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𝐃𝐞𝐳𝐞𝐦𝐛𝐫𝐨, 𝟐𝟎𝟐𝟐, 𝐬𝐞𝐱𝐭𝐚-𝐟𝐞𝐢𝐫𝐚
- Vou morrer de ataque cardíaco! - meu corpo tremia e lágrimas ameaçavam cair de meus olhos
- Não brinca não, pelo amor de Deus! - quando a morena mal terminou de dizer, se levantou rápido e a torcida brasileira começou a gritar. O primeiro gol do dia, de Neymar.
- Se manter, estamos feitos! - fechei os olhos com força e tentei regular a respiração.
Esse jogo teve tanta falcatrua, puxão de cabelo, roupa, boca...os croatas queriam ver os brasileiros nus, pelo visto. E, mesmo não entendendo se futebol, sabia que isso não estava correto! E no fim, o juiz que parecia o Bolsonaro, não fez nada.
- Manteve? MANTEVE! - me levantei do acento quando percebi os trinta segundos restante de partida, conseguiram manter. Graças a Deus.
- Ganhamos? NÓS GANHAMOS?! - aí sim comecei a chorar, Benício pulava junto com a mãe e Isa xingava até a quarta geração do juiz.
- Acho melhor você não usar xingamentos assim perto do Benício. - disse rindo e percebi que o menino nem prestava atenção em nós.
- Desculpa - a morena murmurou sem graça para Duda
Comemoramos junto da torcida ainda na arquibancada e após, seguimos o fluxo que seguia para fora do estádio com uma cantoria sem cessar. Pulamos e gritamos com um grupo de brasileiros e sem demorar muito, já estávamos no carro de volta para o hotel.
O Uber local não entendia nada do que falávamos, mas ria toda vez que Isa se alterava falando sobre o juiz do jogo hoje. Um simpático! A morena ao meu lado, vez ou outra arriscava no inglês para tentar se comunicar com o motorista.
- É, EM CINCO OITO FOI PELÉ EM MEIA DOIS FOI O MANÉ EM SETE ZERO O ESQUADRÃO PRIMEIRO A SER TRICAMPEÃO
Puxei o coro assim que saímos do carro e nos despedimos do motorista. Isa e eu cruzamos nossos braços e saímos em direção ao hotel.
- Ô, NOVENTA E QUATRO ROMÁRIO DOIS MIL E DOIS FENÔMENO PRIMEIRO TETRACAMPEÃO ÚNICO PENTA É O BRASILZÃO!
A morena completou enquanto entramos no hotel, os recepcionistas riram ao ver nossa animação e seguimos para o elevador. Me olhei no espelho e percebi que estava o puro suor, cabelo colado na testa, os riscos verdes e amarelos do rosto já tinham saído há muito tempo, e o glitter estava por todo o meu rosto. Nunca mais vai sair.
- Preciso lavar meu cabelo e tomar um bom banho. Tô colando de tanto suor - reclamei enquanto me virava em direção a Isa.
- Vai ter glitter em você até os oitenta anos! - suspirei e fui a primeira a sair do elevador e ir em direção ao meu quarto.
Tomei um bom banho, lavei o cabelo e pronto, já estava novinha em folha. Nem parece a mendiga que há uma hora e meia estava no elevador!
