Conto 6 - Permafrost - parte Final

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Eles ainda conversavam sobre as coisas que ouviram e aprenderam na terapia daquele dia sem se importar com a hora porque decidiram se dar folga no dia seguinte. Foi um pequeno acordo sussurrado entre um beijo e um olhar que revivia a paixão da juventude. Sim, eles foram intensamente apaixonados. Sasuke mandava flores, mensagens carinhosas, aparecia sem qualquer aviso para roubar um beijo, dizer algum elogio, sussurrar "apenas queria te ver". Naruto abraçava a cada vez que encontrava o marido, acordava mais cedo apenas para admirar as feições dele dormindo, aprendera a cozinhar as comidas favoritas e criava coisas inspiradas na personalidade de Sasuke. Com dizem seus filhos mais velhos sobre eles, "um era o grude completo do outro".

-O que acha que deu errado com a gente? - Naruto indagou ao abrir o zíper da camisa do marido, tirar o cinto que prendia a calça grossa para lidar com o frio e empurrou a mão para dentro, deixando-a lá. Sasuke trouxe seu loiro lindo para mais perto de si a fim de manter o cheiro ao alcance do seu nariz, porque, como sussurrou em algum momento, é apaixonado pelo perfume de Naruto. - Onde foi que ao invés de descermos a ladeira, nós capotamos?

-Acho que depois do último parto. Quando fizemos as cirurgias para infertilidade. Você ficou bem abalado por muito tempo. Teve até Depressão Pós-Parto. - Naruto buscou colo e achou, parando de afagar o membro alheio para abraçar o marido e encontrar o acalento de que precisa. Não gosta de tocar neste assunto. Os ômegas geralmente se mantêm férteis até depois dos cinquenta, mas, segundo seu médico, Naruto extrapolou o saudável com tantos partos e alguns deles sendo de múltiplos.

Por muito tempo achou que perdeu o seu valor e sua importância, porque sempre que engravidava e paria, Sasuke dedicava-se devotamente desde a concepção até o fim da amamentação aos cuidados e às necessidades do ômega como poucos alfas nesta região. Por conta disso, passou a se afastar, achando que ele não o queria. O terapeuta o ajudou a perceber que o desprezo começara por uma interpretação errônea de como Sasuke reagiria ao fato de que não podem ter filhos.

-Em algum momento você achou que eu fiquei menos ômega por que não podia te dar filhos?

-Nunca. - foi sincero como só Sasuke Uchiha consegue ser. - Mas achava que me amava menos porque precisei tomar medicação para repor o que eu perdi com a cirurgia. Como se eu fosse doente ou me tornado um alfa fraco. Incapaz de cuidar de todos vocês. - Naruto negava sincero.

-Nunca, nunca. Eu sempre confiei em você. Confio mais em você do que em mim. - deu-lhe um beijo com gosto de desculpa e perdão pelos enganos sinceros. Os dois começaram a rir com os lábios colados. - Houveram outras coisas, não é? Desgaste, trabalho, as crianças na faculdade... - Sasuke assentiu com pesar. - Belo par de cabeças ocas que nós formamos, hein?

-Nem me fale. - arrumou alguns fios loiros meio brancos, deslizou o polegar pelos lábios rosados e sorriu quando Naruto chupou a pontinha. - Eu realmente achei que te perderia para a depressão e, depois, para o desprezo. Você não foi só o primeiro amor da minha vida. - Naruto sabe que não é o grande amor, porque é a carpintaria, e nem o único porque Sasuke ama cada um dos seus filhotes. - É o meu melhor amigo. - a mão voltou para dentro da calça.

-Sou grato por nunca ter me deixado. E desculpa nunca ter tido isso em voz alta. Sem a rede de apoio que você criou para mim, acho que eu não teria voltado. - acomodou-se de maneira preguiçosa, apertando e afagando a ponta com o polegar. Sasuke enfiou sua mão que contorna e dá apoio ao corpo colado ao seu, banhado pelo brilho rubro-dourado da lareira, dentro da calça alheia e ficou dedilhando a entrada macia e começando a ficar molhada. - Eu não teria nada sem você.

Naruto soltou um suspiro apaixonado quando Sasuke pegou sua mão e deu um beijo na aliança, onde essas palavras foram gravadas. Sem parar as carícias, os dois se beijaram de novo. Fazia tantos anos que não ficavam assim, apaixonados e grudados, sem procurar limites para os seus carinhos. Sentiam muita falta disso. De um pouco de dengo, um pouco de ousadia, um pouco de paixão sem freios. Ao sentí-lo escorrendo lubrificação natural, um traço de boa saúde - pois se ele ainda libera essa secreção mesmo após a cirurgia, é porque seu corpo envelhece lenta e agradavelmente -, enfiou um dedo para prepará-lo.

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