Capítulo trinta e um.

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TOP 5 SÓ PRA DEIXAR CLARO.

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— Se isso é algum tipo de trote atrasado, vocês estão todos dispensados de ser meus amigos — digo, fazendo com cautela o caminho pelo corredor. Yoko está tampando meus olhos com as duas mãos enquanto Eugene me guia pelo braço.

— Não é trote — ele jura —, embora eu fique meio surpreso quando penso que não temos esse tipo de coisa nessa escola.

— Esse lugar parece mesmo o tipo ideal de espaço pra trotes — Yoko concorda, e eu reviraria os olhos se eles não estivessem cobertos.

Alguns minutos antes eles chegaram no quarto prometendo uma “surpresa”, e eu deveria ter sido mais esperta do que ter contribuído com a brincadeira. Seja o que for, tenho a sensação de que Enid está envolvida.

Faz uma semana desde nossa conversa sobre a passagem de avião e, mesmo que ela não tenha tocado no assunto de novo, eu sei que Enid não desiste assim tão fácil. Talvez seja por isso que eu me deixei levar com tanta boa vontade por Yoko e Eugene.

Tenho alguma noção de onde estamos. Nós descemos até o primeiro andar e posso ouvir o chiado daquele único radiador perto do estúdio de arte que está sempre dando problema, mas, fora isso, estou firmemente Sem a Menor Ideia do que estamos fazendo aqui embaixo.

Porém, tenho certeza de que, se formos pegos, nunca mais sairemos da detenção.

— Seja lá o que for — aviso —, é bom valer a pena.

— Vai valer — Eugene promete, e então meu nariz detecta o cheiro de… batata-doce?

Sim, batata-doce com aquele cheiro de açúcar caramelado de marshmallow e, por cima disso tudo, o aroma delicioso da sálvia.

— Gente — começo, mas então Yoko tira as mãos dos meus olhos e fico sem reação.

Estamos na sala de arte e ali, arrumado em cima da mesa, tem um minibanquete de Ação de Graças. Então percebo uma pequena ave assada que não é um peru, mas que está cheirosa demais, e alguns pratos de porcelana, um deles com macarrão com queijo, outro com as amadas batatas-doces com marshmallow. Tem uma torta também, e um antigo candelabro de prata ilumina tudo, mas meus olhos ficam retidos em uma única coisa.

A garota que me aguarda de pé atrás da mesa.

— Surpresa! — Enid exclama, batendo palmas.

Ela veste jeans e um suéter, com os cabelos soltos ao redor do rosto, sorrindo. Um sorriso de verdade, e estou surpresa. Mas não pela Ação de Graças em miniatura que ela fez para mim. Não, o que me surpreende é a percepção repentina, estonteante e indiscutível de que, mesmo sem querer, eu me apaixonei por uma verdadeira princesa. O sorriso de Enid se desfaz um pouco, suas mãos se abaixam.

— Você não gostou? — ela pergunta, olhando para a comida. — Está errado?

Tenho que engolir em seco antes de conseguir falar.

— Não — eu a tranquilizo, dando um passo à frente.

De canto do olho, vejo Eugene e Yoko trocando olhares.

— Não, é perfeito — digo. — Quer dizer, faltam três semanas para o Dia de Ação de Graças, mas, ainda assim. Isso é… eu não sei o que dizer.

Aquele sorriso ilumina o rosto dela novamente, e meu coração bate tão forte dentro do peito que me surpreende ninguém ouvir. Minha cabeça gira e minha garganta está tão seca que eu bebo feliz a latinha que Enid me oferece.

E imediatamente me arrependo dessa decisão quando um gosto meio sem gás de chiclete bate na minha língua, e eu afasto a lata para fazer uma careta.

— Eca.

— Isso é Irn-Bru, a bebida nacional da Escócia, queridinha — Enid diz, fingindo se sentir ofendida ao pegar a lata de volta, e quando nossos dedos se esbarram, eu juro que sinto um choque. Mas me obrigo a fazer uma careta e digo:

— Você também não achava que o veado era o animal nacional da Escócia? E onde fomos parar por causa disso?

— Onde fomos parar por causa disso, de fato — Enid contesta. — Somos amigas agora. Não seríamos se não fosse por aquele veado estúpido.

Ela tem razão, mas tudo que consigo pensar é que deve ter sido ali que tudo começou. Não foi na lavanderia ou na dança na estufa ou olhando juntas para minhas pedras – foi aquela noite lá em cima da colina que nos trouxe a este momento, quando percebo que estou a fim dela.

Eu deveria ter percebido antes a maneira como as coisas tinham mudado entre a gente.

Nós comemos nosso pequeno banquete felizes, Enid nos deliciando com a história de como ela conseguiu reunir essa comida toda.

— Eu não sei como Glay conseguiu achar alguém pra cozinhar tudo isso — Enid comenta, pegando a colher nas batatas-doces e mexendo no prato —, mas a mulher é uma super-heroína.

E então Enid me encara, seus dentes mordiscando o lábio inferior.

— Droga. Isso é demais também? Mandar um contato da realeza arranjar comida? Eu sei que você disse que a passagem de avião era muito…

Estendo a mão e toco em seu braço, sacudindo a cabeça.

— Não, isso foi só… o uso de recursos disponíveis. É diferente de jogar dinheiro em alguém.

Enid quase se envaidece com isso, levantando o queixo com um sorriso confiante.

— Sabia.

Quase normal. Mas então vemos um clarão na janela.




*****

Notícias interessantes (eu acho, se você curte esse tipo de coisa) para reportar hoje na Escócia.

A princesa Enid conseguiu se
manter fora de confusão nas
últimas seis semanas, deixando
a todos em choque, tenho certeza.

Talvez aquele colégio draconiano para o qual ela foi enviada
esteja funcionando? Ou talvez seja outra coisa.

Aparentemente tem um espião lá nas Terras Altas. Um estudante tem vazado informações sobre Enid
para a imprensa e, de acordo com
a fonte, a princesa Enid ficou
muito íntima de sua nova colega
de quarto, uma garota do
Texas chamada Wednes Addams.

A intimidade foi tanta que elas não são mais colegas de quarto, de acordo com nossa fonte.

Algumas semanas atrás, a princesa
e sua nova amiga foram
colocadas em quartos diferentes.

Pode ser que elas sejam apenas amigas, mas a fonte parece
pensar que elas são mais do que isso.

Enfim, aqui está uma foto borrada das duas comendo… um banquete de Ação de Graças? Com outras pessoas? Vai saber.

Pessoalmente, espero que Enid
esteja namorando uma
garota americana ajuizada, mas
eu não desejaria Enid para
meu pior inimigo, então
as chances são meio a meio aqui.

(“Princesa Enid faz alguma coisa, eu sei que você vai clicar, eu preciso comer”)

𝙎𝙪𝙖 𝙖𝙡𝙩𝙚𝙯𝙖 𝙧𝙚𝙖𝙡 * 𝑊𝑒𝑛𝑐𝑙𝑎𝑖𝑟 (AU)Onde histórias criam vida. Descubra agora