Capítulo trinta.

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— Yoko, conta pra mim alguma fofoca sobre a família real?

Estamos deitadas na cama de Yoko, tecnicamente estudando para a prova história, mas minha mente está a um milhão de quilômetros de distância.

Sendo honesta, estou fora do ar desde que voltamos de Skye, há duas semanas. As coisas entre Enid e eu estão do mesmo jeito – a gente se dá bem, conversamos, sentamos juntas no almoço –, mas aquele momento na estufa não sai da minha cabeça. E não apenas isso, mas o fim de semana inteiro, na verdade.

Ceder o quarto favorito dela para mim.

Escolher o vestido perfeito.

Isso é só a Enid tentando ser legal agora que somos amigas ou…?

Tá bom, talvez seja por isso que a dra. Weens decidiu que eu deveria dividir o quarto com Yoko.

Saio do meu devaneio e vejo uma extensão longa da coxa de Yoko à mostra sob sua saia enquanto ela se abaixa para vasculhar embaixo da cama.

— Menina, pensei que você nunca ia me perguntar — ela diz, voltando com uma pilha de revistas. Ela as joga sobre a roupa de cama verde, sorrindo.

— Onde você arranjou isso?

Yoko se senta na cama, cruzando as pernas.

— Tenho minhas fontes.

Ela pega a primeira edição da pilha, colocando-a com um só golpe no espaço entre nós na cama.

A palavra “MAJESTADE” está impressa no topo em letras onduladas.

— Essa é a edição mais recente — Yoko me conta. — E tem uma matéria inteira sobre o irmão da Enid, Charles, e sua noiva. O nome dela é Amanda Neres, ela é americana, e estamos obcecados.

Abrindo a revista, ela aponta para uma foto de uma mulher loira com o rosto apoiado no ombro do príncipe Charles, os dois de pé num jardim.

— Certo — digo, lembrando da Parker me contando sobre isso. — Eu mais ou menos sei sobre ela.

— E essa é a irmã dela, Rebecca — Yoko aponta, virando a página.

É a foto de uma ruiva de jeans e camiseta, de braços dados com um cara atraente também e vestido de modo despojado.

— Ela está namorando o chefe dos Rebeldes Reais, Larry Months. Bom, ele costumava ser o chefe, Sam e ele tiveram algum tipo de desentendimento, não estou cem por cento certa de que foi resolvido. Larry foi para os Estados Unidos para reconquistar Rebecca, é o que contam, e esses são eles lá. Estamos levemente obcecados por ela também.

— Eles ainda estão brigados — digo. — Sam mencionou esse cara. Disse que, pra ele, estava morto.

Fazendo um estalo com a língua, Yoko troca de página.

— Que pena. Dizem que ele era uma influência tranquilizante pra Sam. Ele vai precisar disso agora que eu cheguei à conclusão de que ele é uma causa perdida.

Eu olho para ela, puxando as pontas dos meus cabelos.

— Espera, o quê? Desde quando?

Ela pega outra revista, essa datada da semana passada, abre uma página que mostra Sam usando uma camiseta de futebol e aponta para a foto com a unha pintada de rosa-choque.

— Midlothian Hearts — ela me diz, como se fizesse sentido. Vendo minha expressão confusa, Yoko esclarece: — Um time de futebol. Meu pai é um torcedor apaixonado do Arsenal — sacudindo a cabeça, ela dá um suspiro. — Como Romeu e Julieta. Papai nunca aprovaria que eu me casasse com um torcedor do Hearts, mesmo sendo um príncipe.

𝙎𝙪𝙖 𝙖𝙡𝙩𝙚𝙯𝙖 𝙧𝙚𝙖𝙡 * 𝑊𝑒𝑛𝑐𝑙𝑎𝑖𝑟 (AU)Onde histórias criam vida. Descubra agora