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— E ai, qual vai ser? – tô esperando — Tu me desconsiderou na frente da galera.

— Ei, para com isso ai mã. – um mediador da cela dele entra na intriga — Precisa disso não, mã. O cara foi dez ano, teve jogo errado com ele não, maluco, deixa de ser doidão. Bora sair fora. Tá vacilando é? A gente vai te acompanhar nessa doidera ai não.

— Hmm... – o vacilão não diz nada.

— Foi mal aí, desculpa Pitbull a gente quer confusão não. A gente viu aí teu lance e teve jogo errado não. – o mediador da cela dele quer concertar o erro.

— Beleza, beleza. Eu vou engolir essa só porque tu fez questão de vir aqui trocar um papo comigo. Mas ó. – tô com o dedo apontado — Se intere viu que vagabundo esperto que sabe como funciona as regras da cadeia não fica de vacilo não. E eu não vou ficar engolindo desaforo só porque tu quer não.

— É uma ameaça, polícia?

— Tu se intere que é melhor parar de fechar aqui pro lado da gente.

— Vai de boa que tá tudo certo, irmão.

Dou as costas e passo o braço em volta do pescoço do Ceguinho.

A galera vai pro pátio em clima de festa porque eu acabei de fechar com a cara desse cuzão vacilão da cela da frente.

— Aquele cara lá já tava precisando de um papo reto assim faz tempo. Ele gosta de arrumar confusão com geral só porque ele tem mais tempo de cadeia do que muito neguim aqui tem de vida.

— Ei mã, que história é essa? Que porra que tu tinha de ficar apontando pra barata na cela dos otro meu cumpadi. – pergunto tirando onda.

— E eu lá vi que tinha gente dentro daquela maloca, porra.

— Tu num viu um balseiro daquele dentro da cela e viu a porra de uma barata? – risos — Tu só pode tá de zueira com a minha cara né, vagabundo? Tava doido pra morrer. Um cara daquele te mata só com uma dentada, meu chapa.

— Tô interado, tô interado.

— Pois se liga porque dessa vez eu tive sorte.

— Literalmente. Tu apostou o meu pescoço na porrinha, vei. Tú é muito doido, Pitbull.

— E tu acha que tem alguém normal aqui dentro dessa merda? – tiro onda — Agora foco que em alguns dias a gente vai tá fazendo corre dentro da cadeia e eu quero os usuário tudo abastecido.

— Deixe com nois que vai gerar.

— Massa.

Fico no meu cantinho e de longe vejo um cara rindo sozinho.

— Quer briza é aquela ali? – pergunto.

— Esse aí tá doidim.

— Hmm...

Sim. O sistema penitenciário tem esse poder de acabar com o resto de juízo que alguns de nós temos. Beleza que em parte os cara também fica assim de tanto remorso, mas tem uma série de coisa rolando por aqui que torna o ambiente quase que insuportável.

— Que é? – o agente incha pro meu lado.

— Que é o quê, cumpadi? – encaro ele.

— Perdeu o cu na minha cara que tu num para de olhar pra mim?

— Vai se fuder, agente.

— Vou te arrastar agora...

— Ei, ei, ei... — lá vem o Jamerson — Que porra é essa ai, macho?

Visita Íntima (morro) COMPLETOOnde histórias criam vida. Descubra agora