CAPÍTULO 07

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       Pierre

— Zanya pediu água, vim pegar para ela.

Ela parecia irritada, sua voz saiu áspera, aparentemente não queria conversar comigo.

Maya vestia uma camisola branca um pouco transparente, pude notar sua calcinha preta e seus mamilos marcados, estavam endurecidos e sua camisola era justa em seu corpo.

Ela era linda, Maya era o ser mais lindo que eu já vi em meus 90 anos, mas ela não saberia disso, pelo menos não tão cedo. Fiquei a observando durante um tempo, até escutar sua voz.
  
–Gosta do que vê?
 
–Para ser bem sincero, já vi melhores. - falei em tom sarcástico. E é óbvio que era mentira.
 
–Então por que continua olhando?
  
–Nem percebi tal atitude, mil desculpas, senhora.

  –Sarcasmos a essa hora, Pierre?
 
–Sei o quanto te incomoda isso.

  –Então faz por puro prazer de me irritar?
 
Sim, descobri que meu passatempo seria irritar Maya com meu sarcasmo e ironia enquanto ela estivesse aqui. Terei meu entretenimento.
   
–Sim, descobri que gosto de te tirar do sério, será meu passatempo.
   
–Vamos ver até onde, não me importo se é rei ou não, eu corto seus membros e enterro eles em partes diferentes do mundo. E ainda farei questão de guardar sua coroa como recompensa.
    
–Você jamais conseguiria me matar, eu sou muito mais esperto do que você. E mais vivido também – falei e logo sorri para Maya, que infelizmente não retribuiu.
    
–Você nunca sorri? Está sempre com essa cara séria de que a qualquer momento vai avançar em alguém.
  
  –Sorrio, na verdade eu gosto muito de sorrir, mas não para você.
  
   Confesso que aquilo me deixou um pouco triste, queria ver Maya sorrindo. Mas eu não teria essa honra tão cedo, e eu sabia que não estava fazendo por merecer.
    
–Já acabou? – perguntou Maya me tirando de meus pensamentos.
    
–Sim– não, eu queria conversar com ela por mais horas e horas.
    
–Ainda bem. Boa noite, Pierre.
  
–Boa noite, Maya.
  
Antes da mesma sair pela porta, não pude evitar de olhá-la novamente, eu queria ver seu corpo naquela camisola de novo, de novo e de novo.
    
–Pare de me olhar, seu desgraçado.
    
–Isso não é jeito de se falar com um rei.
   
–Pouco me importa, apenas pare. Já que não gostou, não tem motivos para olhar, eu imagino.
   
Sorri

–Essa com certeza é a melhor coisa que vi no dia, talvez na vida.
  
  –Tarado. Você é nojento e podre.
   
–Já entendi que gosta de me insultar.
  
  –Sim, será meu entretenimento. Boa noite.
 
  Maya saiu meio apressada da cozinha, eu fiquei lá rindo por alguns minutos e pensando no que acabara de acontecer.

Não vejo a hora de contar a ela que sou seu verdadeiro parceiro e não Darren.

Que o mesmo a enfeitiçou e não deixou que ela viesse para mim. Mas como eu contaria? Maya tinha certeza sobre seu amor por Darren e guardava um ódio gigante por mim.

Eu com certeza não vou desistir fácil, mas imagino que será difícil.
  
Preparo um café para mim, pois a noite será longa.

Tenho que preparar a ida das garotas até o outro reino, reino o qual tem confiança em mim e eu vou jogar ela fora. Mas valerá a pena, eu espero.

E agora também tenho que ver a festa que organizei, eu menti sobre ser aniversário de minha irmã? Sim, mas não foi por mal, eu precisava de uma desculpa para me aproximar de Maya, e aí estava.

O aniversário de minha irmã seria uma semana depois e eu faria algo para comemorar, mesmo que ela não esteja mais aqui para ver.

  Sinto tanto a falta dos meus irmãos que me sufoca, faz parecer que meus pulmões apenas param de funcionar. Meu corpo fica mole e tudo o que quero é chorar. Eles eram a alegria em minha vida. Claro, brigávamos o tempo todo, mas eles eram minha força maior.
 
  Vou para meu escritório rever os papéis que Cadman havia me mandado sobre o contrato de Hagmar.

Ele queria fazer um acordo. Me daria seu reino em troca das jóias em minha mesinha ao lado da escada, mas por que diabos Hagmar quer aquelas jóias?

Por um breve momento eu cogitei a ideia de trocar, o reino de Hagmar era enorme, cabia pelo menos meu reino inteiro e metade do de Cadman. Mas eu jamais daria aquelas jóias, algumas tinham valor sentimental para mim, outras era apenas para enfeites, mas não daria nenhuma.

Então apenas joguei os papéis fora e, se por acaso Hagmar viesse falar comigo, me faria desentendido. Talvez ele acreditasse, em meus 90 anos nunca vi um rei tão esquisito quanto ele. 
 
   Passei metade da noite preparando a ida das garotas, mas algo não saía da minha cabeça: Maya com aquela camisola.

Ela estava tão linda, eu queria tanto beijá-la – não só beijar, queria sentir seu corpo no meu, sentir o calor de sua pele, seu cheiro. Ouvir ela ofegante com certeza era a coisa que eu mais desejava. Ansiava sentir ela por inteira, tocar com minha língua todas as partes do seu corpo. Queria Maya gemendo meu nome em minha cama, sendo apenas minha.
   
Mas infelizmente ela me odiava, para ela, eu era o ser mais repugnante de toda terra.

Farei com que mude de ideia, já esperei por ela esse tempo todo, não me importo de esperar por mais e, se mesmo depois que souber da verdade ela não quiser nada comigo, vou aceitar e respeitar sua escolha.
   
Nem vi o momento em que cochilei, apenas acordei com o susto de alguém batendo na porta de meu escritório.
 
  –Entre – falei me ajeitando na cadeira.
   
–Desculpe lhe incomodar, senhor, mas acabou de chegar essas cartas. Como as luzes estavam acesas, imaginei que o senhor estivesse acordado.
   
–Obrigado, Vicente.
   
Vicente era o mordomo, ele servia a nossa família já fazia alguns anos.
  
   –Mas por que ainda está aqui? Achei que tinha lhe dado férias.
      
–Sim, senhor. Mas eu quis voltar, minha casa está um pouco… bom, o senhor sabe.
    
  –Sim, sim claro. É bom ter você aqui conosco, Vicente. Já pode ir descansar, não precisa ficar até amanhã.
      
–Obrigado, senhor.
   
Verifiquei as cartas, algumas eram de antigos reinos – os quais achei que nem existiam mais – outras de algumas amantes e apenas uma com o nome de Maya.

Pensei se era para Maya ou de Maya. Só abrindo para saber.
    
Não gostei do que vi, era uma carta de Darren, ele enviou uma carta para ela. Mas como? Ele havia morrido na guerra, eu vi quando Malik cravou a espada em seu peito. Isso era impossível.
     
Na carta dizia para que Maya encontrasse ele, que sabia sobre a ida das garotas ao reino e a cidade.

Isso era impossível, ou ele tem algum informante aqui dentro ou está nos vigiando de longe.

Se for um informante, como eu o pegaria? E se ele estiver nos observando de longe, como eu faria para que nos perdesse de sua vista?

Maya não pode ler essa carta, pois sei que iria embora atrás de Darren, atrás da pessoa que ela alegava amar.
   
   Fui até a cozinha e procurei por fósforos, eu queria queimar aquilo para que não houvesse o risco de Maya encontrar. Então assim o fiz.

Fiquei me perguntando como Darren descobriu isso, vou pedir para que os guardas fiquem alerta a todo tipo de movimento vindo de fora, mas se por algum acaso Darren aparecer, o deixarei entrar e procurar por Maya, pois sei que isso a deixaria feliz. Ter seu parceiro de volta, por mais que não fosse de verdade.

Coroa de Sangue: Uma Vingança | Livro 1 Onde histórias criam vida. Descubra agora