Talvez sua luz seja uma semente

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Voltei!! Obrigada por todos comentários e favoritos.
Boa leitura ♡♡

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"Ninguém espera que você entenda
Só que viva a vidinha
Que seu coração remendado consegue
Você vai sempre lembrar
O momento em que Deus os levou embora
Pois o peso do mundo
Foi colocado nos seus ombros naquele dia"

"Ela estava preocupada com você mais cedo." Diz Angie, estendendo os braços para Donna que a segura, pegando-a no colo. Com a boneca sentada em sua perna, Donna volta a trabalhar na pintura de uma das bonecas que estava trabalhando.

Assim que você subiu parecendo angustiada, Donna foi terminar algumas comissões em seu ateliê, enquanto Angie ficou assistindo um filme na televisão. Mas claro que não duraria muito tempo de entretenimento, a boneca já havia visto todos os desenhos que Donna pediu para o Duque trazer e os filmes de terror e romance, elas haviam emprestado para Cassandra e Daniela. Então, ela foi fazer companhia para Donna e claro… fofocar sobre o que viu mais cedo.

"Com o que?" Donna pergunta, se esforçando para não parecer muito curiosa. Acontece que isso não a ajuda muito por causa da conexão mental dela com Angie. "Não tem nada para ela se preocupar."

"Sobre os meninos malvados que vem aqui às vezes." Angie esclarece, pegando um dos pincéis de Donna e mergulhando-o em um pote de tinta. "Ela te defendeu para uma criança que eles estavam perturbando. Eu ouvi tudo porque fiquei escondida."

As mãos de Donna tremeram um pouco com a revelação de Angie. Por que você faria isso por ela? Você estava aqui apenas para ser ajudada e ter um lar temporário, enquanto Miranda e Alcina não podem te acolher. Mas, agora tinha interesse nela e em defendê-la? O que você queria com isso?

A verdade assustadora, era que Donna não estava acostumada com demonstração de carinho ou empatia vindo de outras pessoas que não eram sua família biológica ou a família que o cadou a deu. Todos na Vila estavam preocupados em demonizá-los, tratá-los como pessoas sem sentimentos e brutais, criando rumores e espalhando mentiras pela Vila para que todos tivessem medo. E a grande maioria não era verdade. E ela se acostumou com a raiva das pessoas, o medo de se aproximar ou ser temida ao ponto de ser tratada como um animal. Você, sem ao menos conhecê-la direito e se importar o suficiente para defendê-la para desconhecidos, era algo novo na vida de Donna é algo difícil de aceitar. 

Se você soubesse o que ela fez… Donna pensa, segurando a borda da mesa com força, com as mãos trêmulas. Por que você defenderia alguém que não conhece? Um monstro?

"Pare com isso, Donna. Não pense nessas coisas." Angie diz, largando o pincel na mesa enquanto virava o corpo para a dollmaker. A boneca tocou o rosto de Donna com as duas mãos, erguendo o véu com cuidado para poder olhá-la nos olhos. "Você merece isso. Você é boa."

"Se ela soubesse o que eu fiz… se ela soubesse como eu sou, ela nunca me defenderia." Donna diz atordoada, colocando as mãos por cima das de Angie em suas bochechas. Ela fecha os olhos e aproveita o contato, tentando relaxar, mas uma lágrima escorre do olho dela. "Quem poderia gostar de um monstro?"

"Você não é um monstro, não era culpa sua. Nada que aconteceu em sua vida foi culpa sua." Angie continuou a dizer firme, tentando mostrar segurança à dollmaker, mesmo sabendo que era em vão. Donna, assim como você, também tinha um caminho a percorrer. 

"Obrigada, Angie… eu posso ficar sozinha por um tempo, por favor?" Donna pediu baixinho, olhando para a boneca. Angie era a maior companheira dela, durante os anos, mas mesmo com a conexão mental, Donna precisava de um tempo só para ela algumas vezes.

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