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Sem revisão

Assuero

- Onde está a tal garota? - perguntei para Nelson.

No dia anterior tinha me avisado que ela viria conversar comigo. Só que até o presente momento não havia chegado e detesto atrasos.

- Ela me garantiu que chegaria no horário. Deve ter acontecido alguma coisa.

- Ou ela é apenas irresponsável!

Me recusava a ficar aqui esperando por ela. Estava me preparando para ir embora quando uma velha caminhonete apontou. 

- Deve ser ela. - disse Nelson.

Ao descer do carro, percebi que era a mesma mulher que tinha quase atropelado alguns dias atrás. Usava uma calça jeans apertada que moldava seu belo corpo, uma camiseta preta também ajustada, boné e óculos escuros.

- Bom dia, me desculpe pelo atraso. - disse ela educada.

Deveria apenas deixar aquele atraso passar em branco e focar no que realmente me interessava, mas não seria eu se não falasse nada.

- Você está atrasada. - disparei a encarando. - Não gosto de ficar esperando ninguém.

- Quem é você? - indagou ela.

Olhei para Nelson que estava muito sem graça. Como não sabia quem era?!

- Brenda, esse é Assuero Brandão o dono do cavalo. - respondeu Nelson. - Esqueci de te falar no dia que conversamos.

- Ok.

Esperava um pouco mais que apenas um ok da parte dela.

- Vamos direto ao ponto. Onde está o cavalo?

- Não será tão rápido assim, primeiro quero ter a certeza que é a pessoa indicada para trabalhar...

Ela suspirou alto e aquilo me irritou profundamente. Mulherzinha petulante!

- Brandão só quer ter certeza que vai dar conta do serviço, pois o cavalo é um tanto agressivo. - disse Nelson tentando amenizar a situação.

- Posso ver o cavalo ou não?

Nelson olhou para mim esperando por minha permissão. Assenti e seguimos até o estábulo. De longe era possível ouvir o relinchar irritado dele. 

- O que aconteceu?

- Ele caiu e machucou a pata e desde então não deixa ninguém se aproximar. - respondi para ela.

Paramos quando chegamos em frente da baia que estava.

- Tenha cuidado, ele é perigoso. - disse Nelson para ela.

Abri a baia e mesmo o chamando pelo nome, não me deixou chegar perto. A mulher observava sem dizer uma única palavra. Parecia avaliar o cavalo.

- Vamos sair, quanto mais tempo ficarmos aqui, mas agitado vai ficar.

Saímos e Nelson pediu licença se afastando de nós.

- Então?

- Ele está com dor, por isso não deixa ninguém se aproximar.

- E como chegou a essa conclusão? - indaguei um tanto cético. - Ou está apenas chutando?

Estávamos parados na entrada das baias e mesmo que estivéssemos em um ambiente fechado, nem mesmo assim tinha tirado os óculos escuros.

- Adestrei um cavalo parecido há alguns meses. Tão agressivo quanto o seu, estava quase desistindo quando recomendei para o dono que fizesse uma nova avaliação e foi quando descobriram que tinha um problema na pata. - me contou tranquila. - Sua agressividade era pela dor que sentia o tempo todo.

ASSUERO BRANDÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora