De volta a Nunca Mais

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POV: Wandinha.

Acordei com os sons dos corvos que estão nos galhos da árvore que fica do lado de fora do meu quarto.

Que som irritante! E terrivelmente bom.

Levantei da minha cama e fui em direção a janela. Abri a janela dando um susto em alguns corvos e olhei para o céu.

O céu está cinza, um cinza bem escuro, e  as nuvens quase pretas estão soltando alguns raios. Ao julgar pelos ventos violentos e pelos trovões, provavelmente vai chover. E concerteza não vai ser uma chuva fraca.

Hoje seria um dia tedioso. Mas só seria mesmo, porque acabo de me lembrar que hoje é o dia que eu volto para aquela prisão juvenil, então hoje não vai ser um dia tão tedioso como eu pensei.

Entro no meu banheiro e preparo uma banheira com uma água bem gelada e cheia de gelo. Dá para alguém morrer congelado nessa água. Por isso já sei que a temperatura está perfeita.

Assim que entro na banheira tento relaxar um pouco. Daqui a pouco tenho certeza que minha mãe vai invadir o meu quarto e vai querer me ajudar a arrumar as minhas coisas que já estão nas malas e prontas para ser colocadas no carro.

Admito que estou surpresa por Enid não ter me ligado naquele troço estranho que o Xavier me deu. Aquele bendito troço, não sei mexer em quase nada. Só sei mexer naquele aplicativo pra mandar mensagens que eu não sei falar o nome.

Não dá nem dois minutos quando o mesmo começa a tocar. Graças aos mortos Enid me ensinou a mudar o antigo toque. Ele era horrível parecia com uma das músicas que a Enid esculta. Eu substitui por algo bem melhor, a música que eu mesma fiz com o meu cello.

E falando na lobisomem, é ele mesma que está ligando.

- O que foi,Enid? - falo coma minha voz séria de sempre.

- Oi pra você também, amiga!! - Diz animada.

- Por que me ligou? - perguntei ignorando sua fala anterior.

- Eu só queria saber se você vai mesmo voltar pra escola hoje. - diz sem deixar a animação de lado.

- Você me ligou só pra isso? Eu já falei que vou. - digo sem muita paciência.

- Sei lá, né. Você é a Wandinha, você faz coisas imprevisíveis. - Ela fala como se fosse óbvio.

- Vou tomar isso como um elogio e vou desligar, você interrompeu o meu banho congelante. - Falo mal-humorada.

- Desculpa amiga! Depois a gente se fala! Beijos tchaaau. - falou rápido e desligou logo em seguida.

Suspiro e coloco o celular na estante do banheiro.

Hoje vai ser um dia longo e cansativo.

*Quebra de tempo*

E novamente eu estava vivendo a mesma cena. Meus pais cantando uma música melosa enquanto trocavam carinhos um com o outro, eu os olhando e rezando para meus ancestrais para que eles parem antes que eu coloque fogo nesse carro e Feioso no banco da frente junto com o Tropeço.

Eu pigarreio alto com a intenção deles pararem. E felizmente funcionou.

- Ah, minha viborazinha você está ansiosa para rever seus amigos? - Meu pai pergunta sorrindo.

- Eu não tenho amigos. - digo fria.

- E aquela menina colorida que passou uma semana lá em casa? Qual é o nome dela mesmo? - Minha mãe pergunta.

- O nome dela é enid, e nós só somos colegas próximas. - falo sem dar muita importância.

- Isso é a mesma coisa que amiga.- Diz feioso se intrometendo.

- Fica na sua antes que eu corte sua língua fora! - digo de forma grossa. Ele apenas dá os ombros e volta à olhar pra estrada.

- Não fique assim minha nuvenzinha de chuva. Esse ano eu tenho certeza que você vai se divertir bem mais do que no seu anterior. Quem sabe até encontre o amor da sua vida.

Assim que ele diz isso ele pega na mão da minha mãe é eles começam a se beijar. Isso é tão repugnante.

Sinto a minha bolsa vibrar e eu tenho certeza que a causa disso é o celular.

Quando abro a bolsa vejo Mãozinha mexendo nele e mandando mensagem para alguém.

Mãozinha! Me dê isso! - ordenei séria.

Ele me entregou o celular parecendo uma criança com medo de levar bronca.

Olhei para o contato que ele estava falando.

"Xavier"

Concerteza ele está bem encrencado.

- Conversamos quando chegarmos no quarto.

Ele apenas acenou e fechou a bolsa.

Meu pai começou a falar alguma coisa mais eu não prestei atenção. Eu só estava interessada na conversa que aqueles dois estavam tendo.

"Oi, vai continuar me ignorando mesmo? Pelo menos você vai vim pra escola?" - Xavier perguntou.

" Desculpa não te responder tinha coisas melhores para fazer. E respondendo sua outra pergunta eu vou voltar sim, admito que estou ansiosa para te ver."

Estava tudo indo bem até a última frase. Eu vou quebrar os dedos dessa mão!

"Nossa você ansiosa para me ver? Tá aí uma coisa que eu não esperava. Bom eu também estou bem ansioso para te ver."

Eu estava determinada a contar para ele que foi o Mãozinha que escreveu a mensagem. Mas quando eu li a última frase eu travei, eu já tinha percebido que ele gosta de mim, mas ele falando que estava ansioso para me ver me trouxe uma sensação desconhecida e que eu não queria descobrir agora.

Então eu só desliguei e guardei o celular e voltei a minha atenção para o meu pai.

- E esse ano minha querida filha, você terá uma ótima surpresa. - exclamou meu pai sorrindo.

- Surpresa?

- Sim, minha pequena assassina. Você só saberá quando chegar na escola, mais aposto até a minha bola de cristal que você vai gostar muito dela.

Minha mãe sorriu satisfeita e começou a falar com o meu pai.

Fiquei intrigada com essa surpresa. Já tive tantas no ano passado, será que preciso de mais uma esse ano?

Poucas horas depois chegamos nos enormes portões de nunca mais.

- Ah, Nunca mais! É só eu olhar para esses portões que já me veem memórias terríveis dessa escola. Não é verdade, Tish?

- Sim, meu amor! Quantas memórias amargas! - exclamou minha mãe com um grande sorriso.

Olhei para os enormes portões. Sem que eu permitisse várias memórias do ano passado me vieram a tona. Tomara que esse ano seja mais tranquilo.

- Sabemos que você não gosta de grandes despedidas, então seremos rápidos. - Diz meu pai saindo do carro.

- Tropeço, leve as malas da Wandinha para o quarto. - pediu minha mãe quando saímos do carro.

Logo veio as despedidas melosas do meu irmão e do meu pai. Minha mãe só falou para qualquer coisa só ligar para ela pela bola de cristal e para eu não tentar fugir que já comunicou toda a família novamente.

Ele se despediu com um beijo à distância e entrou de volta no carro assim como os outros.

Quando Tropeço chegou ele apenas acenou com a cabeça para mim e entrou no carro, o dirigindo para a saída da escola.

Suspirei e entrei na escola.

Por algum motivo estou sentindo que esse ano vai ser tão  agitado quanto o anterior.

Wandinha e Xavier - Mais uma integrante na turmaOnde histórias criam vida. Descubra agora