- O quê?
- Você precisa me libertar - repetiu Harry, calmo. Draco odiou ouvir isso. Ele forçou uma risada.
- Você não quer dizer agora, né? - Não tinha como ele estar falando sério. Harry desviou o olhar e brincou com o rabo de Mia Casso.
- Não tem motivo para esperar. - Draco ficou atônito.
- Você quer dizer agora - disse ele, em tom de descrença.
- Meus amigos vão ficar bem - argumentou Harry, dando de ombros. - Paes aceitou que eu fui embora e não vou voltar.
- Mas você... você... - gaguejou Draco. Harry engoliu em seco e umedeceu os lábios.
- Eu já estou sentindo isso acontecer - disse ele, sua voz baixa, derrotada. - Como se estivesse perdendo o controle de mim mesmo. - Ele encarou as próprias mãos e as flexionou em punhos, depois as relaxou novamente. - Não sei, talvez eu sempre tenha sido ruim, e agora estou sendo dominado...
- Isso não é verdade - disse Draco, bravo, odiando como sua voz soava estrangulada.
- Eu não quero me tornar um monstro...
- Você não vai! Eu não vou deixar! - insistiu Draco, mesmo que, na melhor das hipóteses, aquilo fosse apenas boas intenções. Ele não tinha nenhum controle sobre Harry se tornar ou não maligno. Harry balançou a cabeça.
- Eu só arrumo problema para todo mundo, inclusive você...
- Claro que não! - Draco se retraiu assim que as palavras escaparam, raivosas. Ele lançou um olhar nervoso para a porta. Se continuasse gritando, alguém o ouviria do andar de baixo, mas precisava fazer Harry mudar de ideia, precisava fazer ele ficar. - Você ouviu o que meu pai disse. Não quer ficar para ver meu aquelarre? - Harry soltou o ar.
- Você precisa me libertar. - Dracol não suportava a calma e o sangue-frio que ele estava tendo. Queria que Harry lutasse. Que ele discutisse, que ficasse bravo ou qualquer coisa. Aquele Harry estava muito seguro, muito calmo. Ele abriu um sorriso triste e reservado. - Eu quero ir antes que algo ruim aconteça, antes que eu machuque alguém de quem eu gosto - disse Harry. Ele mordeu o lábio inferior, como se estivesse segurando a língua, mas depois balançou a cabeça. - É melhor assim. Todos ficarão melhor...
- Pelas barbas de Merlin, não aguento mais ouvir você falar isso! - explodiu Draco. Harry ergueu os olhos, surpreso. - E se você acha mesmo que qualquer pessoa na sua vida está melhor sem você, então você é mais estúpido do que parece, Potter - Harry fez uma carranca, as narinas dilatadas, mas Draco não se importou. Pelo menos substituiu aquele olhar terrível e derrotado. - Você faria qualquer coisa pelos seus amigos, certo? E eles fariam qualquer coisa por você também. Você acolhe pessoas e as protege, é o seu jeito! E seu padrinho também! Vocês dois são muito protetores, e deve ser por isso que brigam o tempo todo...
- Draco...
- Só dois idiotas que não sabem conversar sobre o que sentem, então brigam e discutem! - rosnou ele, jogando as mãos para cima.
- Um final tranquilo - disse Harry. - Você prometeu...
- Eu não prometi merda nenhuma - rebateu Draco, se sentindo petulante. Harry suspirou e passou a mão pela cabeça raspada.
- Você queria se livrar de mim no primeiro dia, lembra? - Draco cruzou os braços e o encarou com raiva. Sim, ele lembrava, mas aquilo não contava mais. - O acordo era você me ajudar a ver se meus amigos estavam bem e depois eu te deixaria me libertar, pra você mostrar a todo mundo que é um bruxo, certo? - Ele baixou as mãos para o colo. - Estou fazendo o que você quer, eu vou voluntariamente deixar você me libertar, Draco. Não vou discutir. - Mas Draco queria que ele discutisse. Ele não conseguia entender isso? - Era o que você queria, né? - insistiu Harry.
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Cemetery boys - Drarry
FantasyㅤEle estava sem saída, Draco concorda em ajudar Harry e, em contrapartida, ser apoiado na busca pelo espírito de seu primo recém-assasinado. Assim, ambos sairão ganhando. Ou é o que ele espera. ㅤNo entanto, quanto mais tempo Draco passa ao lado de...