CAPÍTULO 04

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JONATHAN DEL REI M.

Estou lendo mais um dos trinta contratos que eu tinha que revisar até o final do dia. Eu estava cansado e aquela leitura estava me dando sono.

Já havia passado da hora do almoço, e eu fiz a refeição sozinho. Danny saiu com os amigos ficava feliz(mesmo não demonstrando) por pelo menos um de nos estar fazendo algo que goste.

Depois de mais duas hora finalizo a leitura de todos os contratos. Organizo todos em uma pilha e me alongo, antes de levantar da cadeira.

Eu deveria ter continuado no sofá, lá estava mais confortável do que essa cadeira no escritório.

Essa casa tava precisando uma mudança de móveis urgente e talvez de uma nova pintura também, estava muito...verde.

Falo olhando em volta do escritório vendo praticamente o cômodo todo com aquela cor.

"Como eu nunca prestei atenção antes?"

Talvez pelo fato que nunca fiquei tanto tempo dentro desse escritório. Vejo a hora no meu relógio e já marcavam 18:03, o jantar começaria as 20:00.

Pego meu celular em cima da mesa e saio do escritório, indo para o meu quarto e tomando um banho.

Optei por vestir uma camiseta branca com uma blusa de frio branca com capuz por cima,uma calça azul clara rasgada e tênis branco. De acessório eu só estava usando um relógio prata.

Pego meu celular antes de descer, quando chego ao topo das escadas vejo Danny me esperando no sofá.

- Esperou muito? - Pergunto e ele parece se assustar.

- N-não.

Ele diz levantando e eu observo sua roupa, ele tinha optado por um conjunto um pouco escuro.

Ele estava com uma camisa social branca que estava para fora do moletom preto, uma calça alfaiataria preta e tênis pretos. De acessório ele usava um corrente de prata em volta do pescoço e dois anéis no dedo,sendo um deles o par de aliança do nosso casamento.

- Então podemos ir. - Falo quando chego no final da escada e ele parece estar paralisado - Ei!

- Sim, vamos.

- Não está esquecendo de nada, certo?

- Não e você?

- Não. Agora vamos.

Falo dando espaço para ele passar, ele engole em seco antes de começar andar.

Ele tinha tanto medo assim de mim?

Quando chegamos no lado de fora um dos seguranças abre a porta do banco aí lado do motorista pra ele entrar. Entro pelo outro lado e logo dou partida.

Estávamos parados no meio do trânsito e ele mexia as pernas em sinal de nervosismo, aquilo está me irritando. Coloco a mão sobre uma de suas pernas e ele parece se assustar.

- Pare de mexer as pernas, isso está me irritando.

- Des-culpe.

- O que você tem? Por que está tão nervoso? - Pergunto voltando a minha posição anterior.

- A sua família ela vão estar toda lá, eu não estou preparado pra isso.

- Por quê não? Não seria a primeira vez.

- Ele vão me encher de perguntas.

- Esse é o propósito do jantar. - Falo como se fosse óbvio.

Sempre que meu pai tinha oportunidade ele amava um jantar para a família toda, e eram raras as vezes que eu e Danny íamos. Na verdade, só fomos em dois desses jantares.

- O que devo responder quando eles perguntarem sobre...

"Sobre nós"

- Fale que não é da conta deles.

- Eu não posso agir assim com a sua família.

- Você deve agir assim com eles, só dessa forma eles vão parar de fazer perguntas. Mas já que você é um homem bonzinho, diga que nosso casamento está indo bem.

- Odeio mentiras.

- Então fale a verdade e eles vão te encher de perguntas.

Falo vendo enfim os carros começarem a andar, vejo que ele estava desconfortável ao meu lado e dou um leve suspiro.

- Não se preocupe, Danny.

- Eu não estou-

- Esta sim, você não para de mexer as mãos e se arrumar no banco. - Falo o olhando por alguns segundos e voltando atenção para frente - A minha família só tem malucos,sei que eles são insuportáveis.

Falo relembrando os modos nada elegantes da minha família.

- Se eles tentarem ser invasivos eu estarei lá, não precisa ficar nervoso, essa noite eu não sairei do seu lado - Vejo seus lábios se tornarem uma linha fina - Eu prometo que não sairei do seu lado, e estarei lá para lhe defender caso eles sejam rudes.

- Eles não são rudes,só invasivos demais.

Paro o carro no sinal vermelho e me viro rápido ele,pegando sua mão.

- Eu sou o seu marido, e você é o meu. Eu prometi lhe defender a todo custo no momento em que decici me casar com você, então é isso que farei.

Falei sincero e vejo seus olhos se encontraram com o meu. Não sei quanto tempo ficamos nos encarando, só sei que uma maldita buzina atrapalhou aquele pequeno momento que estamos tendo.

Me ajeito no banco e volto a dirigir em direção a casa dos meus pais com os pensamentos a mil por hora.

O principal era o por quê eu estava agindo daquela forma...compreensiva e apoiadora.

Esse não era eu.

"Que merda dando em mim?"

SENTIMENTO MISTERIOSO - OS MARTINELLI'S - LIVRO 3Onde histórias criam vida. Descubra agora