Capítulo vinte e um.

3.2K 592 181
                                    

— E então, como você pode imaginar, ninguém na família More nunca mais comeu uma truta.

— Totalmente — murmuro em resposta à história do sr. More, mesmo só tendo ouvido metade.

Estou sentada no banco de trás de um Land Rover com Enid, nós duas – bom, nós três, contando com o sr. More – estamos voltando para Nevermore na escuridão. Graças a Yoko e Alexandra, que estavam com suas mochilas e dispararam sinalizadores, razão pela qual o sr. More está nos levando de volta ao colégio.

— Só estou dizendo, meninas, que vocês tiveram sorte que foi um veado e não uma truta — ele continua dizendo antes de sacudir a cabeça com tristeza.

— Pobre Lucas.

Agora eu queria ter prestado atenção à história, mas já estávamos chegando ao estacionamento do colégio, com todas as luzes acesas, fazendo o prédio brilhar na escuridão. Eu daria um suspiro de alívio diante dessa visão se a dra. Weens não estivesse em pé nos degraus de entrada, com os braços cruzados sobre o peito.

— Droga — Enid murmura ao meu lado, e eu concordo.

— Droga demais.

Estou cansada e molhada e com frio e sem a menor vontade de tentar explicar toda essa situação para a dra. Weens. Mas, quando saímos juntas do carro, ela simplesmente diz:

— Vamos conversar sobre isso amanhã.

E então volta para dentro do colégio.

Olho para Enid, que apenas dá um longo suspiro antes de dizer:

— Bom, vamos nos preocupar com isso mais tarde, o.k.? Vou tomar um banho. Talvez eu nunca consiga tirar o cheiro de rio do meu cabelo.

Mas a convocação para comparecer ao escritório da dra. Weens não vem na próxima manhã. Ou na manhã seguinte.

Apenas quando todo mundo retorna do Poe Cup e eu finalmente começo a relaxar, pensando que talvez não levarei uma bronca desta vez, é que o dr. Flay me impede de entrar na aula de história e me diz que a dra. Weens quer me ver.

E assim, mais uma vez, estou sentada ao lado de Enid na frente da diretora. Desta vez, nós nos encontramos em seu escritório em vez da capela, e, mesmo que Enid estivesse certa de que sua mãe apareceria de novo, não há procissão real alguma. Apenas nós. Sentada do outro lado da mesa, ela nos observa com a testa franzida de leve.

— Moças — ela começa, e se interrompe, sacudindo a cabeça.

— Desculpa, eu não sei nem como começar já que as histórias que ouvi da senhorita Tanaka e da senhorita Rainbow foram um pouco confusas e envolviam um veado.

Enid acena com a cabeça.

— Sim, nós fomos atacadas por um veado e foi assim que perdemos nossas coisas. Foi muito traumático. Não foi, Addams?

Por mais que eu tenha dito que não seguiria o plano estúpido de Enid, me vi concordando com a cabeça.

— Um veado. Trauma — digo, e a dra. Weens solta um suspiro.

— Senhorita Addams — ela diz, me encarando.

— Você não estaria mentindo pela princesa, estaria?

Como ela sabe?

Ela tem poderes psíquicos ou eu sou uma péssima mentirosa?

Mas então a dra. Weens começa a arrumar os papéis sobre a mesa e diz:

— Porque a amiga da senhorita Sinclair, a senhorita Rossi, insistiu que duas semanas atrás a senhorita Sinclair contou a ela que não planejava continuar em Nevermore durante o outono e que tinha um novo plano para tentar voltar para casa. Isso é verdade?

𝙎𝙪𝙖 𝙖𝙡𝙩𝙚𝙯𝙖 𝙧𝙚𝙖𝙡 * 𝑊𝑒𝑛𝑐𝑙𝑎𝑖𝑟 (AU)Onde histórias criam vida. Descubra agora