Capítulo 3

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Miguel

Minha noite foi horrível! O sono fugiu de mim! No final, acabei recorrendo ao álcool e algumas outras coisinhas para conseguir dormir. Acontece que, pela manhã, meu corpo paga o preço. Acordo cansado, com a cabeça pesada e um mau-humor do cão.

Não costumava ter problemas para conciliar o sono. No entanto, uma tragédia que se abateu sobre minha família mudou tudo. Desde aquela noite fatídica, sinto como se não tivesse paz. E eu já gostava de experimentar algumas substâncias ditas ilícitas. E isso tem aumentado significativamente. A ponto de me preocupar. Não preciso de mais esse vício para me foder.

Meu escritório fica em um dos hotéis que pertence ao meu grupo, na cidade. Vestido todo de preto e com um par de óculos enfiado na minha cara, caminho em direção ao elevador, balbuciando um cumprimento para quem eu cruzo. Meus funcionários já me conhecem e sabem quando não estou para brincadeiras, então evitam até mesmo de se aproximar. Confesso que minha paciência não anda das melhores e explodo com facilidade. Alguns mais próximos já chegaram e me dizer que devo ter problemas com controle de raiva e que eu devia me tratar. Logicamente mando todos à merda.

Um outro defeito meu, é não ser exatamente pontual. Assim, quando eu deveria estar trabalhando desde às oito, faltando pouco para às dez, estou chegando à minha sala, que fica no décimo quinto andar. Ela ficava no térreo, mas a vista lá era muito monótona e foi assim que vim parar aqui. Celeste, minha secretária, coloca-se de pé, assim que me avista. Eu a dispenso com um gesto de mão. Ainda não estou pronto para passar a agenda. Só estarei desperto de verdade, depois de uma dose bem forte de café.

Em resumo, meu dia não está começando bem, então, a última coisa que eu queria encontrar, era meu amigo de infância Daniel à minha espera, confortavelmente acomodado na minha cadeira, com os pés sobre minha mesa, pernas cruzadas à altura dos tornozelos.

Tenho de disfarçar um suspiro exasperado, enquanto fecho a porta.

— Mas olha quem apareceu! Bom dia, flor do dia! — uma coisa sobre ele: está irritantemente sempre de bom humor.

— Estaria melhor se você tirasse as merdas dos seus pés da minha mesa. — ataco, sem disfarçar o humor. Daniel me conhece. Então, não se abala com meu tom.

O homem me obedece e examina o relógio de pulso.

— Estava me perguntando se você ainda apareceria pela manhã.

Deixando minha mochila numa poltrona, começo a tirar o terno.

— Eu sempre apareço. Mesmo que tarde, eu sempre apareço.

— Antes tarde do que nunca, certo?

— Mas o que você está fazendo aqui, e não no seu escritório? — vou direto ao ponto, indo para o canto do café, quase uma cozinha completa, na verdade. Aciono a cafeteira e o encaro.

— Estava passando e resolvi subir. — diz, simplesmente, as mãos enfiadas nos bolsos da calça.

Daniel é filho de um homem muito importante, dono de uma multinacional. Ele poderia passar o dia coçando o saco e ainda ganharia rios de dinheiro. Mas, é o braço direito de seu pai. Assim como eu era do meu, até ter de assumir tudo, abruptamente.

— Está tudo certo para o final de semana?

— Final de semana? — pergunto, lhe estendendo uma xícara de café fumegante.

— Sim, cara! Não disse que a gente ia para Fortaleza no sábado?

— Ah, sim. Eu disse. Tenho de ir ver como estão as obras por lá.

Uma noite com o bilionário - Virgindade leiloadaOnde histórias criam vida. Descubra agora