Conto 5 - Acaso - parte 2

914 128 43
                                    

~ Cap. 4 - Uma descoberta de Um Milhão de Dólares ~

O amor de Naruto por seu icônico bibliotecário não surgiu de repente, como a mágica do primeiro amor de alguns romances, foi uma semente plantada com cuidado na terra e que cresceu lentamente em boa terra. Tudo começou numa noite chuvosa na qual Naruto não queria ir para casa e não se sentia tranquilo para caminhar. Ele só queria alguém para lhe ouvir, ou alguém que não lhe olhasse como se ele fosse um erro criado pela natureza e sentado nos degraus da biblioteca, ouviu as correntes serem presas e passos pararem bem ao seu lado.

A chuva parou porque um guarda-chuva ficou sobre si e ao olhar para cima, deparou-se com o olhar de um homem calmo que não faz perguntas desnecessárias. Ele lhe levou para dentro da biblioteca, lhe deu uma toalha para se secar, um pouco de leite morno com bolachas e ouviu tudo o que Naruto tinha a dizer, deixando claro o quanto era paciente por trás dos óculos quadrados. O bibliotecário o acompanhou até sua casa e só foi embora quando teve certeza que não haveriam mais lágrimas de dor ou de tristeza, apenas a calmaria após.

No dia seguinte, Naruto o levou para almoçar como agradecimento, de modo que assim começou uma curiosa amizade entre os dois. Ele era atencioso consigo, oferecia leite morno com bolachas quando o motorista saía um pouco mais tarde da biblioteca e passou a lhe recomendar boas leituras para passar o tempo, as quais sempre debatiam quando o livro era devolvido. Ao longo de um ano neste ritmo, Naruto via naquele homem discreto que usa suéteres e paletós marrons o seu "príncipe encantado" porque não esperava um romance de livros, mas algo real.

Sasuke lhe convidou por duas vezes para jantar num restaurante muito charmoso, no dia do aniversário de Naruto, que não tenha ninguém para comemorar consigo, e no Ano Novo. E essas duas vezes se repetiram nos anos seguintes até a presente data, como uma tradição especial entre os dois, e quando Naruto se deu por conta aquele bibliotecário, cujo rosto e as mãos eram as únicas partes conhecia, fazia parte de suas fantasias sexuais. Não, não fazia. Dominava-as. Mas temia que saber mostrar a verdade sobre si mesmo para Sasuke pudesse estragar a boa amizade entre os dois, o pouco em que os sentimentos de Naruto se sustentavam.

Em todos os livros que lia, os amigos terminavam juntos e os segredos eram aceitos, mas naquela cidade onde todos se conhecem, onde não há espaço para mistérios, onde ele é apenas o motorista particular de um homem cuja fortuna não se calcula, Naruto achava pouco provável que tenha um final feliz como o do livro que lê agora.

Há dois meses, todas as sextas, ele vai buscar aquele homem ruivo de olhos azuis na casa de muro de pedra e o tal sempre se demora alguns minutos lhe observando, como numa avaliação. Levou um tempo para encaixar todos os detalhes que notou em seu patrão e no seu convidado ilustre, naquela relação e na forma como O Chefe se sentia na segunda de manhã. É uma relação de dominador e submisso, provavelmente. Pela sua experiência pessoal, Naruto supõe que O Chefe é o submisso, geralmente homens numa posição grande de poder precisam perder um pouco do controle e entregá-lo a outra pessoa, então não lhe admira que seja assim.

Naruto observou o homem sair da mansão da mesma forma que entrou, impecável e elegante em seu caminhar enquanto carrega sua mala. Abriu a porta do passageiro e o deixou entrar. Estava prestes a tomar seu café quando ele apareceu, então apenas o apoiou no local apropriado, perto do livro que lia desta vez, e dirigiu para o lar dele. O ruivo mexia em seu celular com a mesma postura de um empresário cheio de negócios e assuntos importantes, muito sério para um domingo à tarde.

Assim que chegou, um mordomo já esperava seu patrão na calçada e o ruivo não desviou o olhar do aparelho mesmo depois de Naruto anunciar que chegaram ao abrir a porta. O homem saiu e pediu que esperasse, pois tinha uma encomenda para O Chefe. Não demoraria. Naruto pegou sua bebida e seu livro para ler e se distrair. Desde que começou aquela leitura específica, maquinava um plano para convidar Sasuke para sair num encontro, depois de tanto tempo de amizade é possível.

PerspectivasOnde histórias criam vida. Descubra agora