Via de mão dupla

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David Luiz

— O que nós temos de fato? — lhe perguntei e ela me encarou.

— Bom, é meio confuso. — sentou na cama e riu sem graça. — Eu gosto de estar com você... eu gosto mesmo. Mas ainda tem aquele receio presente no peito, sabe? Eu não queria sentir isso, eu queria poder me jogar de vez em tudo que eu sinto... mas eu não consigo.

— Mesmo eu provando e demonstrando para você que eu quero mudar tudo, e te fazer ver que o David do hoje não é o mesmo David do passado? — sentei na cama de frente para ela, e a encarei melhor.

— Sim... e não pense que eu não tenho visto o seu esforço. Mas, David, não é fácil! — ela respirou fundo e me olhou. — Eu estou ao seu lado e me sinto bem, mas eu me sinto bloqueada quando se trata de ter algo além... me desculpa, pode me achar uma escrota, ou falar "você não era assim"... mas eu preciso de um tempo para me acostumar novamente.

— Eu achava de verdade que eu estava me saindo bem, e que nós dois iríamos conseguir superar o que passou... — respirei fundo.

— Eu sinto muito, David... eu juro que estou tentando. — ela falou baixinho. — Por mais que eu adore está perto de você, ainda sinto um bloqueio ao pensar em um relacionamento sério.

— Eu não consigo entender, Amanda... — falei pacificamente e a vi respirar fundo impaciente.

— O que você não entende?

— Nós vivemos assim: sempre juntos, a gente rir, saímos juntos, transamos... nós vivemos como se fóssemos um casal. — falei com toda sinceridade. — Você dorme noites aqui, acordamos juntos algumas vezes da semana. Mas ainda sim, você se diz insegura em começar um novo relacionamento comigo. Podemos ficar mais velhos, mas você ainda vai se sentir assim...

— Eu achava que seria mais fácil, eu achava mais fácil eu te perdoar, a gente se envolver e tudo ficar certo. — ela disse visivelmente chateada e se levantou da cama. — Acha que eu esqueci cem por cento de oito anos atrás? O meu bloqueio é por causa disso!

— Amanda, por favor... senta aqui. Vamos conversar. — falei ao ver ela reunir suas coisas. — A conversa não deveria tomar esse rumo!

— Eu sinto muito, David! Mas eu não fico aqui mais um minuto. — ela colocou o casaco do Flamengo por cima do pijama que vestia.

— Você está de cabeça quente...

— Por isso mesmo que eu prefiro ir pra casa. — ela falou séria e abriu a porta do quarto.

Ela saiu dali, e eu fiquei desesperado. Não achei nenhuma bermuda por perto, então saí do quarto de cueca mesmo, e quando cheguei na sala Amanda estava abraçando Isabelle, esta que reprovou como eu estava vestido.

— Você não precisa ir embora, Amanda. — falei nervoso, então Amanda respirou fundo e se aproximou de mim.

— David, a gente conversa outra hora, está bem? — ela tocou em meu rosto delicadamente, e deu um beijinho em minha bochecha. — Eu realmente preciso ficar sozinha.

— Está muito tarde para ir sozinha. Deixa eu te levar em casa. — falei já afinando a voz e vi Belle se segurar para não rir.

eterno • david luiz (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora