quarenta e um.

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Point of View: Maya.
[🦋]

Apesar das lembranças ruins, era apaixonada pela minha casa. Talvez nem pela casa, mas pela minha particularidade. Amava ficar sozinha, acordar no meu ritmo, colocar minha música enquanto faço meu café quietinha.

Mas confesso que acordar ouvindo o ronquinho do Juan e com o Oscar abraçado em mim estava tomando o lugar.

Hoje, só rolou o ronquinho do Juan, já que a cama estava vazia.

Levantei com cuidado pra não acordar o bonito e entrei no banheiro, fazendo minhas higienes. Assim que saí, vi ele acordado, agitado perto da porta, ouvindo alguns barulhos vindos da cozinha em seguida.

Abri a porta e Juan saiu apressado, enquanto eu prendia o cabelo, caminhando até lá também.

- Mí amor? - Soltei, antes de virar o corredor, vendo a Maria colocando algumas sacolas na mesa.

- Infelizmente não. - Fez um biquinho e eu ri.

- Bom dia, minha gata. - Beijei a bochecha dela, vendo ela tirar algumas coisas prontas de café da manhã.

- Bom dia, May. A gente teve uma emergência de madrugada e Oscar pediu pra te trazer o café. - Dei um sorrisinho, a ajudando a tirar as coisas da embalagem. .

- Ele querendo comprar minhas desculpas. - Nós rimos. - Tá tudo bem? Aconteceu alguma coisa?

- Ta tudo certo, só chegou bastante mercadoria, então nos juntamos pra planejar como vamos distribuir, onde, quem, enfim, uma chatice, nem vale a pena te contar. Graças a Guadalupe me deram uma tarefa mais importante e estou liberada. - Levantou a sacola, me fazendo rir.

- Então já senta aí pra comer comigo, deve estar morrendo de fome.

- Uma mulher dessas me propondo café da manhã romantico, só se eu fosse maluca de negar. - Gargalhei. - Por Dios, eu tenho que parar com as piadinhas, vai ser dificil de acostumar. - Sentou, enquanto Juan subia no colo dela, recebendo um cheiro no pescoço.

- Ele te contou? - Peguei as frutas, começando a separar as coisas pra fazer um suco.

- Não, mas eu reparei a forma que ele te olha desde aquela primeira festa. Além do mais, ele ficou de cara feia o dia inteiro depois daquele dia que te vimos saindo com o Tequileiro. - Ri pelo apelido do Chris ter pegado. - Esse cara é péssimo disfarçando ciúme. E aí, hoje só concretizei. Ele me chamou de canto todo sem graça, me passando o dinheiro, pedindo pra trazer o café e me fazendo prometer que não perguntaria mais nada. - Rimos.

- Naquele jeito meigo de Oscar.

- Exato. - Ela riu. - Mas quem o conhece de verdade, não tem dúvidas que ele gosta de você. Ele te trata de uma maneira muito bonita.

- Apesar da pose de durão, ele é um amor. - Coloquei as frutas no pote de comida do Juan, e os copos com o suco na mesa, sentando na frente dele.

- Demais. Ele e o Sad foram os únicos que defenderam minha entrada e permanência nos Santos.

- Inclusive, isso é uma coisa que sempre me deixou curiosa. Como você veio parar aqui, mulher? Não me lembrava de mulheres que já fizeram parte.

- Estou fazendo história. - Piscou, enquanto eu ria. - May, minha vida sempre foi uma bagunça. Minha família era toda destruturada, meu pai era, ou é ainda, um homem nojento e minha mãe não aguentou e foi embora, me deixando com ele. Sem rancor, não julgo, acho que foi a única solução que ela viu de se salvar.

- Ele batia nela?

- Muito. Ele tinha problema com bebida e no início, só rolava quando estava bebado. Mas lembro que um pouco antes dela ir embora, era sempre, por qualquer motivo, o cara parecia que tinha um ódio de mulher absurdo. Sendo assim, morava com ele, mas me criei basicamente sozinha, e quando virei adolescente, ficar fora de casa era melhor do que ficar em casa. Estudava durante o dia, de noite trabalhava em um bar, que os caras dos Santos iam quase toda madrugada.

Delito | Oscar DiazOnde histórias criam vida. Descubra agora