vinte.

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Point of View: Maya.
[🦋]

Dei a última volta na frente do espelho, respirando fundo. Nunca fui insegura com entrevistas, mas pra essa eu estava, muito. Até porque se não passasse, teria que recalcular toda minha rota.

De novo.

Respirei fundo mais uma vez, dessa vez no ônibus, apesar que estava repetindo esse movimento já tinha um tempinho.

A única coisa que me distraia no momento era a música e bufei assim que ela parou, dando lugar ao toque de ligação.

Maya: Oi amiga.

Ayla: Oi meu amor. Já saiu?

Maya: Acabei de pegar o ônibus. Você já chegou?

Ayla: Acabei de chegar. Boa sorte, viu? Perai, Guzman está perturbando pra falar aqui.

Sad: Irmãzinha!! Boa sorte. Vai mandar muito bem.

Maya: Obrigada irmãozinho. Eu amo vocês.

Sad: A gente também... Dona Maya, você ta nervosa?

Maya: Eu? Não, estou tranquila.

Sad: Irmãzinha, eu te conheço.

Oscar: Passa aqui.

Sad: Que passa aqui o que, tô falando, tá cego?

Oscar: Tô, agora me passa.

Sad: Mas que caralho - Segurei o riso.

Oscar: Ninã...

Maya: Oz...

Oscar: Três dedos abaixo de pulso, polegar no meio dos tendões e massagem circular. - Sorri. Ele tinha me ensinado esse exercício pra toda vez que tivesse crise de ansiedade, anos atras.- No mais, boa sorte, você é foda e essa vaga já é sua.

Maya: Obrigada Oz. Eu... Obrigada. - Suspirei.

Oscar: Eu também. - Dei um sorrisinho, olhando pra janela. Ô orgulho.

Ayla: Dois intrometidos, enfim, boa sorte amiga, te amamos.

Maya: Obrigada gente, eu também amo muito vocês. Estão fazendo churrasco sem mim?

Ayla: Bom, eu e o Sad estávamos, o que o Oscar tá fazendo aqui já não sei, aparentemente é namorado do meu namorado.

Sad: Marido. - Pude sentir daqui ela revirando os olhos.

Ayla: Passa aqui quando voltar.

Maya: Passo. Tá chegando meu ponto amiga, beijo, te amo. - Ouvi ela mandar beijo antes de dar sinal.

Desci e enquanto caminhávamos até a galeria, ia fazendo a massagem no pulso junto com exercício de respiração.

Cheguei no horário exato, respirando fundo mais uma vez e abrindo a porta.

(...)

Sai da galeria com a cabeça trabalhando mais que nunca, travando assim que dei de cara com o Chris.

- Garoto, você fica dando volta por aqui na intenção de me encontrar?

- Talvez? - Riu. - Eu moro há duas quadras daqui, então acho que se tem alguém de perseguição aqui, não sou eu... - Gargalhei.

- Vim fazer entrevista.

- Na galeria?

- Isso.

- Na curadoria?

- É, como sabe?

- Desconfiei. Mas e aí??

- Passei! - Dei um suspiro aliviado, enquanto ele sorria.

- Perguntei só pra ter certeza, não tinha dúvida. - Me abraçou. - Precisamos comemorar, né?

- Muito, quando?

- Agora ué, vamos almoçar. Se você puder, claro.

- Por enquanto ainda tenho as tardes livres, mas você que me surpreende..  Ah, esqueci que é filhinho de papai. - Ele gargalhou.

- Vamos logo, vai. - Passou o braço em volta do meu pescoço, atravessando a rua. Andamos alguns quarteirões e entramos em um restaurante descoladinho, mas que cada prato valia meu rim.

- Sabe que eu literalmente acabei de passar, né? Ainda não recebi o salário. - Ele riu.

- Eu convidei, né? Tirando que é de parabenização, fica em paz. Sei que você gosta de comida diferente, vai curtir as daqui.

- Já babei em metade do cardapio. - Ele riu.

- Seu pai cozinhava? Ou você que ia experimentando nos restaurantes da vida mesmo?

- Quer mesmo saber?

- Quero, com o peito aberto. - Rimos.

- O Oz... O Oscar gosta muito de cozinhar, desde que eramos mais novos. E ele gosta exatamente de pratos não tradicionais. Na real, gosta de pratos não americanos. Ele fazia e eu era a cobaia. Assim que fiquei chata com comida. - Ele arqueou a sobrancelha.

- Não imaginava que ele cozinhava.

- Não tem cara, né?

- Nem um pouco. Ja eu, não sei fazer um frango.

- Confesso que quando meu pai era vivo, era mais acomodada, porque o cabron também cozinhava muito bem. Mas depois que fui pra minha avó comecei a levar jeito.

- Na marra, né?

- Demais. - Rimos. - Ela ficou inconformada que não sabia cozinhar, aí não queria decepcionar, né? - Ele riu.

- Tem foto dela? Fico curioso com esse lado da sua família.

- Tenho. - Sorri, pegando o celular, entrando na galeria e começando a mostrar as fotos que tirei com o pessoal da família do meu pai. Passamos boa parte do almoço falando sobre isso e era bonitinho ver ele todo interessado.

Tentamos desviar, mas após terminar os pratos acabamos pedindo um drink, só pra fechar. Em meio às risadas e histórias contadas de ambos os lados, reparei que em diversos momentos ele desviava o olhar pra algo, ou alguém, que estava atrás de mim.

Assim que levantou pra ir no banheiro, não aguentei e olhei, vendo um cara que comia aparentemente sozinho. e era pretinho também, um pouco mais velho e vestia roupa social, era uma gato.

Chris saiu do banheiro e enquanto caminhava, o cara o mediu, disfarçando assim que percebeu que eu o observava.

- Mais um?

- Pode ser. Vou experimentar o seu agora.

- Não vai se arrepender. - Sorriu, levantando a mão pro garçom, mas olhando pro cara de novo. Nós pedimos as bebidas e assim que chegaram, não me aguentei.

- Posso te perguntar uma coisa? Mas é bem pessoal, tudo bem se não quiser falar.

- Claro, não tem essa entre a gente.

- Você é gay?

- Você é gay?

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Delito | Oscar DiazOnde histórias criam vida. Descubra agora