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— Eu vou levá-los à pizzaria hoje. – papai me diz no pé do ouvido quando vai me abraçar para me felicitar pelo que está acontecendo.

— Ok. – digo.

— Não recebi o salário ainda. – ouço quando Osvaldo diz a ele.

— A igreja paga. Fica tranquilo. – dá uma batidinha nas costas dele depois de sussurrar — Podem voltar para o seus lugares. – meu pai diz no microfone — Nada de beijo e nada de saliência. – ri e a igreja inteira ri junto — Se segurem até o casamento pra terem a benção de Deus.

Ele não precisava ter dito isso, que coisa mais ridícula de se dizer a alguém, e logo pra mim. Papai não tem jeito mesmo.

Ando de volta para o meu banco de cabeça baixa. Eu gostaria mesmo era de um buraco no meio da igreja pra eu me jogar dentro (que coisa chata. Aff) enquanto todo mundo me olha com um sorriso que eu não gosto. Eu sei que tem gente aqui que já tá me julgando (em pensamento), pensando que eu vou me desonrar antes de casar.

— Olha, ela! – meu irmão não consegue se controlar.

— Ai, Jonas. Para. – estou chateada.

— Comportem-se vocês dois. Não quero ver briga aqui. – mamãe diz. Ela é sempre muito preocupada com as aparências.

— Eu não fiz nada. Eu tava só brincando. Nãm. – ele cruza os braços.

— Como foi ir lá na frente, filha?

— Foi diferente. – não quero dizer que não gostei e tirar da cara dela o sorriso de felicidade.

Se alguém tiver que ficar feliz com tudo isso, então que seja pelo menos ela.

— Pela cara dela... – Jonas não consegue ficar calado — Ela quer morrer.

— Aff, menino, me deixa. – saio da igreja aborrecida.

Do lado de fora, tenho mais espaço para conseguir respirar sem a sensação de estar sendo observada.

Pelo meu pai, eu teria casado assim que menstruei. Ele é um homem à moda antiga e mesmo não gostando dos métodos dele, eu estava mais conformada antes do Victor. Meu Deus! O que tá acontecendo comigo?

— Ketlen. – mamãe tá atrás de mim.

— Oi, mãe. – me viro pra olhar na cara dela.

— Tá tudo bem?

— Tá sim. Eu só precisava de um vento. Tô com muito calor. – me abano para parecer mais convincente.

— Filha, eu entendo o que você tá sentindo. – estende a mão.

— Sério?

— Sim. É o passo da sua vida esse que você tá dando.

— Isso é verdade. – confirmo a minha insegurança.

— Seu pai fez muito mais questão desse casamento do que eu. Na verdade, acho que você pode escolher o que deseja fazer de verdade da sua vida.

— Mas ai é onde tá... – faço uma cara confusa.

— O que tem filha?

— Eu não gostaria de casar, mãe, mas eu não sei o que o papai ia dizer. Ele não ia gostar ia fazer cara feia...

— Mas a escolha é sua. – ela fica triste depois de eu revelar o meu verdadeiro desejo — Ele não vai viver a sua vida por você.

— O que a senhora acha que eu devo fazer?

— Acho que deve casar. o Osvaldo é um homem bom, trabalhador, temente a Deus e ele vai cuidar muito bem de você e dos filhos de vocês. Você precisa de um homem forte e honesto como o Osvaldo.

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