capítulo 14 - Despedidas.

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- Você... você desapareceu! - Draco encarou Harry, com medo de piscar e ele sumir novamente. - Aonde você foi? - Harry pulou da cama.

- Eu... eu não sei! - balbuciou ele. Harry começou a se contorcer, tateando o próprio corpo, olhando seus braços e pernas.

- Você estava sangrando. - A voz de Draco estava tensa de pânico, e ele odiou soar tão assustado, estar tão assustado. Harry apertou a mão no peito e arfou, como se ainda pudesse sentir.

- Mas por quê? O que houve? - Draco revirou seu cérebro, tentando se lembrar de tudo que sabia sobre espíritos, mas era difícil se concentrar. Só via o rosto contorcido de Harry e o flash de seu peito ensanguentado.

- Quando... quando espíritos ficam muito tempo no mundo dos vivos, quando eles começam a se tornar malignos, às vezes eles revivem suas mortes - disse Draco.

- Alguém me esfaqueou? - perguntou Harry, seu rosto fantasmagórico mortalmente pálido. - Eu levei um tiro?

- Mas você morreu ontem - argumentou Draco. Ele passou as mãos pelo cabelo, tentando pensar. Alguns espíritos se tornavam malignos mais rápido do que outros, mas só havia passado um dia. - Não devia estar acontecendo tão rápido. - Harry se sentou pesadamente na beira da cama.

- Não sei o que foi isso, mas não quero que aconteça nunca mais.

- Isso não é nada bom. - Os olhos preocupados de Harry encontraram os dele.

- O que isso significa?

- Significa que nosso tempo está acabando. - Foi impossível dormir.

Draco ficou na beira da cama, deitado de lado para poder ver Harry em seu saco de dormir no chão. Mia Casso se aninhou atrás de seus joelhos. Harry estava de costas para ele, mas não havia como ele estar dormindo, certo? Toda vez que Draco começava a cair no sono, voltava a despertar no susto. Não parava de rever Harry caído, de olhos revirados, o sangue escorrendo da ferida que deve tê-lo matado. O que deveria fazer? Draco ouvira falar de espíritos revivendo suas mortes quando estavam prestes a se tornarem malignos, mas nunca tinha presenciado um caso. Seus pais sempre o protegeram disso. Quando espíritos do cemitério se tornavam malignos, bruxos habilidosos eram mandados para lidar com isso o mais rápido e humanamente possível.

Draco tinha centenas de perguntas, mas nenhuma forma de respondê-las. A história bruxe era passada por tradições orais, não havia uma enciclopédia onde pudesse pesquisar a questão. E ele não podia perguntar a ninguém por que um espírito ficaria maligno tão rapidamente sem levantar suspeitas. Não, não tinha ninguém a quem pudesse recorrer. Teriam que lidar com aquilo. A ideia de libertar Harry à força, como ameaçara fazer naquela primeira noite, era impensável agora. Harry só precisava aguentar um pouco mais. Se pudessem encontrar o corpo dele, talvez encontrassem o de Timothy e os dos outros que haviam sumido. Se Draco pudesse se provar para todo mundo, então teriam que deixá-lo participar do aquelarre.

O prazo do Día de Los Muertos estava se aproximando. O Halloween seria em dois dias, e à meia-noite o primeiro dia do Día de Muertos começaria.

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Quando seu despertador tocou de manhã, Draco já estava acordado. Ele esperou, observando Harry se sentar.

- Dormiu bem? - perguntou ele.

- Estou começando a achar que fantasmas não dormem - respondeu Harry com um sorriso fraco.

Ele parecia cansado, claro, mas não era só isso. Havia um olhar vidrado em seu rosto. Uma vigilância intensa. Harry olhou para Draco enquanto ele se arrastava da cama e ia até o armário.

Cemetery boys - DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora