capítulo 10 - Acontecimentos no parque.

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Quanto mais se afastavam de casa, mais inseguro Draco ficava sobre aquele plano. O trânsito da tarde mantinha as ruas cheias, e o ar, repleto de sons de buzinas, sirenes e caixas de som brigando pela dominância. Mas à medida que seguiam os trilhos do trem, as estradas principais começaram a se desobstruir, até que os ruídos do trânsito fossem apenas um zumbido a distância. Trilhos vazios se estendiam diante deles.

O caminho estava cheio de garrafas quebradas, pacotes de fast-food e guimbas de cigarro. Donatello e Michelangelo se divertiam cheirando o lixo e Adri tentava, em vão, impedi-los. Um homem de jaqueta preta larga, com as mãos enfiadas no bolso, começou a andar em direção a eles, mas, quando viu Donatello e Michelangelo, atravessou a rua e os encarou intensamente enquanto eles passavam.

- Se formos assaltados ou sequestrados por uma gangue, eu vou ficar bolada - disse Adri. Draco riu, mas isso não aliviou a tensão em seus ombros.

- Anotado. - Harry parecia indiferente à tarde abafada. A luz dourada que atravessava o céu e se espalhava contra os muros dos edifícios não o tocava. Em vez disso, ele estava lavado em azul-baço, a cor do crepúsculo.

Harry acelerou o passo até que Adri e Draco tivessem que correr para acompanhá-lo. Donatello e Michelangelo trotavam, suas enormes patas batendo contra o pavimento.

- A gente tá perto? - perguntou Draco.

- É logo ali na frente! - Draco enfiou o colar de Harry para dentro da camisa. Não queria ter que pensar em uma explicação se os amigos dele notassem.

- Aqui, aqui, aqui! - Harry acenou freneticamente para eles enquanto corria para o lance de escadas que guiava a descida dos trilhos.

- Espera! - gritou Draco atrás dele, sendo dominado pelo pânico enquanto seguia Harry. Por sorte, Harry parou no topo da escada, mas estava pronto para descer, uma das mãos já no corrimão.

- O que foi? - perguntou ele.

- Qual é o plano? - disse Draco, as mãos inquietas.

- Plano? - repetiu Harry, fazendo uma expressão confusa.

- É, tipo, o que a gente fala pra eles? - Harry gesticulou casualmente:

- Nada, eu só quero saber se eles estão bem!

- Hã. - Adri se juntou a Draco. - A gente não pode chegar ao esconderijo dos seus amigos e ficar, tipo, "Oi, só vim ver se vocês estão bem!", e ir embora - disse ela. Draco assentiu às pressas. Ficou muito grato de ter outra voz da razão ao seu lado. Harry resmungou, como se planejar fosse um enorme inconveniente.

- Eu te digo o que falar na hora!

- Espera, tipo Cyrano de Bergerac? - perguntou Draco com um riso sarcástico. Harry pareceu confuso.

- Hã... é.

- Você nem sabe quem é, né? - perguntou Adri. Harry bufou.

- Sei! - Ele definitivamente estava mentindo.

- Esse plano não funcionou muito bem pra ele, então não acho que vai funcionar pra gente - argumentou Draco, mas Harry já não estava prestando atenção.

- Blá-blá-blá! Vai dar tudo certo! - insistiu ele, já virado para as escadas, se remexendo. - Bora, eles estão logo ali!

- Potter! - sibilou Draco, mas era tarde demais. Harry já estava na metade da escada quando Draco o alcançou. Desceu o mais rápido que pôde, tropeçando apenas uma vez quando seu calcanhar raspou em um degrau irregular.

Na base das escadas, ele virou a esquina para encontrá-lo no túnel de concreto sob os trilhos. Grama crescia pelo pavimento rachado e água escorria pelas grandes pilastras. O chão se inclinava para cima nas duas pontas, encontrando a parede do arco.

Cemetery boys - DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora