NARRADORA
Lisboa, 28 de Novembro de 2015.
Aeroporto
Karen estava com a cabeça apoiada no ombro de Alexandre enquanto eles esperavam o vôo ser anunciado.
A ida para o Rio de Janeiro tinha sido de última hora, quando Karen fora contratada para fazer o figurino de uma apresentação de Ballet.
Alexandre não queria voltar para a cidade natal, ainda mais precisando passar as festas de fim de ano no lugar. E se não fosse por insistência de Karen e Ana, sua irmã, ele teria ficado em Portugal.
Nero passou toda a viagem quase que em completo silêncio, respondendo apenas o necessário quando Karen resolvia conversar com ele.
Quando pisaram em solo brasileiro, ele se viu ansioso para a irmã chegar logo. E realmente não demorou muito para Ana aparecer no aeroporto.
"Ale!" Ana abraçou o irmão com vontade. "Estava morrendo de saudades." Ela beijou o rosto dele.
"Oi, Ana. Eu estava também." Alexandre abraçou ela de volta.
A moça cumprimentou Karen, lhe dando um beijo no rosto e logo estavam indo para o apartamento de Ana. Sem esperança de um dia voltar para a cidade, Alexandre vendeu seu apartamento algum tempo depois de ter se mudado fixamente para Portugal.
Ele tinha voltado para o Rio de Janeiro umas duas vezes no período de cinco anos, mas nunca ficava mais de uma semana. E mesmo querendo negar para si mesmo, ele sabia que tinha medo do que aconteceria se encontrasse Giovanna por ai.
A morena havia sumido da rota, então, ele não fazia ideia de como a vida dela andava. Exceto pelas coisas que Ana contava quando ficava sabendo de alguma coisa.
De algum jeito, Giovanna tinha conseguido tirar Alexandre de sua vida de forma definitiva.
[...]
"Onde a Karen foi?" Alexandre perguntou, meio sonolento, entrando na cozinha da irmã.
Ana o encarou, segurando uma xícara com café.
"Para a entrevista, lembra?"
Alexandre levantou as sobrancelhas, pegando uma xícara para si.
"Verdade. Eu nem perguntei onde era." Ele encheu a louça com o líquido preto e se sentou na mesa com a irmã.
"Uau. Namorado notal mil." Ana brincou e Alexandre revirou os olhos.
"Só não vejo necessidade de vir trabalhar aqui, com tantas opções em Portugal." Alexandre se encostou na cadeira e Ana cruzou os braços.
"Quando foi que você se tornou tão insuportável? Puta merda, a fama subiu para cabeça?" Ana reclamou. "A vida das pessoas não giram em torno da sua, Alexandre. Karen provavelmente estava cansada de olhar para essa tua cara." Ana se levantou, irritada.
Alexandre revirou os olhos.
"Achei que não gostasse dela."
"Isso não tem a nada a ver com o que estamos conversando. O ponto é você querer que todo mundo te apoie, passe a mão na tua cabeça e você não mexe um pauzinho para ajudar ninguém." Ela colocou água na xícara já vazia.
