Às dez da noite estou de joelhos no quarto depois de ter me preparado para dormir.
"Senhor, obrigada por tudo que tem me dado e obrigada por todos que tem colocado em minha vida. Obrigada pelo alimento diário e pela saúde; tanto a minha como a da minha família. Perdão por todas as minhas falhas e as falhas do meu irmão. Eu sei que ele não é alguém ruim, tenho certeza que todas essas coisas que ele diz e faz tem muito mais a ver com a idade do que com o fato de ele ser uma pessoa ruim. Protege o Victor de todo mal senhor e me usa para fazer a tua obra naquela alma. Quero transformar aquele homem no teu nome para que ele possa te glorificar junto com toda a igreja."
— Posso apagar a luz? – Jonas acaba de entrar no quarto.
— Eu tô orando, não tá vendo?
— Eu sei, mas tu não pode fazer isso no escuro não? Ô coisa chata. Todo dia é isso. Eu quero dormir e tu fica horas orando. Não dá pra rezar o pai nosso todo dia e uma vez na semana fazer essas orações compridas? – Jonas é muito sem noção.
— Me erra Jonas. – levanto do chão e deito na cama.
Jonas acaba com qualquer intenção de ser empática que eu tenha com relação a ele. Espero que Deus não me castigue por eu perder o interesse de fazer o bem a quem tanto me faz o mal. Me pergunto agora que estou deitada no escuro do quarto e olhando pro teto, se a oração que eu fiz fez bem pra alguém porque no fim dela, a única coisa que eu tive foi raiva e acho que isso não é um fruto do espírito santo.
Amo a minha mãe e gosto da minha casa; eu me conformaria apenas com um quarto separado só para mim, mas já que isso tá fora de questão, bem, acho que só com um casamento mesmo pra eu ir embora daqui e ter algum tipo de privacidade.
Será que o Osvaldo não vai se importar se eu quiser dormir em um quarto separado? Ouvi dizer que tem até uma artista da tv que é casada, mas mora em uma casa separada da do marido. Isso não seria ruim dadas as circunstâncias nas quais eu tô tendo que casar com o diácono.
Viro para o lado e não consigo parar de pensar. Me faz bem orar antes de dormir por conta disso. Depois que eu entrego todos os meus pensamentos a Deus, me sinto leve para ter uma noite tranquila de sono. No entanto, o dia de hoje não foi muito comum, além da visita ao Victor ainda tive aquela visão do meu irmão com a minha irmã. Nossa... é tão pesado lembrar disso. É surreal demais. Eu gostaria de esquecer que eu fiquei sabendo disso.
Será que o Victor está bem? Como será que ele dorme lá na cadeia? Será que quando ele vai tomar banho e como nos filmes e todos os caras dividem um local em comum pra fazer a sua higiene? Meu Deus, que coisa horrorosa de se fazer. Que maneira mais animalesca de se viver.
Viro novamente na cama e não encontro uma posição certa para me aquietar.
Há, o Victor. Fico sem ar só de lembrar daquele homem. Que homem... Lembro dele e parece que consigo sentir o seu cheiro novamente. Uma mistura de essência de lavanda com gordura. Ele não deve ter usado o sabonete mais cheiroso do mundo, mas eu gosto tanto dele que ele poderia estar suado e ainda sim eu teria gostado.
Viro novamente. Meu Deus eu não deveria estar pensando nessas coisas.
Fecho os olhos e começo a recitar o salmo noventa e um em pensamento. Antes que eu possa acabar durmo sem me dar conta.
" — Victor? – acabo de levantar e vejo que ele está na sala da minha casa. — O que veio fazer aqui? Como entrou?
— Sua mãe abriu a porta e me mandou sentar. Ela disse que ia atrás de tu. Tu tava dormindo, neguinha?
— Tava. – me encolho de vergonha — O que tá fazendo aqui?
— Eu vim de ver. Tu foi duas vezes me visitar e eu não vim te ver nenhuma vez. – risos — Não vai me dar um abraço? – levanta e fica olhando pra mim com os olhos brilhando.
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Visita Íntima (morro) COMPLETO
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