CAPÍTULO 18

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Não sabia exatamente o que estava acontecendo, Mathew pegou o mapa de minhas mãos, jogou uma gosma preta e começou a falar umas palavras estranhas. A mesma gosma começou a se mover, mostrando um caminho no mapa, imagino que seja onde as outras mulheres estejam. 

Segurei firmemente as mãos de Zanya quando a linha começou a se desfazer, voltando para onde estava no começo. Senti um grande nó se formar em minha garganta e pequenas pontadas no peito. 

– O que está acontecendo? – disse – por que está voltando?

– Alguém não quer que nós cheguemos até elas, colocaram proteção em volta do lugar – respondeu Mathew, como um sussurro quase inaudível – mas me lembro um pouco do caminho, vamos ver até aonde nos leva. 

Mathew então abriu uma porta – a qual não estava ali a segundos atrás – e tirou de lá algumas garrafas pequenas de água e uma mochila pequena. 

– Presumo que a noite vai ser longa – prosseguiu o homem – as damas não gostariam de descansar um pouco? 

Zanya e eu nos encaramos por alguns segundos, estávamos exaustas. 

– Alguns minutos – falei. 
– Desculpe, mas, você não teria algo para comer? 

Eu não sabia se queria mesmo comer algo de um bruxo da floresta, mas eu não tinha outra opção. Estava morrendo de fome e sabia que com Zanya não era diferente. Pelos caminhos da emoção e da razão, decidi ir pela emoção. E pelo meu estômago. 

O bruxo assentiu, e logo foi até armários e mais outra porta. 

Que lugar é esse? Aparecem portas por todos os lados, mas esse lugar parece tão minúsculo.

– Eu, como um bruxo, posso fazer o pequeno chalé parecer maior quando estamos dentro. Se saírem daqui, nem ao menos irão vê-lo. 

Mathew trouxe para nós bolinhos com açúcar em cima, pães recheados com chocolate e frutas diversas. Trouxe também xícaras de chá de camomila, chá verde e chá de hibisco. 

– Não quero que fique dentro da minha cabeça – falei irritada. 

– É inevitável – respondeu, com meio sorriso. 

– Entrou na minha também? – indagou Zanya.

– Sim, não precisa se preocupar, vamos achar suas amigas. Não, eu não tenho a intenção de matar vocês e também não pretendo prendê-las aqui – disse cerrando os olhos e sorrindo. 

– Se eu quisesse vocês mortas a cinco minutos – prosseguiu o bruxo – vocês estariam mortas há cinco minutos. Mas como eu falei, Maya, não vou fazer isso. 

– Já falei pra sair da minha cabeça – falei fixando meus olhos nos seus. Ele me encarava em silêncio, logo depois sorriu. 

– Comam logo, temos que ir atrás das outras garotas. Não vão querer ficar na floresta quando estiver tarde. As criaturas gostam de presas para correr atrás. 

– Não tenho medo de nada naquela floresta – respondi secamente, colocando alguns bolinhos no meu prato.

– Tenho certeza que não – falou sério – mas é sempre bom prevenir.

Ele ficou em silêncio e eu não prossegui o assunto. Eu não estava com medo, não podia sentir medo. Mas estava preocupada com as meninas, onde elas estavam? Vivas ou mortas? Tentei não pensar muito na segunda opção. Estava temendo até por Eleanor que, embora falasse inúmeras baboseiras, ainda estava com nós e ajudando nessa busca. 

 Parei de comer por tempo suficiente para dizer: 

– Obrigada. 

Ele assentiu, sentando-se em um sofá à nossa frente. 

Coroa de Sangue: Uma Vingança | Livro 1 Onde histórias criam vida. Descubra agora