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Sem revisão

Nena

Tenho me apegado a minha fé para suportar a dor. A culpa que sinto pela morte de meu irmão me corrói por dentro o tempo todo. Brenda também tem sido o motivo para seguir em frente. Ela tomou as rédeas de tudo e sei que vai se esforçar ao máximo para que nada nos falte. Quero fazer minha parte nesse acordo tácito que fizemos.  Cada qual com a sua responsabilidade.

- Foi um prazer passar o dia com você. - digo para minha amiga. - Sua presença me ajudou a esquecer um pouco da dor.

Recebi seu abraço afetuoso e fiquei parada ali observando o carro se afastar. Meia hora depois Brenda chegou e pela sua expressão algo sério estava acontecendo.

- O que foi?

- Nós precisamos conversar. - disse ela muito séria.

Carregava uma pasta nas mãos e aquilo só me deixou ainda mais curiosa. A segui para a cozinha e me sentei. Antes de falar respirou profundamente e me entregou a pasta. Minhas mãos tremiam quando comecei a ler o conteúdo daqueles papéis. Meu irmão havia perdido a terra e tínhamos pouco tempo para sair.

- Não existe nada que possa fazer para mudar isso? - perguntei a encarando.

- Infelizmente não, fui até o advogado da cidade e me disse a mesma coisa que o gerente do banco. Precisamos pagar toda a dívida ou vamos perder tudo.

Já não bastava a perda de Dino, agora temos mais isso para processar?! Quando vamos parar de receber pancadas da vida?!

- Tem mais, continue lendo. - me pediu ela.

- Casa? Com assim? - disparei sem entender nada.

- Também não sei, mas aparentemente essa casa foi comprada há dez anos atrás e é minha.

- Eu não sabia de nada disso. Dino nunca me contou nada.

- Pelo jeito papai tinha muitos segredos. - comentou ela.

Me lembrei de Soraia que era um segredo que estava escondendo dela. Balancei minha cabeça para afastar esse pensamento, por hora deixaria isso de lado.

- O que vamos fazer?

- Nos mudar para a casa e continuar nossa vida. Por mais que queira, não tenho condições de quitar o banco. Vamos ter que sair.

- Temos quanto tempo?

- Assim que recebermos a notificação do banco, trinta dias para sair.

Brenda estava abatida e entendia seu estado. Ela cresceu aqui e tudo que fez foi para melhorar a propriedade e agora ter que sair era muito difícil.

- Se quiser posso te levar para ver a casa.

- Quero.

Fechei a casa  rapidamente e saímos. Quando ela parou o carro em frente a propriedade a reconheci. Dino uma vez me disse que gostava da casa e que quando pudesse a compraria, mas na época não levei a sério o que disse. Vivíamos uma vida confortável no sítio, mas isso não significava que estava sobrando dinheiro para comprar algo tão caro quanto um imóvel.

- Ela acabou de passar por uma reforma, o filho da vizinha que fez e me parece que está tudo certo. - comentou ela.

A casa era realmentem muito bom, espaçosa e bem localizada. Não conseguia entender como Dino conseguiu esconder isso de mim por tanto tempo?

- É boa.

- Quer esperar mais alguns dias ou podemos começar a nos organizar para a mudança?

- E o que vamos fazer com os animais?

ASSUERO BRANDÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora