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Victor narrando

— Me dá um cigarro aí. – dou uma cutucada no Raimundo logo de manhã.

— Tô zerado.

— Ô puta que pariu. – não gosto dessas novidades, não.

— Acorda aí, malandro! – o faxina bate na grade.

— Tá tirando o nego, faxina? – Raimundo se estressa com a truculência.

— Bora, macho. Café da manhã. Organiza aí pra cada um receber o pão e o café.

— E a gente não vai mais pro refeitório não?

— Não. Bora, mã. – o faxina tá estressado. — Bora, organiza aí.

A gente fica em fila e na vez de cada um, o cara entrega dois pães e um copo com café.

— Ei, faxina.

— Que é, Pitbull?

— Tem cigarro?

— Há há há. Tu é o miliciano mais pau no cu que eu já vi aqui dentro dessa cadeia. – ri alto — Como que um cara como tu tá mendigando cigarro?

— Tem ou não tem, pau no cu? – perdi a paciência — Tá ligado que se tu continuar me tirando eu te levo pra inquisição do presídio, né?

— E tu lá manda em nada, Pitbull. – entrega um cigarro pra mim — Presta atenção na vida, fuleragem que ameaçar faxina no presídio é morte certa em, abestado.

— Vai tomar no cu, mã. – recebo os pães e o café.

O Faxina termina de entregar a comida e sai rindo.

— Ei mã, o que será que rolou pra gente não poder sair?

— Adivinha? – mastigo o pão — Certeza que tem a ver com o lance no pátio. Não sei o que foi que deu não, mas os caras vão diminuir os nossos benefícios nesse caralho. Eu vou sair daqui logo, tô nem vendo.

— E tu vai sair como?

— Vou dar um jeito, mas não vou ficar muito tempo aqui não.

— E a rebelião? Vai puxar?

— Cada coisa no seu tempo. Por enquanto, né momento pra isso ainda não. A gente tem que ver o que o pau no cu vai fazer nos próximos dias e tals. Tem que conversar com os grupos pra tentar fechar a parceria se não, não vai rolar também.

— Tá interado demais pra quem nunca tinha sido preso.

— Nunca fui preso, mas não sou gado né, vagabundo? – risos.

Tô na minha pedra de cima enquanto o raimundinho tá sentado do meu lado.

— O que as moças tanto falam ai. Compartilhem com a família, bando de arrombado. – o Bola gosta de se meter nas coisas.

— Ei mã. – digo — Tu num tem mais um short desse que tu me deu não?

— Tem não. – fecha a cara — Já basta o que eu te dei, pilantra.

— Diz teu preço ai mã.

— Tu num tá pagando nada, Victor. Tu dizia que o tal do deputado ia vir e esse cara aqui não apareceu. Acho que ele te deu um belo de um chute no centro do cu. – risos.

Bola puxa a gargalhada e quando dou fé, geral tá rindo de mim.

— Tá me desconsiderando, Bola? – olho pra ele.

— Que é isso, meu chapa? Só brincadeira.

— Ei. Tu pode ter mais tempo de cadeia, mas eu puxo partido pra tu não. Quiser resolver alguma coisa comigo a gente vai na bala, na faca e na mão. Tu escolhe. – dou uma cruzada de braço pra ficar ainda mais machão.

Visita Íntima (morro) COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora