Prólogo: Violetas

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Quando Santana Lopez foi permitida a entrar na floricultura da família Lopez pela primeira vez, ela tinha cinco anos, e mostrou-se tão interessada com as flores, que sua avó não se importou em deixá-la ficar por um tempo.

Quando Santana Lopez ia à floricultura de sua família, ela corria até os lírios, analisando sua sutileza, suas pétalas, suas cores. Santana sorria com os pingos de água que refletiam nas pétalas quando o raio forte do sol batia nelas.

Quando Santana Lopez aprendeu a escrever, ela anotava em seu caderninho tudo sobre os lírios que tanto amava, e com isso, Maribel Lopez descobriu o dom artístico de sua única e amorosa filha.

Quando Santana Lopez tinha dez anos, ela pintava os lírios de forma clara e densa, cada cor com sua própria paisagem. Cada lírio com uma paisagem única. Cada expressão com sua dor. Cada cor com o seu sentimento.

Mateo Lopez deixou uma sala para que Santana usasse sua imaginação. Santana Lopez apenas saía do quarto para comer os churros de sua avó. Sua feição pintada, com uma cor única, e então, seus pais sabiam o sentimento daquele lírio.

Santana Lopez odiava a escola e as outras crianças. Os outros odiavam sua cor, odiavam sua fala, odiavam seus olhos. Santana Lopez estava agressiva, e os lírios ganhavam cores cada vez mais escuras. Santana Lopez pintava com lágrimas, dor e tristeza. Os lírios felizes apenas apareciam quando Santana Lopez via a garota loira de olhos azuis que visitava a floricultura todo dia 16 de cada mês.

Santana Lopez conheceu Brittany Pierce aos doze anos, em um dia quente de verão, quando Santana estava sentada em frente às violetas — Santana não apreciava muito o tom do roxo escuro em contraste com o amarelo, mas ela gostava de observar a beleza que eram quando estavam juntas —, ouvindo suas fitas cassetes que ganhara de seu pai ano passado.

Santana tinha crises de ansiedade com frequência, e precisava de sons calmos para relaxar. Seu pai decidiu comprar-lhe um walkman e fitas cassetes, com sons calmos do mar e da natureza. Santana preferia ouvir os ventos para que pudesse se acalmar, e escutar as ondas do mar quando preferisse pintar seus lírios. Santana carregava tudo em sua cintura, na pequena pochete que comprara seu pai.

Santana não notou quando o sino da floricultura balançou, nem sequer que era dia 16 de julho. Seus lábios franziram em direção às flores roxas, e ela estreitou os olhos para vê-las melhor. Ela sentiu seu ombro balançar, e desligou seu walkman para olhar para trás.

Era como encarar o nascer do sol no topo de uma montanha.

Santana abriu sua boca, a garota loira de olhos azuis reluzia beleza e alegria. Seu vestido vermelho e florido, com margaridas, a deixava em destaque com sua palidez. Ela juntou as mãos atrás das costas, e sorriu, fazendo com que seu cabelo loiro raspasse em seus ombros nus, como se o vento soprasse, levemente, as pétalas das flores.

— Oi — ela disse. Sua voz suave entrou nos ouvidos de Santana, parecendo com que o barulho calmo que ouvia, nunca deixasse de soar.

— Oi — Santana sussurrou, com a voz rouca e baixa. Ela se levantou, passou a mão por sua blusa branca e se ajeitou. — Posso ajudá-la?

A garota mordeu o canto dos lábios, incerta.

— Meu nome é Brittany — ela disse, sem que Santana houvesse ao menos perguntado. — Eu tenho doze anos, acho que seremos colegas de classe!

Brittany estava animada, Santana a encarou.

— Bem... pode ser — ela sussurrou, levantando os ombros.

— Minha mãe vem comprar flores aqui — Brittany corou. — Você pode me mostrar às violetas?

Santana cutucou os botões do seu  walkman, rangendo os dentes com cuidado. Ela sabia uma coisa ou outra sobre as violetas.

— Na verdade, eu te vejo sempre que venho, mas você nunca está sozinha ou por aqui. — Brittany confessou. — Eu queria falar com você. — Disse ela, envergonhada.

— Eu posso mostrar às violetas.

Santana empurrou o banquinho que estava para que Brittany sentasse. Ela se ajoelhou, e remexeu nas pétalas leves das violetas.

— São lindas, não acha? — Brittany perguntou.

Santana balançou a cabeça.

— Eu... eu prefiro os lírios. São leves, com significados exuberantes. — Santana contou. — Violetas são... sem graça.

— Você sabe o que elas significam?

Santana mordeu o canto dos lábios. Ela pensou por um instante. Santana não sabia muito sobre as outras flores. Ela sabia das margaridas, e gostava de dizer que elas simbolizavam o amor inocente de seus pais. Ela sabia sobre as rosas, Santana gostava do seu símbolo de pureza, principalmente para pintar. Ela preferia os lírios, mas jamais negaria a beleza das outras flores.

Apenas da violeta.

Violetas roxas simbolizavam lealdade.

Lealdade não era algo real.

— Significam lealdade — Santana sussurrou.

— Se eu te der uma violeta roxa, seremos leais uma a outra?

Santana engoliu em seco. O que aquela garota estranha, e bonita, queria dizer?

— Eu sou... sou nova em Lima... Eu não tenho amigos. Eu sempre te vejo por aqui sozinha, então... então acho que somos amigas. Quer dizer... éramos amigas em segredo, mas, agora somos amigas de verdade.

Amigas?

Santana franziu o cenho. Amigas? Ela se sentou no chão, incrédula.

— Eu não disse que queria ser sua amiga também.

— Ah... — Brittany remexeu na bainha do seu vestido, tristemente. Santana pigarreou, ela deveria dar uma chance à garota loira de olhos azuis.

— Mas você pode me perguntar para saber.

A garota sorriu animada, Santana encarou seu sorriso, e viu o dente que faltava em sua boca. Santana a achara adorável.

— Você quer ser minha amiga... ahm... Eu não sei seu nome — Brittany sussurrou.

— Santana! — Ela disse, se levantando e estendendo a mão.

— Bem — Brittany se levantou, segurando a mão pequena, e suja de tinta, com um aperto firme. — Santana, você gostaria de ser minha amiga?

— Eu adoraria — ela sorriu, e a garota loira a abraçou com força. Santana ouviu seu coração saltar, e o calor da garota loira a encher de felicidade.

— Você e eu seremos leais como as violetas!

Brittany decidiu e Santana concordou.

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Notas: Bem, o prólogo foi só uma pequena introdução do romance romance. Me deixe saber o que você acha. Obrigada por dar uma chance ❤️

Qualquer pergunta sobre a história, sobre mim ou dúvidas em geral (ou até mesmo xingamentos me mandando tirar essa história), por favor, não hesite em me mandar uma mensagem.

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