The Rain | Capri

Capítulo 7.

                                  Maratona.
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Pov Priscila Caliari.

Acordei pela manhã e fui direto para o estúdio no centro da cidade.

Presumi que eu não teria que trabalhar na loja de vestidos hoje, já que Carolyna havia escolhido a foto para a capa da revista e, até o momento, não havia feito nenhum contato pedindo para que eu fosse ao seu encontro.

Quando cheguei ao estúdio, notei que Clara já
estava lá me esperando.

- O que faz aqui tão cedo? Caiu da cama? -
brinquei, indo até a mulher para abraçá-la.

- Você disse que viria cedo, então tive que acordar junto com as galinhas. - ela me abraçou de volta.

— Você, indiretamente, acabou de me chamar de galinha? — soltei-a e fingi estar ofendida.

- Entenda como quiser, ruiva. - ela piscava
tranquilamente com um sorriso cínico estampado em seu rosto.

— Por que ainda somos amigas? - perguntei.

— Porque eu sou maravilhosa e você me ama. - ela jogou o cabelo por cima dos ombros. - Vamos, preciso te contar algumas coisas.

Fomos até o andar de cima do estúdio, onde ficava o pequeno escritório de Clara e a sala escura, onde fazíamos o trabalho de revelação de fotos.

- Adivinha quem vai fazer a cobertura completa da festa de comemoração anual da Borges Enterprise pelo quinto ano consecutivo? - Ela se jogou na cadeira estofada atrás de sua mesa, bufando.

- O Times? - perguntei arriscando um palpite.

- Sim! O Times! Eu não admito isso, Pri! EU
NÃO ADMITO!

Fechei os olhos. O ódio escorria de suas palavras.

A Borges Enterprise estava na lista das 10
empresas americanas com maior lucro do mundo e, como de costume, todo meio de ano patrocinava uma festa em comemoração ao marco na história da empresa.

Antes de Clara ficar noiva, ela namorou um dos jornalistas mais famosos do The New York Times. Na época, ela e Luccas eram apenas amigos e as festas da Borges Enterprise ainda não eram tão conhecidas. Com o tempo a empresa foi crescendo e Clara, como uma boa fotógrafa e publicitária, viu ali uma oportunidade de fazer seu trabalho crescer.
Compartilhou com o então, atual namorado, a sua ideia de oferecer divulgação para a empresa em troca de um bom contrato e, depois de muita insistência, ela conseguiu com que Luccas arranjasse uma reunião com o próprio Otavio Borges.

Até hoje não sabemos como, mas de alguma forma, o ex-namorado de Clara conseguiu fazer com que ele mesmo se encontrasse com Otavio, roubando a ideia da minha amiga, apresentando-a como sua e conseguindo assinar um contrato milionário entre a empresa e o jornal.

Clara tentou recorrer à justiça, mas de nada
adiantou, porque quando se tem uma grande
quantia em dinheiro sendo oferecida pelo lado
oposto ao seu, fica difícil calar a ganância daqueles que supostamente deveriam cumprir a lei.

Desde então, toda vez que o meio do ano se
aproxima, Clara fica irada, revoltada e com sede de justiça para que algum dia a verdade possa ser revelada.

Por ocupar um dos mais importantes cargos dentro da empresa, Luccas sempre comparece aos eventos e, em todos eles, ele convida a noiva para acompanhá-lo, mas Clara sempre escolhia sair com outros amigos, vulgo eu, para beber.