Capítulo trinta e seis.

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Estou sentada em um pequeno banco decorado sob a luz fraca do corredor,
olhando meu celular.

Não é uma foto ruim. Na verdade, estou… bem na foto. Não tão bem quanto Enid, claro, mas também não sou uma super-humana.

Mas é fofa, estamos de mãos dadas ali perto da rocha, sorrindo uma para a outra. A próxima foto capturou o momento em que Enid tirou o cabelo do meu rosto e, está bom, não posso olhar para essa porque minha cara de apaixonadinha é meio ridícula.

Mas continuo encarando aquela frase sobre Enid ter “dispensado” a Jus. Enid me contou que Jusly havia terminado com ela, e não o contrário. Será isso verdade? Então lembro de quando vi Jus em Skye. Ela parecia fria e distante, sim, mas será que era mágoa e não arrogância?

— Aí está você.

Levanto o olhar e vejo Enid vindo em minha direção pelo corredor, seu vestido esvoaçando suavemente de um lado para o outro, como um sino, enquanto ela anda. Quantos vestidos assim será que ela tem? Fico imaginando.

Aproximando-se, ela segura minha mão.

— Está quase na hora do jantar. Será no estilo do jantar do lorde Henry, então não sentaremos juntas, mas me certifiquei de que você ficará perto da Daisy pra ter alguém com quem conversar, pelo menos, e… o que foi?

Eu normalmente consigo esconder as minhas emoções mas agora, eu realmente não consigo.

— Podemos conversar em algum lugar reservado só por um segundo?

Ela olha por sobre o ombro para o salão de baile atrás de si, mas então faz um movimento com a cabeça me guiando do banco em direção ao fim do corredor.

— Será um pequeno escândalo se nos atrasarmos, mas não me importo — ela diz, abrindo um sorriso que mostra as covinhas em suas bochechas. — Você certamente tem sido uma boa influência pra mim, Addams… eu não provoco uma confusão há séculos.

Nós paramos no fim do corredor, e seu sorriso se transforma em algo mais malicioso.

— Eu deveria dar um jeito nisso — ela murmura, e então chega mais perto, me beijando com suavidade.

Ainda com a cabeça a mil, eu não resisto e levanto a mão para tocar em seu pulso, segurando sua mão em meu rosto por mais tempo.

Quando Enid se afasta do beijo, ela ri um pouco, deslizando o polegar sobre meu lábio inferior, fazendo uma chuva de arrepios me percorrer.

— Por que essa cara tão séria? — ela pergunta, e eu tento sorrir, mas acho que não consigo fazer isso muito bem.

Ainda segurando minha mão, Enid abre uma porta pesada ao fim do corredor e uma lufada de vento gelado me atinge. Ela está me levando para o pátio no terraço que vi mais cedo, assim poderemos ter essa conversa desconfortável num local bem romântico. Ótimo.

Pisamos no terraço, e já começo a tremer. Enid também, mas ela ainda sorri.

— Eu sei que não é bem a melhor estação pra isso — ela diz —, mas este é um dos meus lugares favoritos. Olha como a Arthur’s Seat fica linda vendo daqui.

Eu olho para a direita e lá está a colina pedregosa se erguendo em direção às estrelas, iluminada pelas lâmpadas do parque, uma forma escura contra o céu azul-marinho.

— Eu sabia que você ia gostar daqui — Enid diz, um pouco cheia de si. — Vulcões e tudo mais. Rochas avançadas, de verdade.

Sinto um nó apertado na garganta ao observar Arthur’s Seat e, por apenas um momento, penso em esquecer de tudo. Apenas beijá-la novamente, dizer a ela bem aqui que eu a amo, e amo mesmo, e então voltar ao jantar.

𝙎𝙪𝙖 𝙖𝙡𝙩𝙚𝙯𝙖 𝙧𝙚𝙖𝙡 * 𝑊𝑒𝑛𝑐𝑙𝑎𝑖𝑟 (AU)Onde histórias criam vida. Descubra agora