Edward Wirming

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As pessoas costumam me chamar de Ed, quer dizer, os mais íntimos, os outros da empresa, me chamam de Sr. wirming, acho melhor assim.

Acredito que o respeito ao chefe, deve ser primordial para que uma empresa cresça e prospere. "Respeito" e não "medo".

Sempre que chego, cumprimento a todos. Desde a faxineira , passando pela recepcionista até a minha assistente, quer dizer, futura ex-assistente.

Irei promovê-la, e tem sido minha funcionária e leal amiga desde a infância.

Nos damos muito bem, mas surgiu uma vaga no setor de RH e não sei porque "cargas d'água", essa doida decidiu pedir transferência pra lá.

- Eu gosto de conversar com pessoas, Ed.

- Você conversa comigo e com os figurões nas reuniões o tempo todo, Fernanda.

- Você sabe que não é a mesma coisa. E além disso, esse povo é tudo metido, e eu tenho que segurar minha língua e pensar dez vezes antes de falar alguma coisa com eles.

- Vocês mulheres, amam complicar.

- Nós não complicamos nada, vocês é que são devagar para entender.

Acho que ela tem razão, pois até agora não entendo. mas como ela sempre vai ficar por aqui, dei a vaga pra ela.

E hoje vai ter a entrevista pra colocar outra moça no lugar dela, que está bem sobrecarregada. Na verdade, segundo ela, eu não sei escolher muito bem.

- Ed, pelo amor de Deus, acorda... a moça é muito bonita, mas só serve pra ser uma modelo e olhe lá. Ela mal fala inglês, e não entende nada do que se fala nas reuniões. Pedi pra ela traduzir pro inglês os documentos por causa dos empresários que estavam por vir, e ela fez via Google Translator. Tem ideia do que é isso? Tive que refazer tudo! As frases estavam sem sentido algum, e depois quando pedi pra ela apresentar o documento, ela mais gaguejou que o gaguinho do Pernalonga. Eu sei que ela tava nervosa, mas aquilo excedeu o limite.

Fernanda respirou fundo para dar continuidade.

- É o seguinte, hoje vamos ter outra seleção e eu vou supervisionar. Essa moça tem que ter o básico do inglês pelo menos. Eu sei que você gosta de dar chance para recém formados, mas o inglês praticamente é uma segunda língua numa multinacional.

- Você venceu, Fernanda. Vou mudar minha abordagem de entrevista, então não se preocupe.

- O que você vai aprontar, Ed?

- Nada. É só uma ideia que eu tive e que vai deixar as candidatas mais à vontade. Fica tranquila.

Confesso que não tenho ideia se vai dar certo, mas acho que vale a pena tentar. Agora, é só esperar.

Mas a primeira coisa que fizemos, foi examinar bem o currículo das candidatas.
E sim, "as", porque eu já tô cheio de ter "linguiça" em minha volta.

A culpa é do meu pai por ser antiquado ao extremo, e acha que o máximo que a mulher pode chegar é como assistente.

A ida da Fernanda para o setor de RH, causou uma guerra com ele.

E só não piorou, porque ele sabe que a Fernanda é competente e capaz. Agora aos poucos, quero que ele entenda que as mulheres são tão ou até mais responsáveis que os homens , embora deva admitir que essa nova assistente que eu tinha contratado, foi mesmo por "outros atributos".

Não sou de ferro, ela que começou, e eu terminei, claro. Mas ela já sabia que não era nada demais, só casual.

Ainda sou novo pra levar relacionamentos a sério.
Na verdade, só estou no país porque dos meus três irmãos, eu era o único que tem o português fluente, mas sou o do meio.

Tenho 30 anos, e estou muito bem do jeito que estou.

Quando eu quero , vou num barzinho de um amigo meu, conheço uma moça, passamos a noite, e cada um vai pro seu lado.

Na maioria, eu nem sei o nome dela. Mas como já disse, a vida já tá muito boa assim.

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