IV

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Decaídos, pobres criaturas que tem a alma presa ao inferno. Demônios, que nasceram unicamente para servir a Satã. Não são seres humanos transformados em criaturas horríveis, e muito menos sabem como é o mundo lá de cima. Conhecem apenas o inferno vermelho, onde nasceram e morrerão.

A diferença entre eles e anjos caídos, é que os malditos grã-finos com asas já visitaram outros lugares além do mar de fogo.

Hoseok era um deles, e era ele quem guiava Jungkook pelo inferno. Lhe mostrava desde as mais simples áreas inabitadas, até as cidades mais grandes e populosas dentre o reino.

– Vamos ir até o palácio agora, meu lorde. Existe mais algum lugar que o senhor deseja visitar antes de voltar para casa? - Perguntou para Jeon, este que vagava os olhos perdidos por todos os cantos.

– Não... Eu só quero encontrar meus amigos o mais rápido possível. - Acompanhou o corpo flutuante do homem, andando sem saber para onde ia.

– E então... Você recuperou as memórias do seu passado? - Hoseok perguntou, aleatoriamente. Suas asas negras batiam devagar, acompanhado o ritmo da caminhada de Jungkook.

– Ainda não me lembro da minha verdadeira identidade. Me sinto perdido aqui. - Seu olhar ainda estava baixo, mas foi ao ouvir uma voz afobada vindo até si que, ele levantou a cabeça.

– Majestade?! Que honra poder recebê-lo de volta em sua casa. - Uma mulher de cabelos laranja e olhos azuis, se curvou para dizer. Seu corpo era magro, mas ela tinha grandes seios e glúteos.

– Ah, meu lorde, essa é Lilith, quem cuidou do inferno durante a sua estadia no mundo mortal. - Jung apresentou a mulher, e Jeon pôde ver um sorrisinho brotar nos lábios finos da ruiva.

– É realmente um prazer tê-lo conosco, Vossa Alteza. Vamos entrar e comemorar um pouquinho... - Ela se apressou em entrar pelas portas escuras do palácio, que Jungkook nem tinha percebido estar na frente.

O lugar era imenso, tendo suas paredes de fora queimando em magma. E quando ele passou pela porta, viu todas as salas acenderem as luzes modernas. Tudo era novo para ele, ou ele pensava que fosse.

Se colocou a caminhar até a sala do trono, que nem sequer sabia como tinha noção de onde ficava. Apenas seguiu seus próprios passos com os olhos bisbilhoteiros.

Observou o grande cômodo vazio, exceto por um trono de prata imposto no meio do lugar. A sensação que teve, foi de que deveria se sentar ali, e não viu problema, já que todos faziam questão de lhe dizer que era o rei.

Sentiu o estofado macio tocar suas costas, e se acomodou no conforto que era estar sentado ali. Uma onda de sentimentos e lembranças antigas invadiram seu corpo, fazendo-o revirar os olhos e tombar um pouco a cabeça para o lado.

Ele era Satã. O mesmo que foi expulso do céu, quando questionou Deus com uma pergunta idiota; O mesmo que construiu aquele reino que lhe foi dado com as próprias mãos; O mesmo que moldou sua tristeza em raiva, ódio e repulsa.

O mesmo que matou as únicas pessoas que amou...

Sem emoção; Só frieza. Era assim que ele lidava com a morte de todos na sua cabeça.

Mas estranhou, pois ainda se importava com os garotos que tinha matado. E mais, também estava preocupado com eles.

Não ter sentimentos foi uma escolha sua, pois isso só atrapalharia em seu trabalho. E não que o inferno fosse um lugar ruim, onde puniam as pessoas severamente pelos seus pecados, não. Mas o maior castigo do ser humano é aprender com os seus próprios erros, e o inferno era como uma mãe que lhes colocava na linha. Ele só não queria ter dó, e deixar de dar uma lição naqueles que mereciam. Mas é claro que uns tinham que pagar mais que os outros, porquê nem sempre o ser humano aprende a ser alguém bom.

Belzebu Jjk+PjmOnde histórias criam vida. Descubra agora