Capítulo dezessete.

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A manhã do início do Poe Cup até que está ensolarada.

Tá bom, “ensolarada” pode ser uma palavra generosa demais, mas não está chovendo, e as nuvens não são tão espessas, então, a meu ver, é uma manhã ensolarada. Um ensolarado escocês. E, para dizer a verdade, estou levemente animada.

Tá bom, talvez muito animada. Sim, ter que fazer isso com Enid é abaixo do ideal, mas finalmente sair para a natureza da Escócia?

A Escócia de verdade?

Nem mesmo a expectativa de passar dois dias sozinha com Enid pode acabar com minha animação. Apesar de que, enquanto esperamos na frente do colégio a hora de sair, ela certamente está dando o seu melhor.

— Essa é a coisa mais estúpida que eu já tive que fazer — Enid murmura com a boca encostada num copo de isopor com chá.

O chá está fumegando no ar frio da manhã e seus óculos escuros gigantes ficam embaçados.

Do pescoço para cima, ela é a típica Enid – aqueles óculos escuros são Chanel, o cabelo foi arrumado num rabo de cavalo alto com as pontas onduladas e ela está usando maquiagem. Do pescoço para baixo, ela está tão horrenda quanto o restante de nós. Estamos vestindo calças cáqui e camisetas de manga comprida cobertas por um colete pesado e nossas capas de chuva de Nevermore por cima.

Levamos algumas peças de roupa a mais em nossas mochilas, mas no geral todos nós estamos parecendo funcionários de zoológicos levemente desarrumados. Ainda assim, esse é o melhor vestuário para o que estamos fazendo, mesmo que nem tudo caia tão bem.

O colégio não tinha uniformes do Poe Cup para garotas, no fim das contas, então estamos nos virando com o que pudemos arranjar, exceto pelas botas. Eu trouxe o meu melhor par de casa, e mexo meus dedos dentro delas agora.

— A coisa mais estúpida? — pergunto a Enid. — Acho difícil acreditar nisso.

Espero uma resposta ácida, mas, em vez disso, Enid apenas dá de ombros e diz:

— Justo.

Olho para ela e ajeito a mochila nos ombros.

— Você está doente? — pergunto. — Ou só assustada com o acampamento?

— Nenhum dos dois, Addams — ela responde, derramando o resto do chá no cascalho.

O líquido atinge um grupo de garotas ali perto. Elas dão gritinhos de susto, mas, quando percebem quem jogou o chá fora, não falam nada.

Privilégio de princesa, claro.

Enid enfia o copo vazio em um dos bolsos laterais da mochila, então pelo menos ela não está adicionando o item “jogar lixo no chão” à lista de pecados.

Ouvimos um ronco baixo quando cinco vans se aproximam e, do meu outro lado, Yoko se mexe inquieta no mesmo lugar.

— Ainda não acho que isso seja necessário — ela diz. — Quer dizer, eu me sinto muito autossuficiente e também em conexão com o mundo ao meu redor.

— Pelo menos você vai acampar com Alexandra — digo, acenando com a cabeça para sua colega de quarto. — Eu estou presa com Enid, e Eugene com Douglas.

O colega de quarto de Eugene é um gigante perto dele, seus ombros são tão largos que é surpreendente saber que ele consegue atravessar portas. Enquanto observo, Douglas dá um soco amigável no ombro de Eugene, e Eugene quase cai no chão.

Ele faz uma careta, esfregando o braço e tentando sorrir para Douglas. Então ele olha para a gente.

Me mata, ele mexe a boca para dizer, e Yoko se vira para mim.

𝙎𝙪𝙖 𝙖𝙡𝙩𝙚𝙯𝙖 𝙧𝙚𝙖𝙡 * 𝑊𝑒𝑛𝑐𝑙𝑎𝑖𝑟 (AU)Onde histórias criam vida. Descubra agora