Capitulo 1 - O Estranho - Parte II

999 64 14
                                    

- Oi! Jack, tudo bem?

- Mais ou menos, fui a um bar ontem com uma garota, ficamos lá a noite toda, bebi além da conta e acordei com uma baita dor de cabeça, passei o dia todo na cama hahahaha.

Ele dá uma gargalhada e se arrepende na mesma hora, sua cabeça ainda está doendo.

- Foi muito legal, me esbanjei. Mas e você? Tudo bem?

- Perda de tempo e de neurônios. Estou bem obrigada.

Eu não gosto dessas distrações, só nos fazem ficar mais vulneráveis.

- Não é não, se divertir às vezes faz bem à saúde. Aliás você devia fazer isso de vez em quando.

- O que? Beber a noite inteira e no outro dia não conseguir nem abrir os olhos direito?

- Não, sua boba. Se divertir, de vez em quando é bom. Há outros modos de se divertir.

- Sair para beber para comemorar o que? Se divertir com quem? Você vive em encontros, sinceramente não gosto de ficar de vela.

- Não precisa ter motivos e você pode me chamar sempre que quiser.

- Tudo bem, chega dessa conversa, vamos trabalhar? Por favor.

- Tudo bem, não precisa se estressar.

- Eu tenho que ir até aquele clube, no centro, o Blubell, tenho certeza que tem algo errado nesse clube.

- Você acha que é um grupo de vampiros?

- Com certeza. Andei rastreando e parece que é um grupo dos grandes, faz tempo que não vejo tantos vampiros assim juntos. Esses vampiros estão mais evoluídos, mas vou caçar cada um deles até o ultimo.

- Então você vai adorar essa belezinha aqui.

- O que é?

- Munição ultravioleta. Quando em contato com a pele de um vampiro ela libera esse liquido que irradia luz ultravioleta, é morte na certa.

- Ótimo, posso usar na próxima ronda?

- Com certeza.

A hora passa voando quando se está concentrada.

- Vai precisar de mim? Senão vou indo, tenho um encontro hoje.

- Pode ir, também já estou indo.

- Cuidado quando estiver indo embora, nunca se sabe quando eles podem estar esperando em uma esquina qualquer.

Jack como sempre se preocupando por nada, eu sei me cuidar.

-Eu sempre tenho. Se cuide você também e vê se não bebe todas hoje, amanhã temos muito trabalho.

- Pode deixar. Tchau Lisy.

- Tchau Jack.

Matar um vampiro ou lobisomem não é tarefa fácil, no caso dos vampiros você tem que corta a cabeça, estaca no coração também funciona ou só a luz do sol, com essa munição ultravioleta vai facilitar as coisas para mim.

Despedi-me de Jack e fui para casa.

Minha casa era o único lugar onde eu me sentia eu mesma, o tio Harry tinha me deixado de herança, ele também me deixou uma fortuna, aliás era assim que eu financiava toda missão e o armamento, me sustentava, pagava as contas e os funcionários, ele tinha me deixado uma empresa de investimentos, eu só ia lá para assinar alguns papeis, o restante ficava por conta dos administradores que trabalhavam para ele. Eu não precisava me preocupar com nada.

Minha casa era uma mansão, tinha uma sala grande com o meu tesouro mais precioso, que foi deixado pela minha mãe, meu piano. O piano foi à única coisa que eu voltei pegar na casa antiga do meu pai. Um piano de cauda preto, eu me esqueci de mencionar eu toco piano, ou pelo menos, tocava, faz um tempo que deixei de tocar, mas o piano ainda estava lá. Quando estava em casa e queria relaxar ou estava muito triste eu tocava, assim eu podia viajar nas minhas lembranças de infância, onde eu era feliz, mais ultimamente nem o piano tem me feito ficar melhor, estou muito cansada dessa procura inútil, não consigo achar nenhuma pista do paradeiro dos vampiros que assassinaram meu pai e isso me deixa com muita raiva.

Minha casa é meu santuário, depois da sala onde fica o piano, no andar de baixo tem um grande salão onde eu uso como local de treinamento, na sequencia tem a cozinha que é o meu segundo lugar favorito, e os demais cômodos, subindo as escadas do hall de entrada tem um quarto, no qual eu guardo um verdadeiro arsenal, ali ficam minhas armas de caça, várias pistolas, munição, e as armas que eu mais gosto, duas espadas, Katanas de prata, lindas, pertenceram a um samurai há muitos séculos, chegou até minha família dada pelo próprio samurai a um descendente meu muito antigo, desde então passado de pai para filho, adoro lutar com elas, o estrago que elas deixam é surpreendente. Depois desse quarto tem mais três quartos seguindo o corredor, o último é o que eu uso para dormir, o lugar é bem normal, eu só guardo um punhal de prata que ganhei do tio Harry e uma pistola, guardo os dois embaixo de meu travesseiro. Minha casa, tirando a parte do armamento, é bem normal.

Ali eu posso ser eu mesma e não preciso esconder meus medos.

Eu treino todo o tempo que tenho disponível. Mas mesmo todo o treinamento que eu faço mesmo meu dia sendo tão cheio, eu não consigo ter uma noite de sono tranquila, desde o dia que meu pai morreu, eu tenho pesadelos quase toda noite. Dormir com essas coisas na cabeça não era tarefa fácil, mas eu tinha que descansar, porque eu iria ter um dia bem cheio. Fui tomar um banho quente, sempre me relaxa ficar debaixo da água quente, deixar a água levar toda aquela energia sombria do dia. Depois do banho fui dormir, fiquei muito tempo rolando na cama até conseguir pegar no sono, mas dormir não significa esquecer ou descansar, às vezes era até pior. Meu sono é sempre cheio de pesadelos com lobisomens, não consigo entender, eu nunca tive problemas graves com eles, não tenho motivos para temê-los.

Um detalhe que ainda não contei e considero de longe o mais esquisito, é que eu tenho instintos incomparáveis, sou mais rápida que a maioria das pessoas, tenho reflexos surpreendentes, sou bem mais forte que uma pessoa do meu tamanho, consigo sentir o cheiro de um vampiro e qualquer outro imortal de longe, e quando eu fico com muita raiva parece que eu não vou conseguir me controlar e vou sair matando tudo e todos, eu nunca falei isso para ninguém, nem mesmo para o Jack, eu já tenho um nível de esquisitices bem alto na minha vida, contar isso, só iria piorar.

Depois do pesadelo acordei muito nervosa, perdi totalmente o sono eu não conseguia dormi novamente, então resolvi sair e ver se encontrava alguma coisa de estranho. Sai tão distraída de moto que me esqueci de levar qualquer tipo de arma, que vacilo.

Mal cheguei à avenida que levava até a via principal e já senti um cheiro conhecido e que eu não gostava nenhum pouco. Parei no mesmo momento, aquele lugar era muito estranho, um galpão abandonado de ambos os lados eram terrenos baldios vazios, pensando bem era o lugar perfeito para se encontrar com vampiros, estacionei minha moto em uma esquina perto, voltei até o barracão entrei pela porta dos fundos. Ouvi vozes, era vampiros isso sem dúvida. Depois que entrei foi que reparei que estava desarmada.

- O nosso clã está crescendo isso é muito bom, porque em breve vamos tomar as ruas e o mundo do lado de fora, não vamos mais nos esconder, somos uma raça superior e os humanos são somente comida.

Essa voz eu nunca tinha ouvido, mais tinha a sensação que conhecia o cheiro dele, ele parecia alguém muito importante, porque ninguém falava enquanto ele estava discursando sobre a superioridade dos vampiros. Antes que eu pudesse dar meia volta e ir embora, eu não seria louca de enfrentar sozinha e desarmada um grupo desse tamanho, senti o cheiro de um vampiro próximo, tentei sair, mas alguém me viu e me pegaram antes de eu conseguir dar o fora.

A Primeira AlphaOnde histórias criam vida. Descubra agora