XIV

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– Você sabe o que eu acho sobre a salvação do mundo? A única solução para isso seria a aniquilação da humanidade. - Jeon falava, enquanto a mulher agoniava no chão de grama. - Mas isso seria injusto com aqueles de boa índole. Aqueles que sentem realmente vontade de viver. Viver pelo bem, por algo maior.

– Aonde você quer chegar?! - Saiu quase como um urro, quando sangue jorrou de dentro da sua boca. A dor que sentiu em seu pulmão foi muito forte, quase como se eles estivessem sendo incendiados.

– A vida deve acabar, mas não para todos. - Fechou os olhos com lentidão, suspirando. - Apenas algumas pessoas se dispõem a honrar a vida, e querer fazer do mundo um lugar melhor. E apenas elas têm o direito de serem abençoadas com a graça da vida. - Olhou profundamente nos olhos úmidos da mulher, cobertos pela dor e sofrimento. - Você não é humana, mas nem por isso têm o direito de errar absurdamente desse jeito. Sua ganância e falta de amor ao próximo se resumem à quem você é.

– Eu peço que me perdoe, Majestade! - A ruiva transbordava lágrimas pelas orbes, desesperada na busca de um perdão que não viria facilmente.

– Você acha que é digna disso, Lilith?Você ousou desafiar o Diabo em seu próprio reino, ferir quem eu amo e tomar o meu poder. Eu não tolero esse tipo de comportamento, ainda mais vindo daqueles que não tem um pingo de empatia como você. - Bateu uma palma, dando o comando para que a dor da mulher cessasse por alguns segundos. - Um exemplo que temos na Terra, onde as pessoas são intolerantes à novos conceitos... - Pigarreou, e antes de voltar a falar, sentou-se na frente da mulher, que chorava pelo alívio em seus pulmões. - Não importa qual tipo de religião você segue, no que você acredita, todos temos que entender o que é respeito e tolerância. Mas ainda não é assim que funciona, pois ainda existem muitas pessoas que não entendem e tentam impor sua crença sobre outras pessoas com ideias diferentes das suas.

– Você está me dando um sermão, senhor? Me desculpe, eu sei que errei. Já entendi! - Soluçou em meio ao choro, apertando as mãos na grama. - E você está falando sobre religião comigo, isso é sério?! Eu sou um demônio, não preciso que me ensinem sobre céu e inferno.

Se pudesse dizer a verdade, Lilith diria que não estava nem um pouco arrependida de ter cometido tudo que fez antes. Ela era mesmo orgulhosa.

– Não, não estou falando sobre isso. Usei um exemplo, apenas. - Se levantou, com uma expressão pesarosa. - Você não pode submeter as pessoas à fazerem algo que elas não querem. Era essa a mensagem que eu queria passar. Cada um têm sua própria forma de pensar ou agir, só que você precisa entender seus limites. Se eu neguei a sua proposta, você deveria entender a recusa e ir embora. - Deu um estalo de dedos, e logo Lilith começou a sentir-se como se seus órgãos estivessem sendo derretidos. Não doía, mas a sensação estava se tornando cada vez mais agonizante. - Você cometeu tantos pecados, e o pior disso tudo é que eu sei que você não se arrepende. Faria tudo outra vez, não é? - A olhou, como se estivesse esperando uma confirmação. Ela não afirmaria, entretanto. - Eu não posso aceitar seu perdão se você não está disposta a mudar.

– Então me mate logo de uma vez! Eu não quero ficar sentindo essa agonia dentro do meu organismo. - O desconforto foi tão aparente, que a ruiva teve que se deitar no chão. Apertou a barriga com as duas mãos, e embora não conseguisse mover bem as pernas, as encolheu rente ao seu tronco.

– Você está morrendo aos poucos, flor. Eu só tenho mais um aviso para te dar... - Se agachou perto de Lilith, forçando-a a olhá-lo nos olhos. - Não perturbe meu povo depois da sua morte, ou eu amaldiçoarei até a sua alma. - Falou firme, o olhar perfurando os mirantes sem horizonte da mulher. Seu olhar já era vago, não havia mais esperança. Não deveria ter subestimado Satã, achar que ele iria deixá-la sair ilesa das atrocidades que cometeu. Grande erro... - Morra pela dor e pelo sofrimento que você causou nas outras pessoas, Lilith! - A estrangulou com suas mãos fortes, enquanto suas veias saltavam no braço pela força aplicada no golpe.

Belzebu Jjk+PjmOnde histórias criam vida. Descubra agora