capítulo 17 - Finalmente um bruxo.

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Quando Draco e Harry voltaram ao cemitério, a garoa já havia virado chuva. O moletom de Draco estava ensopado e os jeans colados estavam começando a irritá-lo. A água entrara no binder, deixando-o apertado e congelante, roubando qualquer calor do seu corpo. Seu cabelo estava uma bagunça. Gotas de água gelada escorriam dos fios e respingavam na nuca. Enquanto corriam pela rua, os coturnos de Draco espirravam água das poças.

- Cuidado - sussurrou Draco enquanto atravessava o portão o mais silenciosamente possível. - Meu pai está fazendo o turno no cemitério hoje à noite. - As nuvens escuras mergulharam o mundo na noite assim que o sol se pôs. Harry não tinha falado muito no caminho de volta, e Draco odiou isso. Seus papéis pareciam invertidos enquanto Draco tentava preencher o silêncio que Harry havia deixado. - A gente só precisa de um novo plano - disse ele, buscando soluções e palavras de incentivo para animar Harry a voltar a falar. O rosto dele estava tenso, com vincos profundos na testa. Draco só queria saber o que ele estava pensando. - Você está bem? - perguntou ele enquanto passavam por entre as lápides. As pedras escorregadias refletiam as luzes da rua, dando a tudo um brilho sinistro.

- Estou ótimo. - Foi a resposta seca de Harry, nem se dando ao trabalho de olhar em sua direção.

- Você não parece ótimo - devolveu Draco, passando os dedos pelo cabelo molhado em um gesto ansioso, mas ele não parava de cair de volta em seus olhos. - Ainda está chateado com aquilo do seu padrinho? - Harry parou subitamente e franziu a testa para o cemitério. Draco agarrou as alças encharcadas da mochila. Harry tinha todo o direito de ficar bravo; ele não o culparia por isso.

- Eu posso tentar falar com meu tio, ver se ele nos ajuda. Quer dizer, ele viu meu talismã, então ele sabe... - disse Draco, esfregando os braços arrepiados enquanto tremia debaixo da chuva. Harry sacudiu a cabeça, frustrado, e voltou a caminhar em direção à casa, sem sequer ouvir as sugestões, seus olhos varrendo as lápides e tumbas coloridas. Draco o seguiu, angustiado para fazer Harry lhe dar ouvidos. - Olha, eu sei que estraguei as coisas, mas ainda acho que... - irritado, Harry se virou para olhá-lo.

- Malfoy! - Mas então ele congelou, o olhar vidrado.

- O quê? - A palavra saiu de seus lábios como uma nuvem. Um arrepio correu sua coluna, vibrou em seus dentes. Não, Harry não estava olhando para ele. Estava encarando algo além dele. Draco se virou e se viu cara a cara com um homem. Ele arfou. Seu primeiro pensamento foi que tinham sigo pegos - alguém os vira, vira Harry, e sabia agora que Draco estava escondendo um espírito e ia contar ao seu pai. Mas então ele reconheceu a camisa cor de vinho. O chapéu de palha. Foi tomado por alívio.

- Cacete. Puta merda, Snape... - Ele se forçou a rir. - É só o Snape. - Ele olhou de relance para Harry, mas a postura do garoto ainda estava rígida. Seus olhos claros arregalados em alerta. - Tá tudo bem, ele é... - Mas Draco se interrompeu ao se virar para Snape. Algo estava errado. Ele se deu conta subitamente.

Snape não parecia bem. Ele estava perfeitamente imóvel, sua tesoura de jardinagem na mão. Sua amada camisa da Venezuela estava cheia de manchas escuras. Sua pele estava inchada e cinza. Seus cabelos escuros deixava seus olhos em sombras escuras. Então Draco sentiu o cheiro. Um cheiro terreno e pútrido. Snape abriu a boca - abriu demais, como se sua mandíbula estivesse solta. Ele respirou fundo, de um jeito ruidoso. Seus dedos inchados se apertaram em torno das alças da tesoura, que rangeram como se estivessem enferrujadas.

- Draco! - gritou Harry. Ele não teve tempo de fazer nada além de ofegar antes de Snape levantar o braço e mover a tesoura em sua direção. Draco tentou se afastar, mas tropeçou nos próprios pés e caiu com força de costas, perdendo o fôlego. Esperou sentir o aço enferrujado afundar em seu peito. Em vez disso, ouviu uma colisão de corpos, seguido de um grunhido alto. Tossindo, Draco rolou para o lado, tentando recuperar o fôlego, sentindo gosto de lama.

Cemetery boys - DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora