragões territorialistas e líderes de gangues rivais há tantas décadas quanto seja possível lembrar. Herdaram as chefias dos seus pais e de suas mães e carregam sem reclamar e com capricho o dever que lhes foi conferido. Sempre que os membros das gangues se encontram, é certo de um conflito violento acontecer e muitas baixas serem contadas no dia seguinte. Não há nada que ninguém possa fazer, pois nenhuma das instituições do antigo mundo funcionam como antes, todas devem favores às corporações ou às gangues.