- Onde eu estou? - questionou o garoto, olhando ao redor. - Estou em uma igreja? - A atenção dele se voltou para Adri e Draco, com um olhar acusador. - Quem me deixou em uma igreja?
Draco sentiu uma pontada de familiaridade, sua mente tentando lembrar-se de onde conhecia aquelas feições fortes e a voz grave.
- Hã... Bom... Olha... - gaguejou ele, sem saber como explicar a situação. Mas nem teve a chance de chegar ao fim da frase. Os olhos do garoto foram para o colar ainda balançando na mão de Draco.
- EI! - Draco viu a raiva dele crescer, curvando seus ombros e fazendo-o avançar a passos pesados em sua direção.
- Isso é meu... - Ele esticou a mão para pegar o colar de volta, mas seus dedos o atravessaram. O garoto tentou de novo e, quando sua mão o atravessou pela segunda vez, ele parou, confuso, e a moveu para a frente e para trás.
Seus olhos se arregalaram e ele soltou um grito abafado de surpresa, cambaleando para trás.
- O... o que...! - gaguejou ele, olhando da própria mão para Adri e Draco. - Que merda é essa?
- Nossa, que situação - disse Draco, coçando a nuca de nervoso. Adri parecia menos preocupada
- Bem, agora não tem como negar que você é um bruxo - Respondeu ela, circulando o garoto com enorme interesse. Ele a olhou de cara feia.
- Quem é você e o que você tá fazendo com o meu colar? - Questionou ele, encarando Draco em busca de respostas.
- Bem, hã, eu o usei para invocar você - disse Draco. O garoto arqueou uma sobrancelha escura.
- Me invocar?
- É, nós achamos que fosse do Timothy - Qual era a maneira mais gentil de contar a uma pessoa que ela estava morta?
- Nosso primo - explicou Adri. O garoto não parecia interessado em saber quem era Timothy.
- É meu - insistiu ele com um rosnado. - Tem meu nome aí, tá vendo? - disse, a mão aberta para receber o objeto. Draco virou a medalha e viu um nome gravado atrás. Ele hesitou.
- Ah. - As delicadas letras cursivas diziam Harry Potter. Os olhos de Draco se arregalaram, voltando ao rosto do garoto. - Ah.
Harry Potter. Ele conhecia Harry Potter. Ou melhor, sabia quem ele era. Tinham estudado juntos no ensino médio. Era uma escola grande, com mais de dois mil e quinhentos alunos, mas Harry tinha certa reputação. Ele matava muitas aulas, mas, quando estava vagando pelos corredores, era difícil não reparar nele. Era o tipo de pessoa que chamava a atenção de todos, sem precisar se esforçar. Harry falava alto, nunca levava nada a sério e era conhecido por se meter em encrencas. Ele era difícil de ignorar, atraente de uma maneira severa, com um rosto em formato de diamante, um queixo fino e teimoso e uma voz afiada que parecia atingir a todos.
- Como assim... "invocar"? - perguntou Harry de novo. Ele estava encarando as palmas transparentes, virando-as como se estivesse tentando resolver um quebra-cabeça.
- Você por acaso sabe como chegou aqui? - disse Draco, tentando ter um pouco mais de tato. Harry o olhou irritado.
- Não! Só me lembro de estar andando na rua com meus amigos... - Ele olhou em volta, como se esses amigos fossem estar em algum lugar da antiga igreja. - Então alguma coisa... alguém.. - Ele franziu a testa. - Aconteceu? Sei lá, eu só lembro de apagar, talvez eu tenha sido atacado ou algo assim - Harry esfregou o peito, distraído. - E aí, do nada, eu estou nessa igreja com vocês.
Alguns instantes se passaram antes de os olhos de Harry se arregalarem subitamente.
- Eu morri, né? - O tom feroz havia sumido, sua voz soou fraca. - Eu... tô morto? - Draco assentiu levemente, constrangido.
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Cemetery boys - Drarry
FantasyㅤEle estava sem saída, Draco concorda em ajudar Harry e, em contrapartida, ser apoiado na busca pelo espírito de seu primo recém-assasinado. Assim, ambos sairão ganhando. Ou é o que ele espera. ㅤNo entanto, quanto mais tempo Draco passa ao lado de...