Por Trás das Câmeras - Savany

17. fadadas ao fracasso

Ter que me relembrar dos dias que passei em Vegas me causam arrepios sombrios. Só de pensar em mentir para Savannah, meus olhos se enchem em lágrimas, mas dizer a verdade a ela não seria uma boa opção.

Acontece que o meu casamento com Joel deu certo, mas para isso ter acontecido, foi necessário ações de minha parte.

Não foi difícil tentar Joel Pimentel a nos levar à Las Vegas. Eu fiz o melhor papel de recatada que há em mim e deixei claro em nossa viagem à Nevada que não fazia sexo fora do casamento.

Joel passou toda a noite tentando me conquistar com gracejos, beijos na bochecha e apertos na cintura. Eu, como uma boa atriz, dei os meus melhores sorrisos fingindo gostar da situação.

Quanto mais eu me fazia de difícil, mais a vontade dele me levar para a cama aumentava, e isso era ótimo.

Em algum momento daquela sexta, ele se declara dizendo o quão apaixonado estava por mim, dizendo que precisava casar comigo o quanto antes.

Alguns minutos depois estamos um olhando para o rosto do outro em frente ao altar. Ele me promete amor e eu prometo obedecer.

Quando me dou conta, já estou em cima da sua cama, totalmente nua e imóvel enquanto ele me estoca. O sexo não pode ser bom. Me dou conta da burrada que eu fiz quando vejo a falta de preservativo.

Sinto vontade de chorar, então cruzo os dedos torcendo para que não aconteça aquilo que temo.

Na manhã seguinte, Joel me acorda pedindo a anulação.

Suspiro fechando os olhos ao ver a imagem sonolenta de Savannah ao meu lado. Estávamos no quarto em minha casa e desde que eu voltei da viagem, decidimos não tocar no assunto Joel Pimentel.

– Eu senti muito sua falta. - sussurrou com sua voz rouca.

– Já estou aqui a três semanas. - dou um sorriso fraco.

Sinto um vazio imenso dentro de mim por estar mentindo para Savannah.

Minhas desconfianças de uma suspeita gravidez começaram a duas semanas atrás. Fui correndo até Noah implorando por sua ajuda, ele me recomendou um médico em Burbank que sabia manter a descrição.

Fiz o exame e tirei a prova. Eu estava grávida.

Fiquei desesperada pensando na reação de Savannah, então decidi contar apenas para Noah, que lamentou a notícia.

Chorei por um dia inteiro e ainda não havia decidido o que faria.

– Você está estranha, quer me contar algo? - me direcionou seus olhos azuis julgadores.

– N-Não. - fechei os olhos ao notar que tinha gaguejado.

Savannah prontamente saiu dos meus braços e se sentou na cama.

– Okay. Any Gabrielly gaguejando é algo novo para mim. - solta uma risada. - Vamos, solte a bomba.

Respiro fundo e me levanto lentamente me sentando ao seu lado. Savannah ao ver minha face séria, fecha a expressão. Aproximo nossas mãos e a seguro.

– Eu estou grávida.

Savannah desgruda nossos dedos e da uma risada sem humor.

– Você não está falando sério.

– E nem estou mentindo.

Seu corpo quente se afasta do meu deixando um espaço vago na cama. Ela parecia estar atormentada, andando de um lado para o outro e quase arrancando os fios ruivos da cabeça.

– Você não está falando sério, Any Gabrielly! Isso é mentira! - ela dispara apontando seu dedo indicador em meu rosto.

Me levanto tentando tocar seu ombro mas a mulher se afasta.

– Não toque em mim.

– Sav...

– Não! Não me chame assim, Any. Eu a proíbo!

Savannah começar a caçar as peças de roupa que estavam espalhadas pelo cômodo. Abraço meu corpo e suspiro tentando manter a calma.

– Savannah, nós vamos ser mulheres maduras o suficiente e iremos conversar.

– Se você acha que manda em mim está muito enganada. Eu estou cheia dessa história, Any. - bufa virando seu corpo pra mim. - Eu sempre tenho que dar cem porcentos de mim nesse relacionamento e não recebi nem a metade.

– Isso não é verdade!

– Oh, não!? Eu te esperei aqui enquanto você ia para Las Vegas tendo Joel Pimentel para te comer! Você é uma vagabunda!

– Cale a boca! - grito - Você está me ofendendo.

– Any, estamos fadadas ao fracasso. Você deveria saber disso.

– Savannah...

– Não! Eu não quero mais, me ouviu? Acabou, Any. Agora é definitivo.

Suas roupas já estavam todas dentro da mala marrom. Savannah me encarava com fúria.

– Por favor, vamos conversar. - pedi uma última vez.

– Isso não é vida.

Corri e me escorei no batente da porta na intenção de impedir sua passagem, mas Savannah era maior e mais forte que eu, e com passos longos e brutos ela escancarou a porta de madeira quase me fazendo cair no chão com tamanha brutalidade.

– Se você for embora... - solucei. - Nunca mais volte!

Savannah que até então estava de costas para mim, se virou e riu sem humor.

– Sabe Any, eu te amava tanto que cheguei a achar que você era tudo pra mim. - nesse momento ela já estava aos prantos. - Mas com o passar do tempo, eu deixei de acreditar nisso.

– Mentira!

– Diferente de você, Any. Eu não minto.

Largou a mala no chão e se aproximou de mim.

– Se a pessoa certa pra mim é alguém como você, eu prefiro a solidão. - sussurrou olhando nos meus olhos e logo desceu um olhar raivoso para o meu ventre.

– Você tem razão, não somos compatíveis. Eu faço de tudo por nós e você consegue ser egoísta o suficiente para não enxergar isso.

– Não fazemos bem uma a outra então.

– Sim. - disse com a voz embargada. - Não volte a me procurar, Savannah.

– Com todo o prazer.

E em seguida ela pegou sua mala e entrou no carro, olhou pra mim uma última vez e partiu pra longe da casa que uma vez foi nosso lar.

Entrei no quarto e permiti que as lágrimas descessem de vez, eu estava sozinha e não havia motivos para engolir o choro.

Savannah me destruiu com suas palavras. O que ela fizera foi pior do que qualquer agressão física de Charlie. Ela desistiu de nós e do futuro que iríamos construir.

Quando o choro cessou, liguei para Noah o informando sobre minha separação de Savannah e sobre o procedimento que eu iria fazer.

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Feliz ano novo!! Desculpe pelo capítulo meio triste, mas foi preciso.