capítulo 3 - Um novo espírito.

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No andar de baixo, todos os bruxos já tinham saído para ajudar a procurar Timothy. Lita tinha voltado a trabalhar na cozinha e um punhado de mulheres rodeava Bella. Elas os ignoraram de bom grado enquanto Adri e Draco saíam correndo pela porta da frente. O cemitério bruxe ficava bem no centro da área leste de Londres, cercado por um muro alto que o protegia de olhos curiosos. Draco conseguia ouvir os cachorros latindo à distância e o baixo de um reggaeton estourando de um carro de passagem.

Eles passaram por alguns bruxos ainda procurando por Timothy.

- Achou alguma coisa? - perguntou um dos homens mais velhos.

- Nenhum sinal dele perto dos mausoléus da família também - disse o espírito de uma jovem bruxa. Havia um olhar preocupado, porém determinado, em seu rosto espectral.

- Qual é o plano? - perguntou Adri, suas pernas longas acompanhando com facilidade o ritmo de Draco. Ela se movia por entre as lápides, tomando o cuidado de não pisar nos vasos de flores e nas fotos emolduradas.

- Achar o talismã de Timothy, conjurar seu espírito, descobrir o que aconteceu e libertar seu espírito antes do Día de Los Muertos começar - disse Draco enquanto começavam a correr pelas fileiras de tumbas pintadas de cores brilhantes. - Assim ele pode voltar para celebrar com o restante dos bruxes, e eu posso participar do aquelarre desse ano.

- Hum, tem muitas falhas no seu plano - disse Adri.

- Eu não disse que era um plano bom.

- Aonde estamos indo procurar?

- Na casa dos pais dele.

Estava óbvio que os bruxos não estavam tendo sucesso em encontrar Timothy no cemitério, então a casa onde ele vivia era o próximo lugar lógico onde procurar. O modo mais rápido de chegar lá era pelo portão abandonado dos fundos, na parte mais antiga do cemitério.

Quanto mais se aproximavam do cemitério original, mais antigas as tumbas e lápides ficavam. Quando a antiga igreja surgiu à vista, eles já estavam rodeados por uma coleção de lápides simples em formato de cruz. Na maioria delas não dava mais para ler os nomes. Draco e Adri diminuíram o ritmo até parar. Estavam em frente à antiga igreja.

Aqueles bruxes que tinham primeiro imigrado para Londres construíram apenas uma pequena igreja e um cemitério. Mas à medida que a comunidade crescia, o cemitério cresceu também, e, por fim, a igreja original ficou pequena demais para todo mundo. Umas duas décadas atrás, enfim a nova igreja fora construída, junto com a casa de Draco.

Em comparação, a antiga igreja parecia uma ruína velha. Vinhas selvagens tinham tomado posse das paredes de pedra nos fundos da igreja, dando ao prédio um subtom de verde sombrio e denso. Não tinha muitos postes de luz por perto, mas ali era Londres, onde o sol parecia nunca se pôr. A poluição pesada e as luzes da cidade davam um brilho laranja a tudo, até no meio da noite.

A igreja em si era feita de pedras de todas as cores e formatos, unidas com argila. Havia uma pequena torre de sino no telhado, diretamente acima da porta de madeira, que não parecia abrigar mais sino algum. Uma pequena cerca de arame na altura da cintura cercava a igreja. Algumas lápides se enfileiravam no cemitério particular.

- Olha ali. - Draco cutucou Adri e apontou para o muro dos fundos. Tinha um furo no véu de hera, bem no ponto onde ficava a antiga entrada do cemitério. Draco não conseguiu reprimir um sorriso enquanto rodeava a cerca para chegar ao portão.

- Viu? - Draco afastou um punhado de hera do caminho. As barras de ferro assomavam sobre eles. Duas maçanetas e uma fechadura robusta eram as responsáveis por manter qualquer pessoa não bruxe do lado de fora, e seus segredos seguros. - Atalho! - Adri assobiou baixinho.

Cemetery boys - DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora