quarenta e quatro.

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Point of View: Ayla
[🌹]

Respirei fundo algumas vezes antes de entrar, abrindo a porta e recebendo o olhar dele, assustado.

- Reina? - Levantou do sofá.

Eu nem respondi, apenas me aproximei e o abracei, enquanto ele devolvia, me apertando forte e cheirando meu cabelo.

Seu coração batia forte, assim como o meu.

- Eu lamento pelo o que aconteceu. Muito! - Nos apertamos mais.

- Tô me sentindo impotente pra caralho. Devíamos ter protegido ela, pelo menos durante essa noite.

- Como se não a conhecessd, né?

- "O dia que precisar de homem pra me defender, não serei mais nada." - A imitou, me fazendo rir fraco. Sentamos no sofá e ele bufou, passando a mão no rosto. - Que merda...

- Ela vai fazer muita falta.

- Muita. Muita mesmo. Só queria voltar no tempo.

- Não tinha o que vocês fazerem, corazon.

- Não nesse. - Girou um pouco o corpo, brincando com o meu cabelo, enquanto eu me arrepiava. - No tempo em que eramos adolescentes. Na real, no dia da nossa formatura, você lembra?

- Pra ter recusado meu pedido de namoro? - Ele gargalhou e eu fiquei feliz por isso.

- Não, essa foi a minha decisão mais inteligente. Mas pra ter fugido daqui com você. É o meu desejo há muito tempo, na real, mas hoje, mais do que nunca, queria voltar pra estar curtindo a vida com você bem longe disso tudo, vivendo em um mundo só nosso. Até se passassemos toda a dificuldade do mundo, seria melhor do que essa vida do caralho.

- É o que eu desejo todo dia. - Encostei as costas no sofá, olhando pro teto.

- Eu seria bem dono de casa, cuidando de tudo depois do trabalho enquanto minha esposa chega do plantão.

- Eu te levando almoço na mecânica nos dias de folga.

- Pra me mimar? Não, e sim vigiar se ia muita mulher concertar o carro. - Gargalhei.

- Eu faria exatamente isso. E com certeza ainda brigariamos por você enrolar pra pedir minha mão. - Ele riu, mas depois suspirou.

- Já teríamos o mesmo sobrenome, quanto a isso pode ficar em paz.

- Guzman, você claramente ia usar a desculpa que já eramos casados desde os 16. - Ele gargalhou.

- Tá, talvez. Mas seria a coisa mais linda ver um anel na sua mão. Ayla Garcia Santiago. - Adicionou o sobrenome dele, me fazendo rir e sentir um frio na barriga.

Não me conformava que sentia tudo isso após todos esses anos. Esse cara me tinha demais.

- Obrigado por ter vindo. - Tombou a cabeça no encosto do sofá, me olhando, enquanto eu fazia o mesmo, olhando em seus olhos.

- Não precisa agradecer. Jamais te deixaria sozinho em um momento desses. - Nossas mãos se procuraram, entrelaçando ao se encontrar.

- É difícil demais ser seu ex. Eu quero e estou tentando te dar espaço mas... Porra, não tem o que dizer, eu simplesmente te amo pra caralho. Ficar perto de você nessa condição é foda, e ficar longe é sufocante.

- Chega a dar uma dor física, né?

- Sim!! Parece que estou vivendo numa eterna sensação de pré parada cardíaca.

- Eu me sinto exatamente assim. - Mas nesse momento, estava batendo mais forte que nunca.

Ele acariciou meu rosto com a mão livre, enquanto se aproximava. Meus olhos percorriam seu rosto, parando nos seus lábios assim que nossas respiração se cruzaram.

Delito | Oscar DiazOnde histórias criam vida. Descubra agora