Epílogo.

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Draco corria pelo cemitério, puxando Harry. A mão de Harry era quente, seu aperto, forte, sua palma, cheia de calos. Ele acompanhava facilmente o ritmo de Draco enquanto corriam para a igreja por entre as lápides.

Draco o olhou por cima do ombro e Harry abriu um sorriso de orelha e orelha e apertou sua mão. Draco deu uma risadinha enquanto o apertava de volta. Ele estava ali, era real, e Draco aproveitava qualquer chance de agarrá-lo.

O aquelarre estava prestes a começar. Demorara um tempo para responderem às perguntas da polícia e serem liberados do hospital. Harry se recusara a se afastar dele, e com tanta ferocidade que Draco sentiu o rosto ardendo.

Mas Sirius também não queria sair de perto do afilhado, o que era compreensível, considerando o que acontecera da última vez que ele tirara os olhos dele. Quando Sirius começou a fazer perguntas demais e Harry se recusou a dar mais explicações, o pai de Draco interrompeu a discussão. Ele explicou que haveria uma cerimônia importante na igreja e que Harry era mais do que bemvindo. Depois disso, prometeu levar o garoto para casa. Sirius ficou desconfiado; não entendia por que Harry estava tão envolvido em um evento religioso em uma igreja, mas, por fim, cedeu.

Draco suspeitou que foi mais porque Hermione já estava praticamente dormindo em pé e Gina, Oliver e Ron não paravam de reclamar de fome. Mesmo sem entender todo aquele segredo, eles ainda faziam qualquer coisa por Harry.

Os dois atravessaram o portão aberto e o caminho enfeitado de calêndulas até a igreja. Draco parou logo antes da porta. Vozes e risadas ecoavam lá de dentro. Parado no meio dos degraus, Harry se virou para Draco.

O coração de Draco batia forte. A adrenalina que corria por suas veias o deixava tonto. Estava nervoso. Entusiasmado. Queria irromper pelas portas da igreja. Seu coração queria explodir. Além daquelas portas, sua mãe, seus antepassados e seu povo o esperavam, aguardavam para receber qualquer bruxe que tivesse chegado à idade da cerimônia de iniciação. Esperavam para lhe dar as boas-vindas.

- Pronto? - perguntou Harry, com um olhar curioso em seu rosto incrivelmente bonito.

- Não - confessou Draco, a voz tensa. Harry sorriu.

- Faz mesmo assim. - Draco soltou uma risada, aliviando a tensão. Ele segurou a frente da camisa de Harry e o puxou para um beijo. Quando se afastou, Harry ainda procurou sua boca, com um sorriso atordoado.

- Mais tarde. - Draco riu, empurrando o rosto dele e subindo o restante dos degraus.

- Mais tarde quando? - perguntou Harry, correndo atrás dele. - Muito mais tarde, ou mais tarde tipo me-arraste-paratrás-da-igreja-em-cinco-minutos? - Draco riu enquanto atravessava as portas abertas. - Uau. - Harry suspirou. A igreja estava cheia de bruxes e de luzes brilhantes.

Diferente dos espíritos comuns, bruxes que voltavam para o Día de Los Muertos tinham uma aura dourada. E quando os espíritos retornavam à terra dos vivos, eles podiam tocar seus entes queridos.

Draco passou pelas pessoas, seguindo em direção ao altar da igreja, vendo as famílias reunidas, conversando, rindo e se abraçando. Havia sorrisos, lágrimas e beijos. Pais que tinham perdido os filhos, amantes separados pela morte e amigos havia muito falecidos se reencontravam em celebração.

Draco tentou não chamar atenção enquanto andava pela multidão, mas cabeças começaram a virar, seguidas de olhares surpresos e sussurros.

- Tudo bem - disse ele, puxando Harry. - Eles só não estão acostumados com pessoas de fora.

- Hã, não estão olhando para mim, Dray. - Harry sorriu. Draco franziu o cenho. O que ele queria dizer com isso?

Olhou em volta. Não, não estavam olhando para Harry. Estavam olhando para ele. Draco se retraiu com a atenção repentina, cambaleando. Bruxes apontavam e esticavam o pescoço para olhá-lo melhor.

Cemetery boys - DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora