capítulo 23 - Fique, fique comigo.

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Draco não queria machucar seu tio, só queria fazê-lo parar. Enquanto Peter estava junto ao cenote murmurando enquanto o sangue pingava na água agitada, Draco olhou para o corpo de Harry. Os fios de fumaça dourada desapareciam rapidamente enquanto a adaga drenava sua vida.

Se quisesse impedir o retorno de Voldemort, se quisesse salvar seu tio, precisaria interromper o ritual.

Draco correu até o corpo de Harry e tentou arrancar a adaga de seu peito, mas antes que pudesse encostar nela, tio Peter o agarrou por trás e o jogou no chão. Draco desabou, uma dor aguda preenchendo sua cabeça.

- Draco! - O espírito de Harry tentou alcançá-lo, mas ele mal conseguia se mover.

- É tarde demais para impedir - disse seu tio, colocando-se entre os dois. Mas de jeito nenhum ele ia desistir.

Draco partiu para cima de Peter com toda sua força, mas ele se desviou com surpreendente facilidade, despreocupado. Recuperando-se, Draco tentou novamente. Desta vez, Peter se virou e o pegou, mal precisando se mexer. Sua mão ensanguentada era um punho de ferro, seus dedos apertando dolorosamente o braço do sobrinho.

Draco tentou se livrar dele. Nunca havia visto um olhar tão raivoso, de violência mal contida, no rosto de seu tio. O amuleto ao redor do pescoço dele brilhava, pulsando com poder; era aquilo que estava influenciando Peter. Estava corrompendo seu tio com a magia venenosa e perversa de Voldemort.

Draco sibilou entre dentes, se encolhendo quando seu tio o sacudiu com força.

- Não me faça te machucar, Draco! - A voz alta ecoou pela caverna. Seus lábios se curvaram para mostrar os dentes. Seus olhos flamejavam, a parte branca contrastando com as íris escuras.

De repente, a coroa de onça foi arrancada da cabeça de tio Peter e saiu voando.

- Não encosta nele! - Peter fez uma expressão surpresa antes de ter a cabeça puxada para trás, então deu um grito de raiva e soltou Draco.

Ele cambaleou para trás e viu Adri segurando tio Peter pelos cabelos.

- Eu vou te encher de porrada seu imbecíl! - gritou ela furiosamente, arrastando-o pelo cabelo para longe de Draco.

Um rosnado monstruoso contorceu o rosto de Peter. Em dois movimentos rápidos, ele afastou a mão de Adri e a agarrou pela garganta.

Com os dentes cerrados, Adri lutou com unhas e dentes, dando pontapés selvagens e arranhando seus braços, golpeando em direção ao rosto dele com um olhar desvairado. Não dava para saber se tio Peter estava lutando com ela ou tentando mantê-la afastada.

Uma raiva quente explodiu na cabeça de Draco. Ele atacou Peter novamente, mas seu tio jogou Adri de lado e deu uma joelhada em Draco, que caiu no chão, gemendo e se encolhendo de dor.

- Dray! - gritou Adri. Ela tentou se levantar, mas suas pernas vacilaram. Harry estava caído perto dela, já quase invisível. Peter respirou fundo. Harry gritou, seu corpo convulsionando.

Os fiapos de fumaça dourada fluíram da adaga quando Peter inspirou. O amuleto flamejava ao redor de seu pescoço. Ele estendeu as mãos sobre o cenote. As chamas lamberam seus dedos enquanto ele continuava a cantar.

O cenote passara de azul-claro a um tremeluzir espesso e escuro. Uma pata, maior do que o tórax de Draco, estendeu-se, seguida de outra. Garras, mais grossas e mais compridas que dedos humanos, se agarraram na borda da poça, estalando contra o solo duro.

Da água escura surgiu a cabeça da onça-pintada. Sangue escorria de seu pelo e de suas presas. Seus olhos eram alaranjados, brilhantes e arregalados. A mandíbula da onça estava bem aberta, e sua respiração era um rosnado baixo e ruidoso.

Cemetery boys - DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora