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Sem revisão

Nena

Quando Dino me contou que havia engravidado uma mulher, não foi um choque para mim. Ele era um homem bonito e trabalhava de fazenda em fazenda. Afirmou que asumiria a responsabilidade da paternidade, mas que não se casaria com a mulher, pois já era apaixonado por Soraia naquela época.

No início fui totalmente contra, o correto seria se casar e formar uma família com a mulher, mas Dino se negou e no final acabei respeitando sua decisão. A mulher morava em uma fazenda longe de Pedaço do Céu o que dificultou de conhecê-la. Recebemos apenas algumas fotos do bebê quando nasceu. Conforme os anos foram passando Dino continuou a mandar dinheiro para ela, mas nunca quis ter um contato próximo com o filho. Eu tentei, mas nunca consegui qualquer resposta. Ao contrário de Dino, queria conviver com meu sobrinho.

Quando Brenda nasceu, por mais feliz que estivesse com a chegada dela. Era impossível não me lembrar do outro. Foi em uma tarde que estava em casa quando aquela mulher apareceu. Bem vestida e com um garoto magro e envergonhado do seu lado. Se identificou e fiquei feliz por finalmente conhecer meu sobrinho. Só que o garoto não quis nem ao menos me cumprimentar.

Dino apareceu e a tratou com uma frieza que me surpreendeu. Entendia que já era um homem casado e muito feliz, mas não vi a necessidade daquele tratamento. Ela disse que não tinha para onde ir e que por essa razão tinha vindo atrás dele.

Meu irmão não queria ajudá-la e foi por insistência minha que arranjou um lugar para ela na cidade e eu a visitava algumas vezes na semana. Queria ter um contato maior com meu sobrinho, mas o garoto se mostrava indiferente. Parecia me odiar e por mais que tentasse me aproximar, sempre dava um jeito de me ignorar.

Conforme os dias foram passando, pude perceber que a mulher não era uma boa pessoa. Estava procurando um homem que a bancasse e parecia não se importar com o bem estar do filho. Contei isso para Dino que pela primeira vez ficou preocupado com o garoto. Juntos fomos conversar com ela e pedir para nos dar o garoto. Soraia não ficaria muito feliz quando soubesse da novidade, mas não poderia negar moradia para um garoto inocente. 

A mulher a princípio se negou, mas depois de dois dias me procurou e disse que aceitava. Me confidenciou que estava farta de ser mãe e que queria sua liberdade novamente. Me choquei por uma mãe falar assim. Ainda mais eu que sempre tive o sonho de ter filhos. Ficou acertado que no dia seguinte buscaria o garoto. Meu irmão iria me acompanhar, mas ao chegarmos na casa, tudo estava vazio e a vizinha disse que haviam ido embora na noite anterior. Fiquei sem entender o que havia acontecido, mas na época a comunicação era difícil e por mais que estivesse triste, não havia nada que pudesse fazer. Dino me pediu que não contasse para Soraia sobre o ocorrido e mais uma vez aceitei seu pedido. Agora aquele mesmo garoto está diante de mim, um homem bonito e bem cuidado. Fico aliviada em saber que ele está bem, mas ao mesmo tempo temo o vazio que vejo através de seus olhos. E agora tem Brenda me olhando com um misto de mágoa e surpresa pelo que acabei de dizer.

- Essa é a história mentirosa que vai contar para ela? - disparou ele.

- É a verdade Fel...

- Não me chame por esse nome! - gritou ele me interrompendo. - Sou apenas Silva agora.

- Tia Nena. - disse Brenda. 

- Sei que está chateada por mais uma vez ter escondido algo tão sério de você e nem ao menos vou tentar justificar. - digo a encarando. 

- Estamos todos nervosos com a situação, vamos todos nos sentar e conversar com adultos que somos. - disse Tito tentando melhorar a situação.

Brenda se deixou ser guiada por Assuero e se sentou. Tito indicou a poltrona para que me sentasse, mas Silva permaneceu em pé e temi que estivesse planejando fazer alguma besteira.

ASSUERO BRANDÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora