trinta e dois.

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Point of View: Maya.
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Ele era nojento. A forma de falar, de dar risada, até comendo me dava nojo, e a cada minuto que passava com ele naquela mesa, menos entendia como Clarice se casou com esse cão. 

Ela virava outra mulher perto dele. Calada, ria baixo, falava com calma, totalmente diferente da mulher divertida que estava na mesa com a gente.

Ele estava com o mesmo investidor daquele dia, e tiraram o foco do jantar, que era relaxar, pra falar de negócios com o Chris, que estava zero afim.

Porém, eu estava prestando atenção.

Sr. Carter era dona de uma empresa de diversos shoppings, e Omar apresentou uma proposta, sem o Chris saber, de patrocínio da galeria.

O Chris nunca foi ligado nessa questão burocrática, o foco dele era atrair pessoas que gostassem de arte pra lá, mas ao mesmo tempo, entendia que pra mante-la precisava de investimento e estava começando a ser flexível com isso.

Enquanto o Omar claramente estava interessado no dinheiro, tão interessado que eu tinha certeza que se o patrocínio acontecesse, metade dele seria desviado diretamente pra conta do bonito.

E acompanhar esse desvio de perto pode ser minha deixa.

- Leon, eu não consigo imaginar uma forma dessa parceria ser rentável.

- Desculpa me intrometer, mas... - Eles olharam pra mim. - Sr. Carter, eu tenho que discordar da sua fala. O primeiro benefício é o abatimento de boa parte do seu imposto de renda. Sei que a maioria dos seus shoppings ficam próximos a faculdades e escolas, então atrai bastante o público jovem. E bom, a galeria do Chris é uma das mais modernas do centro da cidade, tanto que muitos jovens vão lá, né? - O olhei.

- Isso, no nosso ultimo levantamento, nossa galeria é frequentada 60% por pessoas entre 15 à 25 anos. - Tocou minha perna, para que eu continuasse.

- O interesse em cultura tem crescido bastante nos últimos anos e o senhor ser um dos pioneiros a investir em uma galeria que está crescendo tão rápido, vai trazer uma ótima imagem pros seus negócios. Além do fato de que, o Chris faz um eventos super legais e sua marca estaria estampada lá, da vez que eu fui encheu bastante, mas acho que ele pode falar um pouco melhor. - Omar me observava atento, com um sorriso ladino, enquanto Chris começava a falar do quanto os eventos enchiam e levavam artistas importantes.

Me segurei muito pra não respirar fundo, enquanto bebia um gole de vinho e fingia prestar atenção na conversa novamente. 

O Sr. Carter fechou o negócio. Na verdade, disse que ia falar com os sócios, mas se interessou, isso que importa. Após isso, ele e Omar se fecharam no mundinho deles pra falar sobre isso, enquanto Chris ficava visivelmente incomodado, e Clarice o dobro.

- Querida, vamos ao toalete comigo? - Ela soltou, segurando minha mão.

- Claro. - O olhei, certificando que o bichinho não estava prestes a explodir. Ele piscou e nós levantamos, indo até o banheiro. Assim que entramos, ela bufou, assim como eu queria fazer. Mas segui segurando.

- Ta tudo bem? - Passei a mão nas costas dela, que estava apoiada no balcão.

- Eu não sei. O Leon me sufoca com esse jeito dele, as vezes sinto vontade de gritar. - Me olhou pelo espelho. - Eu só queria... Respirar. Mas ta tudo bem, desculpa por isso.

Delito | Oscar DiazOnde histórias criam vida. Descubra agora