Capítulo 13

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Eu não fiquei realmente magoada com o nosso "término"; ele era só um crush supremo, alguém que eu achava bonito e em quem acabei me envolvendo.

Na verdade, o que me magoava era estar de volta ao ponto de partida. Ele estava certo: parte da nossa briga tinha mais a ver com Archie. Por que eu ainda tinha sentimentos tão fortes por ele?

Durante a vida, de vez em quando, eu me envolvia com algum garoto, mas nunca sentia que era realmente especial. Com Jhon, foi um pouco diferente; ele mexeu mais com os meus sentimentos do que qualquer outro. Mesmo assim, nosso fim não me deixava tão triste. Nem mesmo suas palavras duras me magoaram tanto quanto o simples fato de... Archie...

Droga, Hanna! Por que está se deixando levar tanto?

Suspirei fundo, tentando afastar todos esses pensamentos enquanto a brisa suave soprava no meu rosto.

—Aí está você. —Aquele sorriso. Droga.

—Como me achou?

—Fui até o seu quarto, mas você não estava. Rebecca até tentou te ligar, mas não atendeu... Como última tentativa, pensei em te procurar no seu esconderijo secreto.

—Esconderijo secreto? —Sorri e chequei meu celular, vendo duas chamadas perdidas da minha amiga. —Estava no silencioso, vou tirar agora.

—Sim... todo mundo tem um lugar pra onde vai quando quer ficar só. E lembrei que já te vi aqui antes. Achei que esse poderia ser o seu.

—E você, tem algum?

—Não aqui. Mas, estando longe de casa, acho que vou usar este por enquanto. Posso?

—Fique à vontade.

Ele se sentou ao meu lado.

—Por que desistiu de sair comigo mais cedo e pediu que seu irmão me acompanhasse?

—Ah, aquilo... Desculpa se fui intrometido, mas estava claro que vocês dois precisavam conversar. E, embora eu quisesse me desculpar por ter te colocado em uma situação ruim ontem, achei que só iria acabar piorando as coisas naquele momento.

—Fato.

—Mas... —Ele fez uma pausa. —Vocês se entenderam?

—Sim —Fixei meu olhar nos arbustos verdes à nossa frente. —As coisas não deram certo entre nós dois. "E talvez não deem certo para nós dois também," pensei.

—Entendi. Devo me sentir culpado? Acho que ultrapassei um pouco os limites, me aproximando tanto de você, não é?

—Relaxa, não ia dar certo de qualquer forma.

Ficamos em silêncio por alguns minutos. Acho que Archie achava que eu estava muito triste. Deixei que pensasse assim, afinal.

—Você também gosta de coisas bregas? —Ele sorriu. —Seu pijama é um tanto, peculiar.

Ele olhava para a calça do meu pijama, que tinha desenhos de alpacas. Eu estava usando um sobretudo, mas as pernas do pijama ainda estavam à mostra.

—Isso não é brega. —bati de leve em seu braço.

—Será que toda ruiva é brega assim? —Ele sussurrou, mas o ouvi.

Engoli seco ao lembrar de como ele costumava me chamar assim quando éramos crianças.

Então ele sorriu, aquele sorriso torto. Droga, por que olhar para ele era tão hipnotizante?

—Eu terei paciência... ainda vou te conquistar.

Mordi o lábio. Será que ele não percebia que já me tinha há muito tempo?

—Não acha que está obcecado por mim só pela semelhança que disse que tenho com sua ex-namorada? —Me fiz de boba e joguei a pergunta no ar. Meu coração deu um salto quando percebi sua expressão mudar.

—Ela não era minha namorada, e não estou interessado em você por causa disso.

—Hum... pensei que ela fosse seu grande amor ou algo assim. —Fiz uma risada irônica, mas era de nervoso.

—"Amor" não é a palavra. O que sinto é nojo. Nojo dela e da família dela. Pensar em vê-la de novo me enoja. —Ele disse aquilo com uma calma assustadora. —Se quer saber, fico feliz que você não seja ela.

Sabe aquela sensação de estar sonhando e, de repente, cair de um lugar alto, como se estivesse em queda livre? Eu me senti ainda pior.

—Podemos parar de falar nela? Realmente não quero tocar mais nesse assunto. —Ele parecia sério, mais do que o habitual. —Você viu as fotos que enviei no fórum da turma? As do nosso trabalho? Queria ter te mandado antes, mas não tinha o seu número. —Archie claramente mudava de assunto.

Que desculpa eu podia dar para sair dali?

—Você poderia me dar o seu número?

—Claro. —Digitei meu número no celular dele, mas, para minha surpresa, meu celular vibrou.

"Mãe."

Um alívio me invadiu. Aquela era minha escapatória.

—Desculpa, minha mãe está me ligando agora. Pelo horário, deve ser importante. —Levantei, sinalizando que sairia para atender a ligação, e ele se levantou junto comigo.

—Se precisar de qualquer coisa, me avisa.

Sorri e fiz que sim com a cabeça, atendendo a ligação e me virando rapidamente, sem nem olhar para trás.

—Mãe?

—Oi, querida, estava dormindo?...

—O que o Sr. Campbell fez de tão errado?

Eu caí no choro. Chorei até soluçar.

        

Tangerina (REVISÃO) Onde histórias criam vida. Descubra agora