CAPÍTULO 33

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Pierre

Sentir os lábios quentes de Maya nos meus depois de tanto tempo me trouxe uma alegria incabível no peito. Embora não tenha durado tanto, já que minha parceira decidiu concluir o terceiro desafio hoje.

Ouvir ela falando que não queria esperar nem mais um minuto me fez gelar por dentro, Maya estava machucada, só os deuses sabem o que vai acontecer. Tentei me manter sob controle quando Darren me atirou aqui de novo.

Pelo menos não estou sozinho, Zanya e Mathew vivem procurando um jeito de sair, embora saibamos que é meio impossível, já que é cheio de guardas e as janelas também são fechadas por barras de ferro.

- Como você e Maya se conheceram? Também foi como Katherine? - perguntei a Zanya, que estava escorada no ombro de Mathew.

- Nos conhecemos há bastante tempo, nossa amizade só ficou mais forte três anos antes da guerra. Minha família e eu fomos chamados ao castelo por Yan, amigo e general de Maya e Darren, e sua parceira Annabel, eles sabiam da guerra e queriam juntar o maior número de soldados, escolheram meu pai e dois irmãos para guerrear - Zanya parou um instante e respirou profundamente, como se puxasse uma lembrança a muito tempo guardada. - Maya chamou minha mãe e eu para ficarmos aquele tempo no castelo, tive Maya como uma irmã mais velha, Hadria e Katherine também já moravam lá. Um dos meus irmãos, Demetrius, saiu do treino para beber uma noite, desde então nunca mais o vimos. Meu outro irmão, Tieran, tinha certeza que foram os soldados do rei quem o mataram, já que ele não era tão bom na espada. Tieran se meteu em uma briga, queria proteger a família de tantos homens armados. Mas óbvio que não deu certo, eles eram muitos, acabaram matando ele também. Meu pai não aguentou tanta calúnia, pegou suas coisas e foi embora pela noite. Minha mãe se viu sem chão, não fazia mais nada, nem sequer comia ou saia da cama. Ela adoeceu, ficou maluca.
"Um dia ela me pediu para a acompanhar em um "passeio pela ponte" já que era um lugar lindo e cheio de quadros de artistas da cidade. Fiquei feliz por ela finalmente querer viver por um dia. Mas não durou muito. Durante o passeio, me distraí olhando alguns quadros e fazendo magia com as pequenas plantas, foi então que tudo aconteceu muito rápido. Minha mãe me beijou na bochecha e sussurrou algo que não entendi, quando fui pedir para que repetisse, ela se jogou da ponte. Corri até o corpo dela, mas era lógico que daquela altura ela não estaria viva, ainda mais por ser a parte do chão que não havia grama alguma. Não sabia o que fazer a não ser por chorar e gritar. Uma poça de sangue se formou em volta dela, puxei para abraçá-la e o corpo já estava ficando frio. Alguns guardas me encontraram e me levaram até Maya. Fizemos um funeral adequado e desde então estou com Maya e as outras."

Nem em um bilhão de anos eu imaginaria algo assim acontecer com Zanya.

- Pelos deuses - disparou Mathew - que horror, como você lidou com tudo isso?

- Mathew, não seja insensível com a mulher - como ele conseguia?

- Não tem problema - murmurou Zanya, com meio sorriso - tive a ajuda de Maya e Katherine, depois a de Hadria. Claro, ainda me assombra ter visto minha mãe fazer tal coisa, me entristece ela não ter pensado em como eu me sentiria. Mas me deixa ainda pior saber que ela se sentia tão mal a ponto de querer tirar a vida. Não a culpo e nem culpo a mim, Maya sempre deixou claro que a culpa nunca foi minha. Não sei o que teria sido de mim sem Maya.

- Realmente, Maya nos faz acreditar que somos melhores do que achávamos que seria - Mathew disse, olhando para a ponta de sua bota.

Zanya e eu concordamos.

- Maya sempre foi assim? - perguntei.

- Calma, paciente, carinhosa, positiva e companheira? Sim, sempre. A não ser que ela não goste de você, aí ela prefere não ter que olhar para sua cara, caso contrário o corte na garganta é certo.

Coroa de Sangue: Uma Vingança | Livro 1 Onde histórias criam vida. Descubra agora