Cemetery boys - Drarry

capítulo 19 - Último dia.

- Eu teria que ir pra escola hoje, e Adri disse que me cobre depois da aula - disse Draco. Contanto que chegasse a tempo para o Día de Los Muertos e para o badalar dos sinos da igreja, ficaria tudo bem. - Então temos o dia inteiro para fazer o que você quiser!

- O que eu quiser? - repetiu Harry, olhando-o desconfiado.

- O que você quiser - confirmou Draco, penteando cuidadosamente o cabelo no estilo que gostava. Ele não se lembrava de ter sonhado na noite anterior, mas ao acordar havia uma dor no peito e um tremor parecidos com os que se tinha após um pesadelo. - Bom, dentro do razoável - acrescentou ele. - A gente não tem tempo nem dinheiro pra voar pro Havaí ou algo assim.

- Tudo bem, eu não gosto de abacaxi e "viajar de avião" nunca foi nenhum grande desejo mesmo. - Harry deu de ombros.

- Você nunca viajou de avião? - Draco não viajava muito; quando iam visitar a família de sua mãe no México, atravessavam a fronteira de carro. Fora de avião até Cuba algumas vezes para visitar parentes distantes de seu pai, mas mesmo assim ficou surpreso.

- Tch, nem pensar! Entrar em um pássaro gigante mortífero de metal? - Harry negou com a cabeça. - É, não, eu passo.

- Bem, você tem um tempinho pra decidir - disse Draco, enquanto enchia a mochila com os itens que iriam precisar mais tarde. - A gente precisa pegar uns suprimentos antes.

- Eu ainda não acredito que você vai matar aula - comentou Harry enquanto se levantava do chão. Ele já estava animado. - Você parece muito careta pra isso.

- Eu não sou careta! - resmungou Draco. Harry levantou uma sobrancelha.

- Você já matou aula antes?

- Não. - Harry sorriu. - Ah, cala a boca Potter. - Draco verificou novamente seu celular enquanto colocava o talismã na bainha, encaixada na sua lombar. Precisaria dele de noite, quando chegasse a hora de libertar Harry. Mas não queria pensar nisso naquele momento; só queria se concentrar em Harry e em seu último dia na terra.

Enviou a Adri uma última mensagem de agradecimento. Ela perguntara duas vezes se podia ir com eles; Draco não sabia se era porque ela queria matar aula ou porque não queria deixá-lo sozinho com Harry. De qualquer forma, estava se permitindo ser egoísta. Colocando a mochila especialmente pesada nos ombros, Draco se virou para Harry:

- Pronto? - Mas ele não precisava ter perguntado. Harry estava elétrico, os olhos brilhantes.

- Com certeza. - Um sorriso malicioso marcou as covinhas em suas bochechas e Draco não conseguiu evitar sorrir de volta.

- Seja discreto - avisou ele. - Ainda precisamos atravessar o cemitério. - Era a manhã de 31 de outubro. A maioria das famílias estava decorando a casa para o momento de doces-ou-travessuras, ou arrumando os filhos para a escola, mas no cemitério bruxe a história era outra.

Ao passar rapidamente entre as lápides, Draco viu homens e mulheres entrando e saindo da igreja e descendo as trilhas de pedra, carregando caixas de velas, bandeirolas e bambus. Os espíritos residentes também estavam por ali, caminhando entre os vivos e conversando animadamente. Havia muita coisa acontecendo, e Harry se misturou facilmente com a multidão, andando a uma distância segura de Draco. Lita estava nas escadas da igreja, gritando instruções e direcionando as pessoas para lá e para cá, como uco maestra. Ela usava um de seus melhores vestidos, branco com mangas curtas e flores coloridas bordadas ao longo da gola e da bainha. Um pesado colar de contas estava em seu pescoço, com um pingente de ouro representando o calendário maia. Pulseiras de ouro e jade chacoalhavam em seus pulsos.

Seu pai estava no portão, apontando as pessoas na direção certa enquanto tentava ajeitar seus cabelos. Ele usava calça social e uma guayabera de manga curta verde musgo, que Draco sabia ser a cor favorita de sua mãe. Ele estava prestes a sair correndo quando seu pai o parou.