Capítulo três.

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— Eu abriria mão de vasos sanitários com descarga por um homem desses.

Tiro o olho do celular para olhar para a imagem na TV que minha tia Érica está apontando ou, mais especificamente, para o cara superlindo usando um kilt ao qual ela se refere.

É meu terceiro dia no apartamento da tia Érica, comendo biscoitos SnackWell’s e vendo um seriado chamado Os mares do tempo, sobre uma mulher que viaja no tempo e se apaixona por um highlander gato.

Fiquei viciada no ano passado, durante a minha Febre Escocesa, e trouxe os DVDs para cá como apoio moral. O final do namoro da tia Érica (com Sky, o atendente do bar), a abalou pesado e, por isso, estamos assistindo a esse seriado sexy de viagem no tempo enquanto comemos biscoitos.

Franzindo a testa, eu observo o cara na tela.

— Gosto muito do Callum — digo, finalmente. — Especialmente do cabelo dele. Mas sinto que gosto mais de vasos sanitários com descarga. Talvez?

Do seu lugar no sofá, tia Érica dá um suspiro.

Ela tomou banho hoje, o que já é alguma coisa, pelo menos, e seu cabelo preto está preso num coque bagunçado.

— Você não tem noção alguma de romance, Wednesday — ela diz e, mais uma vez, resisto à vontade de olhar para o celular.

Já faz duas semanas desde que vi Tyler pela última vez, duas semanas desde que estávamos nos beijando na barraca em meu quintal, e ele já deveria ter voltado da casa da avó há três dias.

Estou esperando por uma mensagem, mas, até agora, nada. É difícil não fazer uma conexão entre o retorno de sua ex-namorada e esse silêncio repentino, mas acredite quando digo que esses são dois pontos que eu estou realmente tentando não conectar, não importa o que Jéssica disse.

Eu sei o que tenho com Tyler e não é apenas “uma distração”, ou seja lá o que for. É um nós, como ele disse…

O celular apoiado na mesa vibra, me inclino para pegá-lo e me acomodo de volta na desconfortável, porém-extremamente-estilosa, cadeira de couro branco da tia Érica.

É uma mensagem, mas é da Parker, me perguntando se Tyler já deu sinal de vida. Não, eu digito de volta, tendo gaitas de fole e respiração pesada como música de fundo. Mas ele ainda está na casa na casa da avó?

Outra vibração e recebo uma série de :( :( :(

Obrigada pelas vibes positivas, respondo, franzindo a testa.

O celular vibra mais uma vez, mas eu ignoro e me concentro no seriado, no qual Callum e Helena estão deitados e cobertos, ainda bem.

— Tudo bem, menina? — tia Érica pergunta, e eu balanço a cabeça indicando que sim e forçando um sorriso.

— Uhum, só… você sabe, preocupada com Callum e Helena. Logo, logo, aquele cara inglês, lorde Harley, deve aparecer, e ele não é coisa boa.

Tia Érica me olha com uma cara estranha enquanto arruma uma mecha de cabelo atrás da orelha.

Ela é a irmã mais nova do meu pai e nasceu quando ele estava no ensino médio, então, às vezes, ela é mais uma irmã mais velha para mim do que uma tia.

Mas, de vez em quando, ela também tenta fazer Coisas de Mãe só para variar, e percebo que isso está prestes a acontecer.

— Você não parece bem — ela diz, se virando no sofá para me encarar.

— É o colégio?

— Estamos nas férias de verão, tia Érica, lembra? Mas, sim, em geral, está tudo bem no colégio. Está sempre tudo bem no colégio pra mim, você sabe disso.

𝙎𝙪𝙖 𝙖𝙡𝙩𝙚𝙯𝙖 𝙧𝙚𝙖𝙡 * 𝑊𝑒𝑛𝑐𝑙𝑎𝑖𝑟 (AU)Onde histórias criam vida. Descubra agora