Capítulo 3 - Desejos - Parte III

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Meu estomago roncou, eu só comi aquele pouco de cereal de manhã, Lian tentou esconder uma risada, que bom parece que ele ouviu meu barulhento estomago falando com ele. Oh céus! Esse dia não tinha sido constrangedor o suficiente? Chegamos a uma cafeteria diferente da que fomos da primeira vez, estranhei, mas não falei nada, afinal não era tão mais longe assim.

- Lugar escondido você encontrou hem?

- Eu venho aqui desde que eu entrei na faculdade.

Sentamos em uma mesa bem no canto, onde ninguém iria ouvir nossa conversa, nem a garçonete. Eu gostava disso no Lian, ele sabia ser discreto, e nem em sonho ele parecia um lycan. A garçonete pegou nossos pedidos e saiu.

-Então o que aconteceu ontem?

-Por quê?

-Você está com um corte na boca e um machucado no braço.

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Kylian

Essa proximidade com ela quase me fez perder o controle. Quando senti seu cheiro assim tão perto, quando olhei em seus olhos e puder reconhecer o desejo ali estampado, por um momento quase me deixei levar. Mas me segurei, ali não era lugar e eu a queria muito, mas antes precisava contar que ela era minha escolhida, antes disso não iria fazer nada que a pudesse faze-la me achar um idiota. Ter sua boca assim tão perto não facilitava em nada, pelo contrário, só me fazia ficar com mais vontade. Será que ela iria me aceitar como seu escolhido? Afinal ela não era uma lycan, eu não sabia se ela gostava de mim, ainda mais que só nos conhecíamos há dois dias. Melhor mudar o rumo dessa situação antes que eu só consiga parar quando a marcar como minha escolhida.

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- Eu sai para investigar alguns assassinatos que estão acontecendo em um bairro perto da floresta e o Jack estava comigo.

- O Jack é seu namorado?

Ele parecia desapontado quando mencionei o Jack.

-Não, é mais como um irmão, ele está comigo desde que eu cheguei aqui em Londres.

- Que bom.

Continuei contando como se fosse uma coisa comum, ele fazia me sentir segura.

Contei tudo, sem esconder nenhum detalhe.

-Nossa!!!

- O que foi?

- Você é tão...

- O que?

- Fascinante...

- Eu??

- Sim.

- Eu sou apenas a humana aqui, você que é o imortal, bonito e tudo mais. De novo falei isso em voz alta?

- Falou. Mas obrigado. Sinto-me muito lisonjeado com seus elogios.

Seu sorriso era maravilhoso. Fiquei corada e sem graça. Essa minha mania de às vezes perde o foco e sair falando tudo o que se passa na minha cabeça. Como esse lycan passou de uma ameaça fatal a crush em potencial? Espera aí, já estou pensando nele como crush?? Aí não, isso não vai acabar bem.

- Mas você me fascina de um jeito totalmente novo.

-Você também.

-Serio?

-O que?

-Que eu te fascino?

-Eu disse isso?

-Disse.

-Só estava pensando alto de novo.

O que está acontecendo comigo hoje, eu praticamente me declarei para ele.

-Mas então você pensou em mim?

Dei uma risada sem graça quase me engasguei saiu um som quase um ronco o que me deixou mais sem graça ainda. Com essa pergunta tão direta, eu hesite, não podia falar sobre isso assim, de uma forma tão inesperada. Ele não ficou satisfeito com o meu silencio, mas deixou passar.

- Eu entendo.

A tristeza em seus olhos quase me fez abraça-lo.

Tive que me segurar.

- Não é isso, desculpa, mas é claro que pensei em você, eu nunca fui amiga de um imortal e agora tenho você, sinceramente acho maravilhoso isso, mas ainda é tudo novo para mim, e as vezes acabo confundindo as coisas.

- Isso é novo pra mim também. Eu também pensei em você.

- A sua namorada não vai gostar de saber que você está andando comigo e eu não quero confusão.

- Nós os lycans não temos namoradas, até saímos com outras pessoas, mas quando achamos nossas escolhidas, tudo muda. Ela é perfeita para o lycan em questão, a atração é imediata e não conseguimos seguir sem ela. Mas nem todo lycan encontra a escolhida assim tão fácil. É como amor à primeira vista para os humanos, mas para nós é para sempre.

A conversa estava tomando um rumo totalmente louco.

Ficamos em silencio um tempo, então ele mudou de assunto, não sei se estava pronta pra falar mais sobre isso, então fiquei aliviada com a mudança. Conversamos ali horas, estava tão bom que eu não queria que terminasse. Mas já estava tarde, eu tinha que ir embora.

- Eu tenho que ir.

Então lembrei que estava a pé. Ele pareceu notar minha cara de desanimo, porque acrescentou logo em seguida.

- Eu te levo.

- Não precisa me levar, eu vou a pé mesmo, não tem problema.

Fiquei envergonhada, eu em um carro com ele, ficaríamos muito perto, e eu não sabia até aonde ia meu autocontrole.

- Eu te levo, sem problemas, me deixa ser seu herói por mais alguns minutos.

Eu dei um sorriso quando ouvi essa última frase.

- Tudo bem, eu deixo você ser meu herói por mais um tempinho.

Como ele sabia que eu estava sem carro? Parece que ele leu minha mente porque falou logo em seguida.

-Eu vi você chegando hoje cedo, estava a pé e com cara de poucos amigos.

Ele estava me observando, que bom, não era só eu que estava interessada afinal das contas. Quando eu entrei no carro dele fui pega em cheio com o cheiro dele espalhado por todo o carro, eu estava embriagada com aquele cheiro, quase ofeguei. Quando entrei mais cedo para ele fazer meus curativos, todas as portas estavam abertas e eu não estava prestando a atenção, mas agora que estava sentada ali com a porta fechada, o cheiro dele me bateu com toda a força. Ele entrou no carro e ficou a poucos centímetros de mim, uma eletricidade começou a fluir entre nós, quase não consegui conter o impulso de tocá-lo. Fiquei rígida, não queria perder o controle, o engraçado é que parecia que ele estava fazendo a mesma coisa. Ficamos os dois sem falar nada até chegar à minha casa. Eu não queria ir embora, mas ficar poderia me fazer perder o controle, então me despedi.

- Obrigada pelo café, o curativo e a carona.

- De nada, quando quiser estou à disposição.

- Então até amanhã?

- Amanhã é sábado, e vou ter que fazer umas coisas em casa.

- Tudo bem, então até segunda?

- Até segunda.

Ele chegou tão perto antes de se despedir que eu juro que achei que ele ia me beijar e eu estava esperando por isso, mas ele só me deu um beijo no rosto, que decepção. Eu meio frustrada, mas feliz sai do carro e fui para casa, quando ia fechar a porta tive que dar uma última olhada, ele estava me olhando, deu aceno e saiu.

Essa noite, por incrível que podia parecer, eu não tinha tido nenhum pesadelo, pelo contrário, eu dormi tão bem, que de manhã eu não acreditava que tinha dormido tanto. Acordei sorrindo, porque sonhei com ele, foi maravilhoso.

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