Onze: Lírio-do-Vale

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Brittany tinha os cabelos dourados flutuando em volta do seu próprio corpo. Era como um sonho... Santana imaginava o anjo que pousava em sua janela, e, quando a encarava, tinha os olhos de Brittany, uma camisola branca, ela chegava, beijava seus lábios e deslizava em seu pescoço.

Santana acordava com sede de saudades.

Desde que dissera aos seus pais como se sentia com Brittany, sua Mami e seu Papi têm tomado o cuidado de perguntá-la como ela estava. Deixavam claro que a protegeriam das pessoas que a olhavam de forma errada. Santana pensara no que iriam fazer.

Sua Abuela não olhava em seus olhos, e descruzava o caminho que Santana passava. Sua Abuela não a deixava mais entrar na floricultura.

Santana costumava passar as tardes no parque, ou na biblioteca da escola, onde tentava encontrar uma faculdade para quando o inverno chegasse. Talvez ela pudesse deixar sua Abuela feliz de novo, deixá-la contente com a sua despedida.

Sua melhor escolha, até aquele momento, era a faculdade de artes — o que não deixaria sua Abuela feliz —, onde ela poderia pintar e colocar seus sentimentos, de forma trabalhada, como sempre fez. Santana gostava de pensar em advocacia... Talvez ela fosse uma ótima advogada. Talvez ela fosse uma ótima artista. Santana olhava para os meio-termos, porque era assim que se sentia: dividida em suas próprias decisões.

Se aquilo significava crescer, Santana gostaria de ficar com os pés no chão e regredir. Nada em sua cabeça funcionava quando ela pensava demais, mas também nada funcionava quando ela tentava não pensar.

O vento da tarde fez seu corpo se sacudir sobre o muro onde estava sentada. Seus olhos piscaram amedrontados, e ela encarou Brittany.

Era dia 27 de agosto.

Santana não teria bolo de aniversário naquele dia, porque sua Abuela não a queria ver.

Era seu aniversário, e ela não disse à Brittany.

O vento do outono soprou em seu ouvido. A culpa invadiu sua mente e ela não hesitou quando começou a chorar. Suas mãos apertavam a mureta áspera, e Santana sentia novos calos surgindo.

Brittany, geralmente, se lembrava dos aniversários de Santana. Ela, Rachel e Quinn eram sempre as únicas garotas que Santana permitia em sua casa para as festas. Mas, quando Brittany voltou, no final de semana passado, a Sra. Pierce a alertou que Brittany estava tomando calmantes para dormir. Isso a deixava um pouco... tonta, no bom sentido.

— Ei, San — Brittany voltou até ela, caminhando, lentamente, pelas pedras gélidas. O lago de Lima era belo no outono, a água geralmente era gélida, mas Brittany gostava de apreciar o vento —, por que está chorando?

Santana balançou a cabeça. Brittany não sabia sobre semana passada. E Santana queria que ela não soubesse sobre.

— Fale comigo, está bem?

Santana acenou, enxugando os olhos lacrimejantes, Brittany virou-se de costas, deixando que Santana se acomodasse. Ela cruzou os braços ao redor do seu pescoço, e as pernas ao redor de sua cintura, deitando sua cabeça nas costas da garota mais velha. Santana contou quantas vezes Brittany respirava, até que estivessem paradas na frente do lago. Ela espiou, pelos ombros de Brittany, as pedras brilhantes embaixo da água clara.

Santana ouviu o barulho calmo dos pés de Brittany entrando na beira do lago, e apertou-se um pouco mais em volta do pescoço de sua namorada. Brittany acariciou sua coxa com os dedos calmos, e Santana se firmou um pouco mais.

— Minha Abuela não quer me ver mais — ela sussurrou. — Ela me odeia, Britt...

Brittany suspirou fundo, e suas costas afundaram em sua bochecha. Santana fungou suas lágrimas, engolindo o caroço das próximas que veriam a seguir.

Lírios - Brittana Onde histórias criam vida. Descubra agora